É preciso “olhar para a frente e lutar” pelo turismo algarvio, diz presidente

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português disse nesta terça-feira, no Algarve, que é necessário “olhar para a frente e lutar” para o turismo na região superar as perdas causadas pela exclusão de Portugal do corredor aéreo com o Reino Unido.

“É evidente que tudo é importante, agora temos que olhar para a frente e temos que lutar, primeiro, por turismo que venha de outras origens interessantes e importantes, que podem vir e que vão definir posições nos próximos dias. E depois o próprio Governo britânico disse que iria reponderar ainda em julho, vamos ver o que se pode fazer em relação a essa matéria”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas em Monte Gordo, Vila Real de Santo António, antes de um jantar com os presidentes de câmara do Algarve, e representantes da Região de Turismo e associações empresariais do turismo.

“[É preciso] puxar pelo Algarve rápido, para irmos produzindo efeitos ainda este ano” no turismo, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, que quis ouvir os autarcas e representantes do turismo para tentar ajudar o Algarve a atravessar as dificuldades causadas pela pandemia de covid-19 e pela decisão do Reino Unido de obrigar os britânicos a fazer quarentena de 14 dias à chegada de Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa avançou também como medida possível para ajudar o turismo do Algarve a realização de “campanhas pelo turismo português” e anunciou o regresso à região.

“Já estive no outro dia em Albufeira agora, estou aqui em Monte Gordo, estarei agora ao longo das várias semanas, durante o verão, correndo o Algarve sempre que tiver um tempinho para vir cá e voltar”, declarou

A presença do chefe de Estado no Algarve, incluindo as férias, na segunda quinzena de agosto, permite também “puxar pelo turismo português e por mais turismo estrangeiro”, porque “é justo e não há razão nenhuma razão para o Algarve, por causa da covid-19, ser prejudicado”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Agora temos de olhar para o futuro e ver como podemos dar a volta ao texto. O Algarve merece, tem uma qualidade excecional, tem uma situação de saúde pública que é, até comparada com outras regiões e países, de qualidade, agora é preciso isso ficar claro no espírito dos portugueses, por um lado, e dos estrangeiros que têm de vir cá e temos de recuperar”, acrescentou.

O encontro foi uma Iniciativa do Presidente da República e reuniu os 15 dos 16 presidentes de câmara do distrito de Faro (Rosa Palma, presidente do município de Silves, atingido hoje por um incêndio, não esteve presente).

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Miguel Pina, disse que o jantar com o chefe de Estado pretende sensibilizar as autoridades para “o reforço da capacidade e intensidade diplomática com a questão inglesa”, mas “também com a Irlanda, que anunciou que até dia 09 irá apresentar uma lista e é preciso que nessa lista o Algarve seja considerado destino seguro”.

Para António Manuel Pina, é também preciso “intensificar aquilo que são as verbas para fazer mais promoção do destino e tentar compensar os turistas que se perdem do Reino Unido com outros de outras partes da Europa”, como Alemanha, França ou Bélgica, exemplificou.

Portugal foi excluído dos corredores de viagens internacionais com destinos turísticos para os quais o Governo britânico autoriza que os cidadãos britânicos possam deslocar-se sem terem de cumprir um período de 14 dias de quarentena no regresso ao país.

Portugal não consta da lista de 59 países e territórios publicada no dia 03 julho, que inclui Espanha, Alemanha, Grécia, Itália, Macau ou Jamaica.

Apoios

O ministro da Economia disse que o Governo prepara um programa específico de apoio à região do Algarve.

“É necessário dirigir uma atenção muito especial à região do Algarve, que é extremamente dependente da atividade turística”, defendeu o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, perante os deputados da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República.

De acordo com o ministro da Economia, este programa tem de ser “muito mais decidido no sentido de ajudar as empresas a sobreviver”, deve dinamizar a procura interna e externa e ajudar a que o setor do turismo na região do Algarve sobreviva até ao próximo verão.

Outra das componentes do programa específico para o Algarve, disse, tem de ser também a de “mitigar o impacto muito negativo” nos rendimentos das pessoas da região.

“O turismo em toda a União Europeia é uma atividade muito relevante. A União Europeia estimava há um mês e meio que a atividade turística na União tivesse uma redução de 60%. Aquilo que estamos a viver na região do Algarve ou da Madeira, não é um problema especificamente português”, sublinhou.

“A União Europeia reconhece que as regiões fortemente turísticas precisam de um apoio específico. Até podem ter sido poupadas à pandemia, mas serão devastadas do ponto de vista econômico”, acrescentou.

O ministro da Economia não adiantou uma data para a apresentação do programa, mas referiu que será em breve.

Portugal contabiliza pelo menos 1.620 mortos associados à covid-19 em 44.129 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, a Comissão Europeia prevê que a economia recue 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, uma contração acima da anterior projeção de 6,8% e da estimada pelo Governo português, de 6,9%.

 As regiões onde o turismo tem mais peso enfrentam maior risco de destruição de emprego, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) estimando que, no Algarve, podem ser perdidos mais de 40% dos empregos.

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