Cidade do Porto comemora ano do Brasil na música

Da Redação Com Lusa

Foto Câmara Municipal do Porto/Divulgação

A Casa da Música (CdM), no Porto, norte de Portugal, iniciou em 18 de janeiro sua programação dedicada ao Brasil, tema de 2009, com a apresentação do trio de Jaques Morelenbaum e de Bill Frisell com Vinicius Cantuária, disse à Agência Lusa uma fonte da instituição.

Jaques Morelenbaum, um dos músicos brasileiros mais conhecidos no exterior, explora, com o seu trio, clássicos bem conhecidos da MPB, dando-lhes um sabor misto de samba e jazz em improvisações inspiradas.

Na segunda parte do show, o jazz entra em jogo no reencontro entre dois músicos conhecidos pela sua versatilidade criativa, o guitarrista norte-americano Bill Frisell, cuja produção mostra uma atenção constante às linguagens da chamada world music, e Vinicius Cantuária, um compositor incontornável da MPB.

O espetáculo Contos do Brasil, dirigida por Peter Rundel, é composto por episódios seguintes ao Ano Brasil, cujo programa apresenta música de diversos locais do país, danças e músicas tradicionais de diferentes lugares e, em alguns casos, histórias encantadoras.

Para que os espectadores os descubram em detalhe, o show conta com a presença de um narrador e as habituais ilustrações musicais da Orquestra Nacional do Porto (ONP). No primeiro destes concertos estavam previstas obras de Heitor Villa-Lobos ("Uirapiru"), duas obras de Darius Milhaud e uma de Bernd Alois Zimmermann.

Em 21 de fevereiro, para o show de Carnaval, vai estar na Casa da Música o grupo Bengalafumenga, termo empregado por Gilberto Freyre em alguns dos seus escritos que, por dedução, se entende ter o significado de "reles", ou "pouco significante" e que acabou por ser conferido às casas do Rio de Janeiro onde se organizavam festas musicais com samba e batuque.

Para este espetáculo na CdM, os Bengalafumenga (grupo com 15 integrantes) trazem consigo a cantora Elza Soares, que com cinco décadas de carreira, é considerada uma das musas do samba.

No dia seguinte, a Orquestra Nacional do Porto também faz a sua celebração do Carnaval com músicas cariocas, danças extrovertidas e de bom humor, homenageando igualmente Villa-Lobos no cinqüentenário da sua morte.

O compositor mais conceituado do Brasil nasceu no Rio de Janeiro e tem nas Bachianas Brasileiras um dos maiores tributos jamais feitos à obra de Bach.

O virtuoso do trompete Hakan Hardenberger interpreta a Bachiana nº 9, numa transcrição que realizou para o concerto de gala da Copa do Mundo de 2006.

Já no dia 26, é a vez de atuar Cyro Baptista, percussionista brasileiro que é, desde a década de 80, uma das grandes referências mundiais da percussão no jazz e na world music.

Trabalhou desde então com inúmeros músicos, entre os quais Herbie Hancock, Sting, Milton Nascimento ou Paul Simon.

Vem ao Porto com o saxofonista nova-iorquino John Zorn, com quem tem desenvolvido uma colaboração regular.

Os dois músicos são acompanhados em palco pelo duo Ttukunak das percussionistas bascas Maika e Sara Gómez, especialistas na txalaparta (instrumento tradicional de percussão basco).

O passo seguinte do evento está integrado aos Concertos para Violoncelo da CdM e é dado pelo violoncelista brasileiro António Meneses, vencedor do Concurso Internacional Tchaikovski de Moscou aos 24 anos e cujo nome ficou consagrado internacionalmente pela gravação do Duplo Concerto de Brahms na companhia de Anne-Sophie Mutter, sob a direção de Karajan.

Membro do já extinto Trio Beaux Arts, Meneses foi responsável pela recuperação de importantes obras do repertório brasileiro, como os dois concertos para violoncelo de Villa-Lobos e a Fantasia que interpreta neste concerto.

Inserido no Festival Suggia, o programa do concerto, em que a ONP será dirigida por Klaus Weise, tem início com Saint-Saëns, numa das obras que melhor explora a longa tessitura do violoncelo, assim como a sua fusão com as sonoridades da orquestra.

No dia seguinte, o Quarteto Sabiá, formado por solistas da ONP conhecidos não só pela sua qualidade artística e musical como pela sua enorme versatilidade interpretativa, oferece um concerto com obras de amplo espectro estilístico.

O programa abrange desde obras de Eduard Grieg, até interpretações de temas e canções de Astor Piazzola, Tom Jobim, Ivan Lins, Kurt Weill, Carlos Gardel e outros compositores que fazem parte do patrimônio da música do século 20.

O primeiro trimestre do Ano Brasil termina com o pianista João Donato, num encontro com figuras notáveis da música brasileira.

João Donato, que foi, nos anos 50, um dos mais importantes inspiradores do surgimento da bossa nova, deixou-se seduzir na década seguinte pelo jazz e pela música afro-cubana, impondo-se posteriormente como um autor incontornável da MPB.

Para a apresentação, Donato convida dois cantores célebres do Brasil, Joyce e Emílio Santiago, e um trio de instrumentistas onde sobressai o guitarrista Ricardo Silveira, um músico que há 25 anos colabora com Donato na internacionalização da música instrumental brasileira. Na bateria estará Robertinho Silva, enquanto Luiz Alves fica no baixo.

O país e tema da CdM é uma tradição que está no terceiro ano e na qual a programação da instituição dá atenção especial à música de um determinado país, escolhido anualmente. O Brasil foi antecedido pelos Países Nórdicos (2008) e Espanha (2007).

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