Ucrânia diz não subestimar ameaças russas a Portugal e agradece apoio ao país

Da Redação com Lusa

 

O governo ucraniano disse não subestimar as ameaças da Rússia a Portugal e outros Estados-membros da União Europeia (UE) pelo envio para a Ucrânia de material de uso militar como os helicópteros Kamov, agradecendo tal apoio português.

“Não quero sobrestimar, mas também não posso subestimar, de qualquer forma, as ameaças da Rússia. São sempre sérias e, se eles ameaçam, eles fazem algo”, disse uma fonte ucraniana, quando questionada pela Lusa em Kiev sobre as declarações da diplomacia russa.

A reação surge no dia 20, em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa afirmou que haverá medidas de retaliação contra Portugal e outros países da UE pelo envio para a Ucrânia de material de uso militar como os helicópteros Kamov.

“O que é que eles podem fazer contra os portugueses? Não sou perito nisso, mas talvez em termos econômicos, não sei”, acrescentou a mesma fonte ucraniana à Lusa.

Ainda assim, os membros do governo da Ucrânia ouvidos pela Lusa na capital ucraniana disseram “valorizar muito” as relações entre Kiev e Lisboa, falando nas “comunicações frutíferas” entre os dois países desde o início da guerra causada pela invasão russa em fevereiro de 2024.

Esta manhã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou a Kiev para garantir apoio europeu ao país na defesa contra a Rússia, quando se preparam para a estação fria, visita acompanhada pela Lusa no local.

A deslocação – a oitava desde o início da guerra – contou com um encontro de Ursula von der Leyen com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no dia em que a instituição revelou uma proposta para novo empréstimo de até 35 mil milhões de euros como a parte europeia do crédito do G7 (de um total de 45 mil milhões de euros) à Ucrânia.

Também sexta-feira, a representante oficial da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse que Moscou vê “a entrega de [helicópteros] Kamov à Ucrânia como uma medida hostil em relação ao nosso país, medida que faz parte da caminhada dócil e inconsciente de Portugal e de outros países da União Europeia pela trajetória desenhada por Washington”.

“Nós lembramo-nos dessas ações aquando da definição das relações bilaterais. Como toda a gente sabe, temos boa memória, apesar de não sermos vingativos”, adiantou Maria Zakharova, quando questionada pela Lusa sobre o envio para a Ucrânia de seis helicópteros médios Kamov Ka-32A11B portugueses para apoiar Kiev na luta contra a invasão russa.

Antes, há uma semana, a Rússia condenou a entrega de seis helicópteros russos de combate a incêndios à Ucrânia pelo Governo português, concluída no início do mês.

Nas últimas semanas, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

 

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