Tem havido “uma sintonia muito grande” entre Presidente, Governo e oposição

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (C), almoça num restaurante em Lisboa com o chefe da Casa Civil, Fernando Frutoso de Melo (E), 20 de maio de 2020. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Nesta quarta-feira, o presidente de Portugal elogiou o líder do PSD, Rui Rio, “por saber colocar o interesse nacional acima do interesse partidário” e considerou que tem havido “uma sintonia muito grande” entre Presidente, Governo e oposição.

Marcelo Rebelo de Sousa falava à porta do restaurante “A Valenciana”, em Lisboa, onde almoçou com o chefe da sua Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, num sinal de apoio ao setor da restauração. Esta semana também o primeiro-ministro esteve num café em Lisboa nesta fase do plano aprovado pelo governo.

“Eu tenho acompanhado par e passo o que o Governo faz. Tem havido aqui uma sintonia muito grande entre Presidente da República, primeiro-ministro, Governo, líder da oposição – há que lhe dar uma palavra também, de agradecimento e de elogio, por saber colocar o interesse nacional acima do interesse partidário – e outros líderes de outros partidos da oposição também”, afirmou.

Questionado sobre uma eventual descida do IVA da restauração de 13% para 6%, respondeu que “o Governo vai ver até onde pode ir – e o senhor primeiro-ministro não se quis comprometer, não é o Presidente da República que se vai comprometer – para criar incentivos à restauração”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, também nesta matéria Presidente da República, Governo e oposição têm estado “muito, muito sintonizados”.

O chefe de Estado referiu que na restauração “o arranque está a ser desigual”, em função do tipo de espaços, e acrescentou: “Isso certamente o Governo vai tomar em linha de conta quer em matéria de medidas de incentivo, quer em matéria de revisão das regras”.

No seu entender, faz sentido o primeiro-ministro, António Costa, remeter essa revisão das regras para o final deste mês: “Porque é na altura em que nós sabemos das consequências do passo dado agora nestes dias, para não dar um passo mais ambicioso do que a perna”.

Em Ovar

O Presidente ainda disse que vai visitar na sexta-feira com o primeiro-ministro uma fábrica e um hospital de campanha em Ovar, onde tinham combinado ir “logo que possível”.

Marcelo Rebelo de Sousa falou à agência Lusa durante um passeio de elétrico entre Campolide e o Largo de Camões, em Lisboa, que decidiu fazer após o almoço.

Segundo o chefe de Estado, o município de Ovar, no distrito de Aveiro, onde foi declarada a situação de calamidade e fixada uma cerca sanitária durante cerca de um mês para conter a transmissão da covid-19, constitui “um símbolo de uma resistência difícil de uma parte de Portugal continental” no atual quadro de pandemia.

“Combinei com o senhor primeiro-ministro – naturalmente, com o convite do senhor presidente da Câmara de Ovar – visitarmos Ovar logo que possível”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: “E lá vamos, visitar uma fábrica, visitar um hospital de campanha, comer o pão de ló de Ovar, conviver com os ovarinos”.

Sobre o almoço que, antes da chegada do primeiro-ministro, terá com o presidente do PSD, Rui Rio, também em Ovar, Marcelo Rebelo de Sousa contou que a ideia partiu do presidente da Câmara e dirigente social-democrata, Salvador Malheiro.

“Foi o presidente da Câmara quem tomou a iniciativa, que eu também achei muito boa, de associar ao almoço – uma vez que o senhor primeiro-ministro está com um compromisso em Coimbra – o líder da oposição. Isto é uma tarefa conjunta, comum, e portanto, faz sentido”, considerou.

Marcelo rebelo de Sousa escolheu “A Valenciana” para a sua primeira refeição num restaurante depois da reabertura do setor por ser um lugar que costumava frequentar “em reuniões políticas ou com colegas da faculdade”.

Na saída, o Presidente da República viu o elétrico 24 parado e decidiu entrar seguindo o lema “viver cada dia como se fosse o último”, que no seu entender se aplica ainda mais no atual quadro de incerteza.

Durante o trajeto, de máscara, com mais alguns passageiros sentados em bancos alternados, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que às vezes quando era novo “andava à pendura para não pagar” e observou que os portugueses parecem estar a adiar o regresso à utilização dos transportes públicos.

Até agora, na sua perspectiva, os dados indicam que os “primeiros dias de desconfinamento”, no início de maio, não tiveram “resultados negativos ou preocupantes”.

“Por aquilo que tenho visto, e hoje andei a pé um pouco aqui em Lisboa, os portugueses continuam a aderir a uma progressiva normalização tanto quanto possível da sua atividade, mas com muito cuidado. É isso mesmo que queremos. Isso é o que queremos”, congratulou-se.

O Presidente da República espera pelo “fim da próxima semana” para averiguar “o resultado deste segundo passo”, com a reabertura de restauração, comércio e escolas e o correspondente “aumento de convivência”.

Em Portugal, morreram 1.263 pessoas num total de 29.660 confirmadas como infectadas, de acordo com o relatório da Direção-Geral da Saúde.

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