Presidente enaltece percurso de Guterres, o governante “mais consensualmente amado”

O Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, aplaudido pelo presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa e a presidente da Fundação Champalimaud Leonor Beleza na Universidade de Lisboa, 19 Fevereiro. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou o reconhecimento do país ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que disse ter sido o “governante mais consensualmente amado desde sempre em democracia”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a atribuição do grau de doutor “honoris causa”, pela Universidade Clássica de Lisboa, proposto pelo Instituto Superior Técnico [onde foi aluno], a António Guterres foi uma “justíssima homenagem” a um “português e um homem universal”.

Na cerimônia, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu o percurso estudantil, profissional e acadêmico do ex-primeiro-ministro, considerando que é “a personalidade de longe mais qualificada” da sua geração, um “universitário maduro”, líder “inventivo e empenhado de movimentos cívicos e plataformas de entendimento”.

António Guterres foi o “governante nacional porventura mais consensualmente amado desde sempre em democracia, para além das paixões de uns e das mal querenças de outros que rodearam tantos dos demais”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, expressando o “reconhecimento em nome de todos os portugueses”.

Um português que teve a “ambição de ir mais longe, na educação, formação e inovação científica e tecnológica, no crescimento económico, na justiça social, no desenvolvimento humano”, disse.

E, acrescentou, que quis “ver Portugal como expressão viva de pessoas irrepetíveis” e “não apenas dados estatísticos de uma fria visão das sociedades”.

“Ter podido a tudo isto assistir por vezes muito de perto foi um privilégio pessoal e institucional”, disse, sublinhando que Guterres foi “um “herdeiro da História e fazedor de História”.

O ex-presidente da República Jorge Sampaio, o primeiro-ministro, António Costa, o ex-ministro Jaime Gama, o atual presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal vários membros do Governo, deputados, entre outras personalidades, assistiram ao doutoramento “honoris causa” de António Guterres.

O anúncio da atribuição do título honorífico ao ex-primeiro-ministro português foi feito em janeiro último pelo Instituto Superior Técnico (IST), onde o aluno António Guterres “teve um percurso acadêmico excepcional” e se licenciou em engenharia eletrotécnica em 1971.

Guterres foi deputado durante 17 anos, tendo-se estreado na Assembleia da República em 1976, e foi primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002.

Mais tarde, em 2003, depois de ter deixado o cargo de primeiro-ministro, foi professor convidado do IST, antes de assumir funções durante dez anos, entre 2005 e 2015, como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

Desde 01 de janeiro de 2017 que Guterres é secretário-geral das Nações Unidas.

Alterações Climáticas

Em seu pronunciamento, Guterres alertou que o mundo “corre o risco de perder a corrida” face à aceleração das alterações climáticas e vincou a “falta de ambição suficiente” para concretizar as metas internacionais.

“As alterações climáticas são a maior ameaça coletiva e do planeta e continuam a andar mais depressa do que nós próprios”, disse António Guterres, no discurso de aceitação do título de Doutor Honoris Causa.

António Guterres advertiu que a humanidade corre “o risco de perder esta corrida” e frisou a necessidade de um compromisso coletivo e “de uma ambição acrescida” para a concretização dos acordos internacionais no domínio das alterações climáticas.

Lembrando que alguns decisores internacionais ainda não acreditam nos efeitos das alterações climáticas, Guterres salientou que ainda existe “falta ambição suficiente para aplicar os Acordos de Paris e para assumir que estes compromissos não são suficientes”.

O secretário-geral da ONU lembrou algumas consequências do aquecimento global, mencionando, entre outros, o cenário de seca vivido em Portugal, e acentuou que há que “fazer tudo para inverter esta aceleração”.

António Guterres também afirmou em Lisboa ser “um grande defensor da liderança africana” para resolver os problemas que afetam o continente, nomeadamente a crise política que afeta a Guiné-Bissau desde o verão de 2015.

 

 

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