Presidente desaconselha “brincar com o fogo” e pede prudência nas decisões monetárias da UE

Mundo Lusíada com Lusa

O Presidente português desaconselhou “brincar com o fogo”, pedindo para se evitar “precipitações em decisões monetárias” na União Europeia (UE) e para não se “acirrar mercados e alimentar riscos de estagflação”.

Na sessão de abertura de uma conferência da Ordem dos Economistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a prioridade agora é “abreviar a guerra” na Ucrânia, “e evitando sempre o que pode enfraquecer economicamente aqueles, como a UE, que têm de manter o seu vigor até ao fim desta guerra e depois dela”.

“Ou seja, como muito bem disse o senhor governador do Banco de Portugal: evitando precipitações em decisões monetárias neste ano de 2022, que, somadas aos sinais já existentes, agravariam o risco de alguma estagnação”, prosseguiu o chefe de Estado, que discursou depois de Mário Centeno.

Recordando a “estagflação dos anos 70”, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Para que haja mesmo crescimento sustentado no médio, longo prazo e, antes disso, vigor para esta guerra, talvez seja sensato começar por não acirrar mercados e alimentar riscos de estagflação”.

O Presidente da República referiu que “assim o disse, e muito bem, o senhor governador do Banco de Portugal”, Mário Centeno, e também, na quinta-feira, “na forma compromissória possível, o Banco Central Europeu (BCE)”.

“Brincar com o fogo nunca foi muito inteligente, na economia como na política, em particular em tempos de guerra”, advertiu.

Visita a Polônia

O Presidente português falou hoje com o seu homólogo polaco, Andrzej Duda, a quem exprimiu solidariedade realçando a ajuda polaca a refugiados vindos da Ucrânia, e aceitou o seu convite para visitar a Polônia neste ano.

Segundo nota hoje divulgada, durante esta conversa entre chefes de Estado Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a União Europeia precisa de estar unida para “manter a Rússia à mesa das negociações, tendo em vista assegurar um rápido cessar-fogo e contribuir para reconstruir a paz”.

“O Presidente Duda convidou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a visitar a Polônia, nesta ocasião em que se comemora também o 100.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países em 1922, convite que foi aceite”, lê-se na nota da Presidência da República.

Perante Andrzej Duda, Marcelo Rebelo de Sousa “repetiu a disponibilidade portuguesa em receber refugiados que se queiram instalar em Portugal, bem como em continuar a apoiar aquele martirizado país europeu”.

No quadro europeu, Marcelo Rebelo de Sousa “sublinhou que a solidariedade e unidade dos Estados-membros da União Europeia neste momento difícil é essencial para manter a Rússia à mesa das negociações, tendo em vista assegurar um rápido cessar-fogo e contribuir para reconstruir a paz, no espírito comum europeu, demonstrando o papel e a razão de ser da União Europeia”.

Portugal concedeu até hoje mais de 5.700 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra, revelou à Lusa o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Segundo a última atualização, o SEF aceitou desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, até às 13:00 de hoje 5.775 pedidos de proteção temporária.

O Governo português concede proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra.

Aos requerentes de proteção temporária é atribuída, de forma automática, autorização de residência por um ano, que pode ser prorrogada duas vezes por um período de seis meses.

Estes pedidos podem ser apresentados nos centros nacionais de Apoio à Integração de Migrantes e nas delegações regionais do SEF.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras disponibiliza em todo o país 24 balcões de atendimento dedicados exclusivamente a cidadãos ucranianos. E no Aeroporto de Lisboa uma estrutura registra pedidos de proteção temporária para os cidadãos ucranianos que cheguem a Portugal por via aérea.

A Federação Russa lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com invasão por tropas terrestres e bombardeamentos, que segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) já causou mais de 500 mortos e provocou a fuga de 2,3 milhões de pessoas para fora do país.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender e durará o tempo necessário.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou em 02 de março uma resolução que condena a agressão russa contra a Ucrânia e apela a um cessar-fogo efetivo e imediato, com 141 votos a favor, 5 votos contra e 35 abstenções.

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