Presidente de Portugal quer “todos os portugueses” defendendo o país no estrangeiro

Mundo Lusíada
Com Lusa

38º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA

 

Em seu discurso comemorativo ao 25 de Abril, o Presidente de Portugal exortou “todos os portugueses” a corrigir a falta de informação e a desinformação que diz existir no estrangeiro sobre Portugal, sublinhando que isso contribuirá para o crescimento da economia e a criação de emprego.

“Todos os portugueses e não apenas os agentes políticos têm o dever de mostrar ao mundo o valor do seu país. Neste 25 de Abril, a minha intervenção tem um objetivo preciso e uma razão prática: exortar os nossos concidadãos a corrigir a falta de informação ou até a desinformação que subsiste no estrangeiro sobre o país que somos”, apelou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na sessão solene na Assembleia da República em Lisboa.

Segundo ele, se essa tarefa for feita com sucesso, os portugueses estarão contribuindo para melhorar as condições da economia e da criação de emprego.

 

Diálogo entre Governo, oposição e parceiros

Cavaco Silva também defendeu como “essencial” assegurar a coesão nacional, que exige um esforço permanente de diálogo e concertação entre o Governo, oposição e parceiros sociais, agora que “a verdade dos tempos difíceis é reconhecida por todos”.

“É nestas alturas que temos de nos manter unidos. Exige-se, por isso, um esforço permanente de diálogo e concertação entre o Governo, os partidos da oposição e os parceiros sociais. Este tem sido, aliás, um dos nossos principais ativos”, afirmou o chefe de Estado.

Sublinhando que numa democracia como a portuguesa “há sempre espaço para o pluralismo e para a diversidade de opinião, Cavaco Silva deixou um alerta: “Não é combatendo-nos uns aos outros que iremos combater a crise”.

 

Crítica

Após a cerimônia, Cavaco Silva foi questionado pelos jornalistas sobre as acusações da esquerda parlamentar de que no seu discurso de comemoração do 25 de Abril esqueceu a crise que afeta o país. Mas o presidente considerou que isso ou “é um mal-entendido ou um não saber aquilo que pode contribuir para a criação de emprego em Portugal”.

Segundo ele, “não poderia expressar de forma mais clara” a sua “grande preocupação pela situação do país” ao destacar o que atualmente “pode criar mais emprego”: exportações, turismo e investimento estrangeiro.

“A prova de que não me esqueci é que coloquei todo o acento tónico naquilo que nas presentes circunstâncias pode criar mais emprego, que é promovendo as exportações de bens e serviços, promovendo o turismo e atraindo investimento estrangeiro. Só por esta forma, nas presentes circunstâncias, nós criaremos mais emprego”, advogou.

No Pátio dos Bichos, no Palácio de Belém, Aníbal Cavaco Silva deixou ainda um apelo à comunicação social: “Há uma coisa que é clara em todos os estudos, o sucesso de um país depende também e muito da imagem desse país no estrangeiro, eu espero que também a comunicação social ajude a melhorar a imagem de Portugal no estrangeiro”.

O Presidente português salientou que o discurso que proferiu foi ouvido pelos “embaixadores de outros países estavam na Assembleia da República”, que tinham a ajudá-los “a tradução simultânea”. “Portanto, eles souberam muito bem aquilo que eu disse, ao mesmo tempo estava a ser transmitido para o exterior, para as comunidades portuguesas. Se nós nos mobilizarmos hoje para melhorar a imagem de Portugal no estrangeiro teremos mais produção, mais criação de riqueza e mais oportunidades de emprego”, concluiu.

 

Ausências

A Associação 25 de Abril anunciou que não iria participar nos “atos oficiais nacionais evocativos” desta data histórica por considerar que “o poder político que atualmente governa Portugal configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores”.

Em solidariedade com a decisão da Associação 25 de Abril, que tem como membros alguns dos “militares de Abril”, o antigo Presidente da República Mário Soares e o ex-candidato presidencial Manuel Alegre anunciaram que também não iriam participar nas comemorações oficiais do 38.º aniversário da “Revolução dos Cravos” na Assembleia da República.

Diante disso, o primeiro-ministro afirmou que está “habituado a que algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais”. “Estou habituado a que ao longo dos anos algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais. Esta data especial não pertence ao Governo, pertence ao povo e ao país. Cada um assume as suas responsabilidades”, afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas.

Passos Coelho considerou que “o 25 de Abril é uma data suficientemente importante para Portugal para que não seja utilizada para outros fins que não os de comemorar e de celebrar a liberdade em Portugal”.

Mesmo com uma fraca chuva, a manifestação reuniu muitos adeptos nas ruas de Lisboa. Bandeiras do MFA e palavras de ordem como “o povo unido jamais será vencido” marcam mais uma vez os festejos, num ano em que o cravo vermelho custa um euro na Praça dos Restauradores.

 

Veja mais em: Galeria 25 de Abril em Lisboa

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