Presidente de Portugal: “Este vai ser o maior desafio dos últimos 45 anos”

Presidente realçou que está limitada a circulação de pessoas e pediu aos emigrantes portugueses que “repensem, adiando os seus planos” de ida a Portugal.

Mundo Lusíada

O Presidente português decretou nesta quinta-feira a renovação do estado de emergência em Portugal, por novo período de 15 dias, até 17 de abril, para permitir medidas de contenção da covid-19.

Em comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, o Presidente considerou que Portugal ganhou “a primeira batalha” contra a covid-19 e entrou agora numa segunda fase na qual advertiu que abril é um mês crucial em que não se pode facilitar.

“Só ganharemos abril se não facilitarmos, se não condescendermos, se não baixarmos a guarda. Outras experiências mostraram que situações do grupo de risco e visitas à terra e à família custaram explosões entre os 30 e os 50 dias de epidemia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

No início desta declaração, o chefe de Estado anunciou que a renovação do estado de emergência abrange o período da Páscoa, deixando um pedido aos portugueses. “Nesta Páscoa não troquemos uns anos na vida e na saúde de todos por uns dias de férias ou reencontro familiar alargado de alguns”, apelou.

Ainda relativamente ao período da Páscoa, o Presidente realçou que está limitada a circulação de pessoas e pediu também aos emigrantes portugueses que “entendam as restrições severas” adotadas “e repensem, adiando os seus planos” de ida a Portugal.

Citando uma causa nacional, com todos os órgãos de soberania unidos, assim como os portugueses “nas suas casas, no trabalho, na coragem serena a enfrentar a pandemia” citou esse que será “o nosso maior desafio dos últimos 45 anos. Porque nos ultrapassa na sua origem e no seu fim. É universal e o adversário é insidioso e imprevisível”.

Marcelo Rebelo lembrou que não atinge somente “vida e saúde, sem paralelo na nossa história democrática”, mas terão efeitos econômicos e sociais “mais profundos e mais duradouros do que as crises mais longas que já vivemos. Porque agrava brutalmente a pobreza dos mais pobres, as desigualdades dos mais desiguais, as exclusões dos mais excluídos”.

O presidente ainda fez agradecimentos a várias áreas, os profissionais da saúde que “continuam a fazer milagres”, Forças Armadas e de Segurança, Bombeiros e Proteção Civil, IPSS e Misericórdias e voluntários, empresas, cientistas, professores, agricultores, caminhoneiros, hoteleiros que “alojam desalojados de lares ou médicos e enfermeiros isolados das famílias”, além de autarcas pelo país.

“Todos entendem que o caminho é muito longo e muito exigente. Começa no combate da vida e da saúde, sem o qual o combate da economia e da sociedade não pode ser travado com sucesso. Mas a vida e a saúde exigem que a economia e a sociedade não parem”.

Assim, trouxe quatro fases desse combate, citando que o país venceu a primeira delas. “Para já ganhamos a primeira batalha, a da primeira fase, adiamos o pico e moderamos a progressão do vírus”. A primeira fase nas últimas semanas evitou o crescimento do número de contaminados atingisse níveis elevados e o recurso generalizado ao internamento de milhares de doentes, entre o final de março e o início de abril, provocasse a ruptura do sistema de saúde.

“A segunda, em que entramos, será a das próximas semanas, neste mês crucial de abril, tentando manter a desaceleração do surto, consolidando a contenção, tratando a maioria esmagadora dos infetados em casa, e gerindo a subida de doentes carecidos de internamento e, sobretudo, de cuidados intensivos. A terceira será a vivida nas semanas seguintes, mais cedo ou mais tarde consoante o sucesso da segunda, invertendo definitivamente a tendência do crescimento de casos, mas ainda enfrentando números exigentes em internamento grave e crítico. E abrindo para a descompressão possível na sociedade portuguesa”.

E a quarta fase seria de controle do surto, e de progressiva estabilização da “vida coletiva”.

Dados mostram que o número de infectados certificados subia a mais de 30% e até a mais de 40% por dia, mas em Portugal foi possível baixar para valores de crescimento de 15% a 20% e, nos últimos dias, inferiores a 15%, como nesses primeiros dias de abril.

“Ganhamos tempo, com as medidas restritivas e, sobretudo, com a notável adesão voluntária dos portugueses. Ganhamos tempo para o traçado das primeiras e mais urgentes medidas econômicas e sociais. “Agora, temos de ganhar a segunda fase – não podemos desbaratar a contenção da primeira, temos de consolidar a moderação do surto com números que vão subir ainda, e muito, em valores absolutos, mas que irão, esperamos, descer em percentagem de crescimento e ao mesmo tempo a pôr de pé, no terreno, os apoios sociais e econômicos mais urgentes de entre os urgentes”.

Para tal citou objetivos para os próximos 15 dias. Proteger os grupos de maior risco, prevenir situações críticas de saúde pública nos estabelecimentos prisionais, com indulto em casos concretos, manter a quarentena durante o período de Páscoa, e definir os cenários para o ano letivo.

“Vai custar a ver os números de infetados atingir as duas ou três dezenas de milhares até ao dia 17? Vai. Mas o que importa é sabermos que o número de testes está a aumentar – e bem – e que isso significa detetar mais infetados, que a maioria deles não é grave, e, sobretudo, que o que vai fazer a diferença é a percentagem de crescimento diário” disse o presidente, defendendo que importa “é sabermos que essa mudança pode valer muitas dezenas de milhares de vidas salvas”.

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