Presidente da Infraero ameaça demissão se aeroportos forem privatizados

"Se o caminho vai por esse lado, eu me sinto, no mínimo, na obrigação de pôr o cargo à disposição", disse Sergio Gaudenzi.

Da Redação Com Portugal Digital

O presidente da Infraero – Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária, Sergio Gaudenzi, ameaçou demitir-se se o governo decidir privatizar os aeroportos brasileiros. "Se o caminho vai por esse lado, eu me sinto, no mínimo, na obrigação de pôr o cargo à disposição. O governo vai ver o que quer. Eu tenho uma posição e não recuo, porque acho que estou certo", afirmou Gaudenzi, citado pela Agência Brasil.

O presidente da Infraero manifestou esta posição após ter autorizado o início das obras de revitalização no Aeroporto Internacional do Galeão – Tom Jobim, um projeto que prevê o investimento de R$ 600 milhões do governo federal, até 2010, em melhorias nos dois terminais.

O governo do Estado do Rio de Janeiro já anunciou que deseja privatizar o Galeão. Gaudenzi ressaltou que é contra a privatização do Tom Jobim e disse que, se isso acontecer, vai resultar em um desequilíbrio geral na malha de aeroportos do país, pois os que geram lucro, como o Galeão, sustentam os que dão prejuízo, como os do interior do país.

"Eu tenho reiterado que não sou adepto da privatização individual de aeroportos. Defendo a abertura de capital da Infraero como um todo, para que ela possa operar com aeroportos que são rentáveis, cerca de 15, e com a renda desses aeroportos possa sustentar os que não são rentáveis, cerca de 50", disse Sergio Gaudenzi, segundo a Agência Brasil.

Gaudenzi disse que o Galeão lucra cerca de R$ 17 milhões por ano e valeria, se fosse vendido, cerca de R$ 13 bilhões a R$ 15 bilhões. "Eu também, se tivesse muito dinheiro, faria uma proposta de comprar um aeroporto desses, como Galeão, Campinas, São Paulo, Salvador, Brasília, pois são excepcionais", afirmou.

O setor do transporte aéreo no Brasil está gerando ampla discussão, inclusive com muitos operadores privados interessados em aproveitar as perspectivas de crescimento.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promove uma sessão de esclarecimento sobre o estudo que será feito sobre este setor. O prazo para apresentação da carta-consulta termina no dia 24 de novembro. "Os estudos técnicos deverão avaliar a atual situação do transporte aéreo no Brasil, incluindo regulação, competitividade e infra-estrutura do setor para o curto, médio e longo prazos", lembra o BNDES.

A instituição selecionada nesta fase será convocada a apresentar projeto detalhado dos estudos técnicos, analisado pela Área de Estruturação de Projetos do BNDES. Caso o relatório seja aprovado pela diretoria do Banco, o vencedor terá até seis meses para apresentar os resultados.

Esta iniciativa faz parte de uma série de medidas tomadas pelo Ministério da Defesa, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pelo BNDES, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a modernização da aviação civil brasileira. Além dos levantamentos setoriais, posteriormente também serão realizados estudos para a reestruturação da Infraero.

Nos próximos 15 anos, o setor deverá ter potencial de crescimento médio de 7% ao ano, segundo as informaçõs divulgadas pelo BNDES.

Um grupo português que já manifestou interesse em vir a entrar na exploração de aeroportos brasileiros é a Mota-Engil, que ainda em setembro enviou uma comitiva de administradores para reuniões com autoridades brasileiras, lançando a empresa (cujo principal foco é a construção) neste mercado, onde atuará com escritórios em São Paulo.

A portuguesa Brisa, acionista da CCR – Companhia de Concessões Rodoviárias, também já demonstrou interesse nos aeroportos brasileiros. "Já temos a concessão de várias rodovias no Brasil, por meio da CCR, empresa em que detemos 18% do capital. Temos interesse em infra-estrutura, como a aeroportuária e a ferroviária. Vamos analisar as oportunidades", disse o presidente da Brisa, Vasco de Mello, em junho ao jornal "Gazeta Mercantil". 

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