Portugueses cada vez mais insatisfeitos com a democracia

A cidade de Castelo Branco acordou com a torre do castelo coberta por uma tela negra e com a palavra "basta" pintada a branco, num protesto contra as medidas de austeridade, 15 de setembro. ANTÓNIO JOSÉ/LUSA
A cidade de Castelo Branco acordou com a torre do castelo coberta por uma tela negra e com a palavra “basta” pintada a branco, num protesto contra as medidas de austeridade, 15 de setembro. ANTÓNIO JOSÉ/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Um estudo europeu apresentado em 18 de março concluiu que os portugueses estão cada vez menos satisfeitos com a democracia, lembrando que este resultado “é compreensível” tendo em conta a degradação das condições econômicas e sociais.

A 6ª edição do European Social Survey ‘Significados e avaliações da democracia’, que recolheu dados em 23 países, incluindo Portugal, analisou as opiniões dos cidadãos e dos políticos acerca do tema e teve a participação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

“Os dados sugerem que a valorização da justiça social como elemento indissociável do conceito de democracia parece ser especialmente intensa nos países com maiores desigualdades de rendimentos, dos quais Portugal claramente faz parte”, refere o documento a que a Lusa teve acesso.

Assim, “o declínio da satisfação com o funcionamento da democracia a que se assiste em Portugal torna-se compreensível, especialmente tendo em conta como a degradação das condições sociais e econômicas nos últimos anos”, segundo os especialistas.

Para os portugueses “os maiores déficits democráticos” estão no funcionamento dos tribunais, na capacidade dos governos assegurarem justiça social e “num sentimento de falta de controle popular do poder político”, ou seja, governos que não explicam as suas decisões aos eleitores e insuficientes mecanismos de democracia direta.

Aliás, é no funcionamento dos tribunais, nos direitos das minorias e no combate à pobreza que a avaliação dos portugueses “mais se afasta daquela que é feita, em média, no resto dos países europeus”.

Os portugueses têm uma concepção de democracia que não se esgota nas “eleições livres e justas” e relevam aspectos como a igualdade perante a lei e um funcionamento do sistema político que permita “castigar maus governos” e os obrigue a informarem os cidadãos.

Programa da ‘troika’
A dois meses do final do Programa de Assistência Econômica e Financeira (PAEF), 70,2% dos portugueses avaliam de forma negativa ou muito negativa a execução do programa e apenas 22% o avaliam de forma positiva ou muito positiva.
Este resultado de uma sondagem, apresentada no Fórum das Políticas Públicas 2014 em Lisboa, foi elaborada pela Eurosondagem.

As mulheres fazem uma avaliação mais negativa (72,4%) da execução do PAEF do que os homens (67,7%) e também são elas que responsabilizam mais a ‘troika’ pelas medidas de austeridade que foram aplicadas em Portugal, 55,2% contra 51,8% dos inquiridos masculinos.

Os inquiridos mais velhos, com mais de 60 anos, são os que avaliam mais negativamente a execução do programa (72,6%) e são também os que mais dizem que estão pior que há três anos (70,4%).

A maioria dos participantes na sondagem (67,6%) considera que Portugal está pior ao fim dos três anos de programa e apenas 19,85 tem opinião contrária. Apenas 6,5% dos inquiridos acreditam que a austeridade vai diminuir após o PAEF enquanto 41,3% consideram que vai aumentar e outros 42,45 que vai manter-se como está.

O estudo português se baseou em 1.021 entrevistas telefônicas a pessoas com mais de 18 anos de todo o país.

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