Portugueses anunciam greve geral em 24 de Novembro

Mundo LusíadaCom agencias

A Confederação dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e União Geral dos Trabalhadores entregaram na manhã de 19 de outubro, no Ministério do Trabalho, o pré-aviso de greve geral, apelando a todos os trabalhadores para participar desta "última forma de luta", marcada para 24 de novembro.

Os dirigentes sindicais esperavam ter sido recebidos por alguém do Ministério. "Fomos surpreendidos ao termos de entregar o pré-aviso às relações públicas", afirmou João Proença. Falta ainda mais de um mês para a greve geral, mas o responsável da UGT defendeu que o pré-aviso já produz efeitos, uma vez que "as pessoas já estão a refletir sobre o fato das duas centrais sindicais estarem juntas numa greve" disse Proença.

Carvalho da Silva, dirigente da CGTP, afirmou querer com a greve geral "travar a precaridade [laboral] e a falta de uma perspetiva futura" para o país. "Portugal está a assistir a uma quebra muito acelerada dos salários dos trabalhadores e há camadas da população portuguesa em risco de cair na pobreza". Para ele, "o Orçamento do Estado não tem nenhuma perspetiva futura, centra-se apenas na redução da dívida, quando há outros problemas, como o desemprego".

O dirigente da UGT, em declarações à Lusa, disse que "só faz greve quem quer e que uma paragem tem sempre prejuízos para o país", mas os trabalhadores são "os primeiros prejudicados" já que não recebem salário do dia de greve.

O protesto vem depois da apresentação do Orçamento de Estado 2011, em que partidos portugueses discutem a sua aprovação, com objetivo de apresentá-lo em tempo à Comissão Européia, no final de outubro. O governo português cortou gastos públicos e aumentou impostos neste projeto que visa reduzir o déficit público.

Na educação, a estimativa da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) é que “sete a oito mil” docentes, a grande maioria contratados, vão abandonar o sistema de ensino. O Ministério da Educação tem, em 2011, um corte de mais de 400 milhões de euros nos gastos com pessoal.

Entre as medidas previstas na proposta para 2011, está o fim do Estudo Acompanhado e da Área de Projeto, a obrigatoriedade dos professores bibliotecários lecionarem pelo menos uma turma ou a redução do número de horas de assessoria às direções escolares. "Isto dá qualquer coisa como sete a oito mil professores a menos, que o sistema vai pôr fora, mas que vão fazer muita falta às escolas”, afirmou Mário Nogueira, secretário geral da Fenprof, estimando “problemas” no funcionamento e na qualidade da educação.

Greve já tem adeptos

Os jornalistas da RTP decidiram aderir à greve geral de 24 de novembro, em protesto "contra o corte nos salários" e "outras cláusulas de expressão pecuniária que o Governo pretende impor" para a empresa no Orçamento do Estado para 2011. Trabalhadores da TAP, da ANA (a Portway, responsável pela qualidade nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal) e da NAV (responsáveis pela gestão do espaço aéreo nacional) vão aderir à paralisação de 24 de Novembro, em protesto contra as medidas de austeridade.

Na RTP, os cerca de 40 trabalhadores reunidos dia 27 de outubro em plenário decidiram aderir à greve geral em "repúdio pela política de gestão da empresa, que tem contribuído para a degradação das condições de vida dos trabalhadores" e em "rejeição do corte nos salários" divulgou o Sindicato dos Jornalistas.

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