Portugal não precisa de ajuda, diz Ministro

Teixeira dos Santos assegurou em Bruxelas que o país é diferente da Irlanda, e tem condições de continuar a financiar-se nos mercados sem ajuda internacional. Na UE, estados membros querem impedir que o Parlamento tenha poder para impor decisões orçamentais e preferem manter o controle nas suas próprias capitais.

Da RedaçãoCom agencias

O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, assegurou em 16 de novembro, em Bruxelas, que Portugal tem condições para continuar a financiar-se nos mercados financeiros apesar do aumento verificado nos últimos dias dos juros associados à sua dívida.

"Estamos em condições de continuar a ir ao mercado nas condições atuais", disse Fernando Teixeira dos Santos, à entrada para uma reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, dominada pelos perigos da instabilidade nos mercados financeiros provocada pelo aumento do preço da dívida pública da Irlanda, e já depois das conversações entre a Irlanda, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

Antes da reunião, o comissário europeu dos Assuntos econômicos anunciou o início das negociações entre o Banco Central Europeu (BCE), Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI) para "resolver os graves problemas" dos bancos irlandeses.

Para Teixeira dos Santos, Portugal é diferente da Irlanda e tomou "medidas bastantes ousadas" no seu plano orçamental, citando que os desafios enfrentados por ambos países não são os mesmos. A Irlanda iniciou consultas com objetivo da obtenção de ajuda internacional, para resolver problemas do setor bancário.

O mundo está de olho na Europa, acompanhando a recuperação econômica europeia após a crise financeira, e muitos apontam Portugal como a próxima vítima a recorrer a ajuda externa, o fundo de emergência europeu.

Contra Portugal deixar a Zona EuroO presidente de Portugal, Cavaco Silva, reafirmou durante cerimônia na cidade de Lagos, no sul do país, a necessidade de entendimento partidário que permita, mais do que a estabilidade do país, uma boa governabilidade. Cavaco manifestou-se também contra a possibilidade de Portugal deixar a Zona Euro.

"Estamos num tempo em que, para garantir não só a estabilidade mas a governabilidade, é importante que exista uma vontade de diálogo e um espírito de responsabilidade para podermos estabelecer entendimentos interpartidários, que podem ser de vária natureza, para que a governabilidade seja uma realidade e os problemas possam ser enfrentados", disse.Cavaco admitiu, no entanto, que "a vontade dos partidos é aquela que de fato manda nessas circunstâncias".

O presidente da República manifestou-se, na ocasião, contra a possibilidade de Portugal vir a abandonar a Zona Euro da União Europeia, proposta lançada recentemente pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. "Isso seria não apenas um desastre para Portugal, mas também para União Europeia", disse Cavaco Silva."Portanto, espero que a união monetária europeia nunca se desagregue porque seria muito negativo para a Europa. E estou convencido de que Portugal, tal como a Irlanda e a Grécia não vão sair [da Zona Euro]", disse.

Durão Barroso "extremamente desapontado" Já o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou estar “extremamente desapontado” com o fracasso das negociações sobre o Orçamento da União Europeia para 2011 devido a divergências entre os Estados-membros e o Parlamento Europeu.“Lamento que um número reduzido de Estados-membros não estivesse preparados para negociar com um espírito europeu”, afirmou Durão Barroso numa declaração escrita distribuída à imprensa.

As negociações sobre o orçamento da União Eurpeia fracassaram na madrugada do dia 16 devido às divergências entre os estados membros e o Parlamento Europeu quanto ao poder que esta última instituição deve ter para influenciar o próximo quadro financeiro comunitário, a partir de 2014.

Segundo fontes comunitárias, o Reino Unido, a Holanda e a Suécia mostraram-se intransigentes, contra a concessão ao Parlamento Europeu de um poder acrescido para influenciar as decisões sobre o próximo quadro financeiro.

Apesar das negociações terem falhado, houve acordo quanto ao limite de crescimento do Orçamento, que não deve ultrapassar os 2,9% no próximo ano, para acompanhar os esforços de austeridade dos Estados-membros. Face ao fim das negociações, a UE não deve ver aprovado o seu novo orçamento antes do início do próximo ano e terá de entrar em 2011 em regime de duodécimos, não podendo exceder o valor equivalente ao que gastou em 2010.

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