Portugal “não depende da presença alheia” para construir a paz, diz presidente

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português declarou em Paris que “Portugal não depende da presença alheia” para construir a paz, aludindo à ausência do chefe de Estado norte-americano do Fórum da Paz, que integra as comemorações dos 100 anos do Armistício.
Portugal

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas em Paris, onde decorreram as comemorações do centésimo aniversário do Armistício, entre 10 e 11 de novembro, cujo programa inclui a realização do Fórum da Paz, que reuniu vários líderes mundiais na procura de soluções para promover a paz no mundo, mas que não contou com a participação do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Questionado sobre a ausência de Trump, o Presidente afirmou que Portugal não depende de outros países para construir a paz.

“Portugal está comprometido na construção da paz e está com muitos dos seus aliados, não é possível estar com todos. Portugal não depende da presença alheia para fazer aquilo que tem de fazer”, disse o chefe de Estado, durante uma visita ao consulado-geral de Portugal em Paris, onde está patente uma exposição sobre a Primeira Guerra Mundial .

O Presidente referiu ainda que Portugal “é uma plataforma entre culturas, construtura de paz, criadora de pontes”, acrescentando que “não é por acaso que o secretário-geral das Nações Unidas é um português”.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que as celebrações não são apenas “uma romagem de saudade e de homenagem”, mas também “uma vontade de construir uma Europa diferente”.

“Há uma romagem de saudade e de homenagem e ao mesmo tempo uma vontade e construir uma Europa diferente, uma Europa de paz e de esperança”, disse o Presidente.

O Presidente evocou ainda os “muitos” portugueses que morreram em França para defender “uma Europa aberta, uma Europa sem guerra, nem ódios”.

“Os quatro anos [2014-2018] que correspondem ao centenário da Grande Guerra foram intensamente vividos porque aqui foram intensamente vividos aqueles anos, com mais de 50.000 militares portugueses que tiveram um papel fundamental, em situação muito difícil, às vezes dramática, defendendo não apenas a França, a posição de uma aliança em que Portugal se integrava, mas uma Europa aberta, uma Europa sem guerra, nem ódios. Uma guerra que deu origem à paz e muitos [portugueses] aqui ficaram”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa visitou também as exposições de Paula Rego, no Museu de l’Orangerie, e a exposição de Rui Chafes e Giacometti, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Jantar de Macron

O Presidente disse que se falou “muito de Portugal” no jantar oferecido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, aos dirigentes mundiais que participam nas celebrações do centenário do Armistício.

“Falou-se muito de Portugal, falou-se muito de Portugal na Europa e em África e até na ligação à América Latina”, disse Marcelo aos jornalistas portugueses após o jantar.

“E falou-se muito bem e muito do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres”, acrescentou.

Segundo o Presidente, o clima no jantar, realizado no Museu do Quay d`Orsay, foi de “celebrar a paz e não a guerra” e pautou-se por “uma distensão” que “não faria imaginar, entre aqueles que ali estão, muitas das posições duras que de vez em quando têm, no dia a dia”.

“Hoje não havia isso e espero que amanhã também não haja”, afirmou, referindo-se às cerimônias que vão assinalar os 100 anos do fim da I Guerra Mundial e ao Fórum da Paz.

Entre os presentes no jantar estava o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já anunciou que não participa no Fórum, com quem o Presidente português disse ter tido “oportunidade de trocar algumas palavras”.

Marcelo escusou-se a dizer sobre o que falaram, referindo apenas que “o clima foi tão bom como tinha sido em Washington”, quando visitou a Casa Branca e se reuniu com Trump, no final de junho.

Questionado sobre se convidou Trump a visitar Portugal, o Presidente disse apenas: “Vamos ver, havemos de falar disso um dia”.

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