Portugal é exemplo pois “não fecha a porta àqueles que nos fecham”

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, intervém durante a sessão solene do Dia do Município de Ovar, 25 de julho de 2020. PAULO NOVAIS/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente da República disse neste sábado que Portugal foi e é um exemplo porque “não fecha a porta àqueles que nos fecham a porta”, aludindo aos países que deixaram Portugal fora da lista de países considerados seguros, em termos de Covid-19.

“Nós fomos e somos um exemplo. Não precisamos das lições alheias para sermos um exemplo. Não dependemos de listas alheias para sermos um exemplo, não retaliamos contra ninguém para sermos um exemplo. Não fechamos a porta àqueles que nos fecham a porta, porque entendemos que é assim que damos um exemplo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Chefe de Estado participou de sessão solene do Dia do Município de Ovar, em que foi agraciado com a medalha de ouro do município, pela ajuda que demonstrou para com Ovar durante a pandemia e o cerco sanitário.

Marcelo começou por dizer que teria sido um erro histórico não realizar esta cerimônia, porque serviu para “recordar os momentos vividos durante o surto pandêmico e retemperar energias”, assinalando que a mesma “ocorreu no respeito pelas normas sanitárias aplicáveis”.

No seu discurso, de cerca de 12 minutos, recordou alguns dos momentos “inesquecíveis” vividos durante o surto pandêmico, como quando falou com a neta da primeira vítima mortal em Ovar e a videoconferência com os empresários vareiros que lhe pediam a reabertura das suas unidades.

O Presidente da República disse ainda que Ovar foi um exemplo porque, das três cercas sanitárias no país, “foi a que teve mais óbitos, mais pessoas infetadas, mais sofrimento, mas teve também maior capacidade de resposta”.

“O povo vareiro demonstrou nesses dias e nessas semanas que era o mesmo de muitos séculos de história. Era corajoso, determinado, audaz, resistente, solidário, era capaz de perceber aquilo que sofria e olhar para o futuro e ter esperança no futuro”, afirmou.

Por fim, o Chefe de Estado agradeceu a medalha atribuída pela Câmara, considerando que o galardão é dirigido aos milhões de portugueses que “dia após dia acompanharam através da imprensa a luta, a saga e a aventura” do povo vareiro.

Na mesma sessão, o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, destacou a “atitude exemplar” do povo vareiro nos últimos tempos, lembrando o dia em que foi informado da existência da contaminação comunitária e que por isso seria necessário instalar uma cerca sanitária municipal.

“Percebemos de imediato que este seria o desafio das nossas vidas. O povo vareiro uniu-se. Ficamos todos cheios de medo. Estávamos sós. Nada sabíamos sobre o tema. Sabíamos que cada minuto de inação era um minuto a menos para salvar vidas”, disse o autarca, realçando que, atualmente, Ovar é dos municípios com mais recuperados e onde os casos ativos “são quase nulos”.

O presidente da Câmara agradeceu aos profissionais de saúde e aos empresários vareiros que foram obrigadas a fechar durante a cerca sanitária, afirmando que podem contar com ele para exigir “uma discriminação positiva” por parte do Governo no âmbito do apoio à economia e anunciou uma redução de impostos municipais para 2021.

“Depois de férias e no tempo legalmente adequado, iremos apresentar ao executivo municipal uma proposta de redução do Imposto Municipal sobre Imóveis, de isenção de derrama para todas as empresas vareiras e uma redução da participação municipal no IRS”, disse o autarca.

Situação em Lisboa

Após a sessão solene, o Presidente da República participou numa missa dirigida pelo bispo do Porto em memória de todas as vítimas de covid-19 no município, na Igreja Matriz Ovar.

Na ocasião, Marcelo reconheceu que, atualmente, a situação mais problemática no contexto do vírus SARS-CoV-2 é a que se vive na Área Metropolitana de Lisboa e, momentos depois de o cantor Pedro Abrunhosa ter encerrado a celebração religiosa interpretando ao vivo um tema dedicado às vítimas locais de covid-19 e ao seu próprio pai, falecido há cerca de dois meses, aconselhava calma na definição de quais as medidas de contenção profilática que devem ser prolongadas ou levantadas.

“Vale a pena esperar para ver, uma vez que o regime que existe dura até ao final do mês. Faltam cinco dias e cada dia conta. Olhar para a diminuição que tem havido – e que deve manter-se – de internados e utentes em cuidados intensivos é muito importante”, declarou o Presidente da República, atribuindo “muita importância” ao que os especialistas possam dizer entretanto.

Para justificar essa cautela, Marcelo recordou: “No dia 08, à saída de uma reunião que foi a última naquele modelo com epidemiologistas, eu, por exemplo, citava um estudo de uma equipa de epidemiologistas liderada pelo professor Henrique de Barros sobre as linhas ferroviárias na Grande Lisboa. Passados 17 dias, há agora entendimentos aparentemente diversos sobre esta matéria, também técnicos, portanto aquilo que nós esperamos é que os especialistas e sanitaristas vão dialogando, trocando impressões, e que seja possível, a partir disso, haver uma imagem cada vez mais clara da situação para quem tem que tomar decisões políticas e de acompanhar o que se passa no dia-a-dia”.

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