Portugal declarou que acompanha “ataque sem precedentes” em Washington

Mundo Lusíada Com Lusa

O chefe da diplomacia portuguesa disse que acompanha a situação em Washington com “muita preocupação e também com alguma estupefação”, dizendo que o “ataque sem precedentes” ao Capitólio norte-americano não representa as instituições democráticas dos EUA.

“Muita preocupação e também com alguma estupefação. Isto não são os Estados Unidos, não são as instituições democráticas norte-americanas. É a primeira vez que uma transição entre dois presidentes não se faz de uma forma ordeira e coordenada como a Constituição e as leis americanas preveem”, disse Augusto Santos Silva à Lusa.

Manifestantes apoiantes do Presidente cessante, Donald Trump, invadiram neste dia 06 o Capitólio norte-americano e entraram em confronto com as forças de segurança, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.

O governante português considerou que o “ataque sem precedentes” ao Capitólio é “condenável a todos os títulos”, e criticou as palavras de Donald Trump antes da invasão pelos manifestantes.

“Este ataque sem precedentes ao Capitólio americano é também condenável a todos os títulos, e que tenha havido por trás desse ataque, ou imediatamente antes, palavras desajustadas do ainda Presidente, ainda é mais perturbador”.

Milhares de manifestantes tinham-se reunido em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden.

Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazerem ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”, tendo mesmo dito que “nunca” aceitaria a sua derrota nas eleições de 03 de novembro.

Augusto Santos Silva reforçou que a posição portuguesa é “de uma enorme preocupação”, mas manifestou “uma grande confiança” nas instituições dos Estados Unidos da América.

“A nossa posição é de uma enorme preocupação, mas também de uma grande confiança em que, mais uma vez, as instituições democráticas e a cultura democrática norte-americana vão prevalecer e o presidente eleito, Joe Biden, e a sua nova administração vão contribuir certamente para a pacificação e a unificação de que os Estados Unidos manifestamente necessitam”, defendeu o chefe da diplomacia portuguesa.

O ministro português espera que o que aconteceu na quarta-feira tenha sido “apenas um episódio” e “não uma sequência de operações”.

“Estou certo de que nenhum americano vai querer ver repetidas as imagens que estão a passar em todas as televisões do mundo desde o meio desta tarde, porque estas imagens são a pior das propagandas que se pode imaginar, e portanto espero que o que aconteceu hoje seja apenas um episódio — um episódio a todos os títulos lamentável — e não uma sequência de operações”, sublinhou.

Augusto Santos Silva lamentou a morte de uma pessoa e apontou que não há registro de problemas com portugueses no local. A agência Reuters já aponta para quatro pessoas mortas durante o confronto.

“Evidentemente que tomamos algumas diligências, mas no meu conhecimento não há nenhuma preocupação com os muitos portugueses que vivem nos Estados Unidos”, concluiu.

Vitória de Joe
Neste dia 07, o Congresso dos Estados Unidos ratificou a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, na última etapa antes de ser empossado em 20 de janeiro.

O vice-Presidente republicano, Mike Pence, validou o voto de 306 grandes eleitores a favor do democrata contra 232 para o Presidente cessante, Donald Trump, no final de uma sessão das duas câmaras, marcada pela invasão de apoiantes de Trump e que semeou o caos no Capitólio.

Trump, então, afirmou que “haverá uma transição ordeira” do poder para o Presidente eleito, Joe Biden, após o Congresso concluir a certificação da vitória.

Num comunicado publicado na rede social Twitter pelo seu diretor de redes sociais, Dan Scavino, Trump escreveu: “Embora discorde totalmente do resultado da eleição, e os fatos me deem razão, ainda assim haverá uma transição ordeira a 20 de janeiro”.

“Sempre disse que continuaríamos a nossa luta para garantir que apenas votos legais seriam contados. Embora isto represente o fim do melhor primeiro mandato na história da presidência, é apenas o princípio da nossa luta por Tornar a América Grande outra vez”, acrescenta o comunicado.

Bloqueado
No dia 06 a rede social Twitter bloqueou a conta de Trump, exigiu-lhe que retire as mensagens que desculpam a violência e ameaçou bani-lo para sempre.

Esta foi a primeira vez que a Twitter tomou uma decisão destas em relação a Trump, a quem ameaçou com uma “suspensão permanente”.

Antes fora o Facebook a remover um vídeo de Trump em que este recomendava aos seus apoiantes que atacaram o Congresso na quarta-feira para irem para casa, repetindo as falsas acusações à integridade da eleição presidencial.

O YouTube também disse que tinha removido o vídeo, por espalhar falsidades sobre uma fraude eleitoral generalizada.

O vice-presidente da Facebook para a Integridade, Guy Rosen, escreveu quarta-feira na rede social Twitter que o vídeo foi removido porque “aumenta, mais do que diminui, o risco de violência”.

Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória de Joe Biden, nas eleições de novembro.

As autoridades de Washington D.C. decretaram o recolher obrigatório entre as 18:00 e as 06:00 locais (entre as 23:00 e as 11:00 em Lisboa).

A polícia usou armas de fogo para proteger congressistas e pelo menos uma mulher morreu no interior do Capitólio depois de ter sido baleada, segundo fontes citadas pela Associated Press.

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos ocorridos no Capitólio foram “um ataque sem precedentes à democracia” do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.

Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem “para casa pacificamente”, mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.

Além do governo português, condenou os incidentes a Comissão Europeia, o secretário-geral da NATO e os governos de vários outros países.

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