Portugal anuncia “programa de investimentos” de 90 milhões de euros na saúde

Da Redação
Com Lusa

O Governo português aprovou em Conselho de Ministros um “programa de investimentos” para a saúde de cerca de 90 milhões de euros, que permitirá remodelar um serviço de urgência e comprar aceleradores lineares.

No plenário do parlamento, a ministra da Saúde, Marta Temido, explicou aos deputados que este programa vai servir, por exemplo, para remodelar a urgência do centro hospitalar de Tondela-Viseu e para equipar com aceleradores lineares o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e o Centro Hospitalar Barreiro/Montijo.

No discurso de resposta à interpelação do CDS, que acusa o Governo de ter falhado na Saúde, a ministra desfiou alguns dados que o Governo tem apresentado, como o acréscimo de 9.000 profissionais de Saúde desde o início da legislatura, a abertura de unidades de saúde familiares, bem como o aumento de consultas hospitalares dadas no Serviço Nacional de Saúde.

A deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto usou 13 vezes o verbo “falhar” para atacar a política de saúde do PS, numa interpelação no parlamento em que acusou o Governo de anunciar e não fazer.

Na abertura do debate, com a ministra da Saúde, Marta Temido, Isabel Galriça Neto acusou o ministro das Finanças, Mário Centeno, de ser o “verdadeiro titular da pasta”.

“Este Governo de António Costa [primeiro-ministro] e Mário Centeno, apoiado em cada orçamento aprovado pelas esquerdas unidas, falhou na saúde. Promete, mas não resolve, anuncia, mas não faz”, acusou.

No Parlamento

A única bancada a aplaudir Marta Temido foi mesmo a do partido do Governo, o PS, numa interpelação que se prolongou por duas horas e meia e em que o deputado do BE Moisés Ferreira rotulou o discurso do CDS-PP de “encenação fraquinha”, num gênero – “uma farsa”.

“A encenação é fraquinha e o guião também não é grande coisa”, ironizou, detetando “uma mãozinha” dos “grupos econômicos”, que se percebe, alegou, na irritação do CDS-PP quando acusa os socialistas de estarem a negociar a Lei de Bases da Saúde com os seus parceiros de esquerda.

Moisés Ferreira perguntou se será por a nova de Lei de Bases retirar a parte que “vergonhosamente” o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “deve abdicar de parte das camas” para os privados.

O deputado do BE quis também saber o que tinha sido aprovado hoje em Conselho de Ministros quanto ao estatuto da carreira dos enfermeiros e prometeu que, se não atender às expectativas destes profissionais, os bloquistas vão apresentar uma apreciação parlamentar.

Pelo PCP, o líder parlamentar, João Oliveira, disse ser notório o “esforço que tem sido feito para tirar o SNS do buraco em que PSD e CDS o deixaram”.

“A situação do SNS é diferente da dificílima em que PSD e CDS o deixaram, mas isso também não nos consola”, afirmou o deputado comunista, lembrando ao executivo que houve investimento previsto que ficou por cumprir no SNS no ano passado “porque o Governo priorizou o cumprimento das metas do défice”.

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV), pela voz de José Luís Ferreira, lembrou que “os problemas na área da saúde continuam”, considerando que “o estado” do setor é pouco recomendável”.

Contudo, José Luís Ferreira ressalvou que os problemas “não são de agora” e sim fruto de um “subfinanciamento ao longo de décadas”.

À direita, os ataques sucederam-se, desde a abertura do debate feito por Isabel Galriça Neto, médica e deputada centrista, e continuaram com Ricardo Batista Leite ou Matos Rosa, do PSD.

Logo depois, a deputada e vice-presidente centrista Cecília Meireles reiterou a crítica de que a ministra insistiu na “receita de sempre”, fazendo anúncios, promessas” ou desculpando-se com o Governo anterior, do PSD e CDS-PP.

Cecília Meireles confrontou ainda a ministra com a opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, quando disse que o SNS estava hoje pior do que há 20 anos

Pelo PSD, Ricardo Batista Leite considerou que o Governo “não cumpre as suas promessas” e atribui a outros as responsabilidades em relação às coisas que não correm bem.

O PSD lembrava, desta forma, que a ministra da Saúde assumiu na quarta-feira que o Governo deve falhar a meta de dar médico de família a todos os portugueses e remeteu para a gestão dos hospitais responsabilidades pelos tempos de espera.

Matos Rosa, do PSD, chegou até a dizer que, de tanto adiar os problemas, o Ministério da Saúde até mudou de nome, para “Ministério da Doença”.

Coube ao PS a defesa do Governo e da ministra, com o deputado socialista António Sales a acusar o CDS-PP de “frenesim demagógico e ‘eleiçoeiro’”, com a aproximação das eleições.

“O CDS limita-se a exibir sem pudor a sua tendência para explorar títulos de jornais e, com desfaçatez, distanciar-se das suas responsabilidades passadas”, afirmou.

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