Passos rejeita formação de executivo do PS e considera “golpe político”

Mundo Lusíada
Com agencias

Primeiro-ministro de Potugal, Pedro Passos Coleho, em visita ao Rio. Foto: Ígor Lopes
Foto: Ígor Lopes

O primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou que o executivo proposto pelo PS “representa uma fraude eleitoral e um golpe político” e não deveria “vir a nascer, nem na anormalidade” atual.

Durante uma sessão pública promovida pelo PSD e pelo CDS-PP, com sala cheia, num hotel de Lisboa, Passos Coelho declarou que este “não é um tempo normal” e que “será muito difícil que algum dia o país aceite o resultado que se está a formar na Assembleia da República”.

Depois, defendeu que a proposta de executivo do PS com apoio parlamentar de BE, PCP e PEV, não corresponde a um “Governo estável, duradouro, coeso, consistente”, para concluir: “Portanto, nem na anormalidade do tempo que vivemos é normal vir a nascer um Governo mais minoritário do que aquele que se derrubou”.

Referindo-se ao secretário-geral do PS, António Costa, o presidente do PSD salientou: “Ele disse que nunca inviabilizaria um Governo se não tivesse em alternativa um Governo estável, duradouro, coeso, consistente”. Ouviram-se risos na sala. “E esse Governo não existe”, acrescentou.

Segundo Passos Coelho, os partidos da oposição apresentam-se como “uma espécie de frente de esquerdas desunidas”, e “nunca se entenderão”.

PS, BE, PCP e PEV propõem a formação de um Governo “sem nenhum compromisso de estabilidade, sem nenhum compromisso de cimento, de coesão desse Governo, sem nenhuma garantia de que naquilo que é verdadeiramente importante para o país”, como “a participação de Portugal na União Europeia” ou em “organizações internacionais, nomeadamente ao nível da segurança e da defesa”, disse.

“Pelo contrário, é dito com uma certa pompa, até, que cada um dos partidos que se somou para derrubar o Governo manterá intacta a sua visão do mundo, da democracia, da economia, da Europa”, apontou o presidente do PSD, concluindo: “Nunca se entenderão”.

De acordo com Passos Coelho, “o líder do PS nem quis mesmo discutir nada, furtou-se a qualquer possibilidade de contraditório no parlamento”, e compreende-se porquê: “Porque tinha muita dificuldade em apresentar ao parlamento o resultado que disse que apresentaria para derrubar o Governo”.

O primeiro-ministro nomeou todos os partidos que derrubaram o Governo PSD/CDS-PP na Assembleia da República – “refiro-me evidentemente ao PAN, ao PEV, ao Bloco de Esquerda, ao PCP, ao Partido Socialista” – e acusou-os de terem com esse gesto cometido “o seu pecado original”.

“E esse pecado original hoje está-lhes tatuado na pele, será impossível a qualquer destes partidos prosseguirem a sua atividade no parlamento ou no Governo sem terem de admitir esse pecado original que é o de virem a ter um Governo que representa uma fraude eleitoral e um golpe político no país”, concluiu.

Crise se criarem

Já o secretário-geral do PS, António Costa, defendeu ontem o regresso a uma “trajetória de normalidade constitucional”, considerando que só existirá crise política em Portugal se alguém a criar.

Na sessão de abertura de um encontro com militantes no Porto, António Costa fez um discurso muito crítico sobre a “irresponsabilidade” e “imprudência” do primeiro-ministro e demais políticos com funções de alta responsabilidade “andarem a assustar os portugueses sobre as condições de estabilidade”.

“Estão criadas todas as condições para que, tão rapidamente quanto o queiram, podermos ter um novo Governo que possa ser viabilizado na Assembleia da República, que ponha termo a este período de incerteza, de intranquilidade e que devolva estabilidade ao país”, sustentou.

Costa pediu para não serem criadas crises artificiais. “É por isso tempo de não se criar uma crise política artificial. Em Portugal, não há crise politica se não a criarem. Em Portugal, o que se verificou esta semana foi o normal funcionamento do regime democrático, no estrito cumprimento da Constituição e, eu até diria mais, do reencontro com a Constituição”, afirmou, apelando à necessidade de se retomar “a trajetória de normalidade constitucional”.

Manifesto contra “incerteza política”

Depois de uma petição na internet pedindo que o Presidente da República não permita um Governo do Partido Socialista, assinado por mais de 30 mil pessoas, também um manifesto apoiado por empresários preocupados com a atual “incerteza política” foi divulgado.

No documento assinado por 115 empresários, é destacado que a “presente situação que Portugal atravessa é motivo de preocupação para os empresários e gestores portugueses”. Reunidos na Associação das Empresas Familiares para debater soluções para a economia portuguesa, eles relatam preocupações e objetivos.

“Manter a recuperação econômica é o nosso principal objetivo e missão. Se não fortalecermos a confiança dos agentes económicos, dos consumidores, dos investidores nacionais e estrangeiros, a nossa recuperação estará posta em causa. O desemprego, que tem tido uma tendência para a redução aumentará de novo, criando mais sofrimento e pobreza” traz o documento.

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