“O povo de Portugal ultrapassa as elites pensantes”, diz presidente

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, aconselhou os comentadores a irem para o terreno para se aperceberem como é que, muitas vezes, “o povo de Portugal ultrapassa as elites pensantes”.

Em visita à zona industrial de Oliveira de Frades, que há um ano foi fustigada pelos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se impressionado como os investimentos que estão a ser feitos para recuperar as empresas.

Por exemplo, na TOSCCA – Equipamentos em Madeira, que sofreu prejuízos avaliados em 10,2 milhões de euros, o investimento na nova fábrica rondou os 11 milhões de euros.

“Eu passo a vida a dizer que nós, quando somos muito bons, somos dos melhores dos melhores e veem-me de vez em quando os chamados críticos de bancada dizer ‘lá está ele otimista’”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

Na sua opinião, “o que falta a esses comentadores é irem para o terreno” para conhecerem estes casos de sucesso.

“Além de comentarem nos sítios onde se encontram, é virem ver as TOSCCA deste país, virem ver como é que o povo de Portugal ultrapassa as elites pensantes tantas vezes”, frisou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “não quer dizer que essas elites pensantes não sejam fundamentais, mas o povo é mais fundamental ainda do que elas”. “Sem povo não havia elites”, frisou.

O Presidente da República lembrou que, logo após a tragédia, nunca viu os empresários baixarem os braços.

“As pessoas estavam naturalmente sob o choque da tragédia, mas não encontrei na cara de ninguém uma expressão de desânimo”, contou, lembrando que as suas preocupações passavam por falar com clientes e fornecedores, alargar prazos, encomendar máquinas e ver como podiam recorrer aos apoios do Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por a TOSCCA não se ter limitado a reconstruir o que as chamas destruíram.

“A tragédia convidou, desafiou, não apenas a voltar à situação que existia antes, mas a galopar para uma situação ainda mais ambiciosa”, sublinhou.

Para o Presidente da República, “isto é o retrato desta região, de toda a gente que nesta região decidiu arregaçar mangas e enfrentar o futuro, mas é também o retrato de Portugal”.

Remodelação do governo

Mais cedo, o presidente comentou a remodelação do Governo, como parte do “respirar natural da democracia”. “As instituições continuam, as pessoas passam. Faz parte da lógica das coisas a renovação que uma remodelação implica”, disse aos jornalistas em Oliveira de Frades.

Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, “a democracia é o regime das surpresas”. Por isso, o chefe de Estado disse estranhar títulos como um que leu que dizia que “foi uma remodelação secreta”.

“Não sei o que seja uma remodelação não secreta. Imagine o que será, de repente, alguém querer fazer uma remodelação e anunciar: eu vou fazer uma remodelação daqui a ‘x’ dias”, afirmou, considerando que haveria “uma forte probabilidade de não fazer remodelação nenhuma”.

Marcelo Rebelo de Sousa deu neste dia 15 posse aos novos ministros da Defesa, da Economia, da Saúde e da Cultura, numa cerimônia na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Questionado se ficou surpreendido com a decisão de remodelação do Governo, o Presidente da República disse que “a riqueza da democracia, ao contrário das ditaduras, é haver surpresa” e que as instituições se renovam naturalmente. “É um sinal de democracia e de juventude da nossa democracia”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar os novos rostos do Governo, mostrando-se convicto de que, se quem parte “vê reconhecido o seu contributo para a obra comum”, quem chega carrega consigo “uma nova dinâmica, com uma nova criatividade para tentar dar o seu contributo”.

Na sua opinião, “quem está a exercer funções permanentemente quer prestar a sua criatividade às funções”, mas, em democracia, “ninguém é eterno”, nem presidentes, nem chefes de Governo, nem ministros, nem deputados, o que “é bom”.

“As remodelações têm esse encanto: fazem-se por natureza de modo discreto, são tanto mais eficazes quanto mais surpreendentes forem e depois cabe aos analistas comentarem as remodelações”, referiu.

No entender do Presidente da República, “a vitalidade da democracia reside na capacidade de enfrentar com imaginação desafios novos”, seja nas freguesias, nos municípios ou nas instituições que são os órgãos de soberania.

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