Nova reunião entre coligação PSD/CDS e PS termina sem acordo e “inconclusiva”

Mundo Lusíada
Com Lusa

Passos_PortasO presidente dos sociais-democratas considerou na noite de 13 de outubro que o encontro com o PS terminou “de forma absolutamente inconclusiva” e defendeu que os socialistas devem esclarecer se têm ou não “vontade política” de se entenderem com PSD e CDS-PP.

Segundo Pedro Passos Coelho, nesta reunião, que durou cerca de duas horas e quinze minutos, não se avançou “rigorosamente nada” na discussão da “proposta concreta” que PSD e CDS-PP fizeram chegar ao PS na segunda-feira, e cabe agora aos socialistas apresentarem “uma contraproposta”.

Passos Coelho acrescentou que o país precisa de perceber “se há ou não há vontade política” por parte do PS “de chegar a um entendimento” com PSD e CDS-PP que permita uma solução de Governo estável. “É preciso saber o que é que o PS quer”, reforçou.

“Eu faço uma constatação. Tivemos duas reuniões. Nós fizemos o nosso trabalho de casa como, de resto, o PS nos pediu, e não tivemos até hoje da parte do PS nenhuma posição que fosse construtiva, positiva, que nós pudéssemos dizer: o PS quer isto ou quer aquilo. Portanto, o PS pôs-se numa posição passiva”, criticou.

De acordo com Passos Coelho, pela sua parte, PSD e CDS-PP fizeram um “esforço” de compromisso e apresentaram “uma proposta concreta” e “estruturada”, em relação à qual o secretário-geral do PS, António Costa, manifestou “insatisfação” nesta segunda reunião.

Com o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, ao seu lado, o presidente do PSD referiu que “não ficou prevista nenhuma outra reunião, desde já”, mas adiantou que espera prosseguir as conversações com os socialistas.

Passos Coelho declarou que PSD e CDS-PP pretendem um entendimento “programático” e “orçamental” com o PS que assegure estabilidade governativa, mas não conseguiram perceber o que é que o PS pretende. “A nossa reunião terminou, portanto, de forma absolutamente inconclusiva, sem que do nosso lado tivesse ficado uma percepção exatamente do que é que o PS pretende para que esta conversa possa ser consequente”, disse.

“Creio que para o país é fundamental saber, no entanto, se há ou não há vontade política de chegar a um entendimento, e creio que isto é decisivo para sabermos como é que deveremos olhar para o futuro”, defendeu.

Crítica
O secretário-geral do PS considerou “insuficiente” para um entendimento em torno de uma solução de Governo a proposta apresentada pela coligação PSD/CDS, mas adiantou que dará “mais uma oportunidade”, colocando por escrito as suas posições.

O líder socialista criticou o documento que lhe fora apresentado pelos líderes do PSD e do CDS-PP, intitulado “Documento facilitador de um compromisso entre a coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista para a governabilidade”, mas adiantou que irá em breve responder a esse documento por escrito: “A coligação [PSD/CDS] terá mais uma oportunidade de poder ponderar se efetivamente está em condições de poder criar melhores condições de governabilidade do que aquelas que dispõe”.

Em relação ao documento apresentado pela coligação PSD/CDS-PP, o líder socialista criticou-o, quer por “ausência de medidas importantes de reorientação política, quer por ausência de medidas concretas para melhorar o quotidiano dos portugueses e as condições de investimento das empresas”.

“Iremos agora, por escrito, responder ao documento, de forma a que aquilo que expressámos oralmente nesta reunião, aquilo que pudemos transmitir de crítica ao documento apresentado, não caia no vazio”, justificou o secretário-geral do PS.

Costa reiterou a sua tese de que os portugueses expressaram nas eleições legislativas uma vontade de mudança de orientação política – algo que considerou ainda não ter sido percebido por PSD e CDS-PP – e que os socialistas estão empenhados na construção de uma solução estável de Governo para quatro anos.

Interrogado sobre qual o prazo em que tenciona enviar o documento escrito aos líderes do PSD e do CDS-PP, António Costa afirmou que o fará “o mais rapidamente possível”.

“Eu não disse que é a última oportunidade, não gosto de fazer ultimatos, mas o tempo é que se está a encurtar. Certamente para a semana, o Presidente da República iniciará contatos oficiais e era útil que pudéssemos todos chegar aos contatos oficiais com respostas claras e conclusivas sobre a avaliação que fazemos no que respeita às melhores condições de estabilidade e de governabilidade”, sustentou António Costa.

O líder socialista advertiu depois que “é mau para o país, designadamente mau para a economia, para os investidores e para os portugueses, arrastar um clima de incerteza”. “Hoje, a coligação PSD/CDS deve ter a humildade de reaprender a governar nas novas condições que o parlamento tem e que os portugueses escolheram”, declarou.

O secretário-geral do PS declarou ainda que há condições para pôr fim a “um muro” que separa socialistas e comunistas desde 1975 e que está empenhado no trabalho para a criação de um Governo alternativo em Portugal. “Estamos a trabalhar com seriedade com todas as forças políticas, designadamente com o PCP. Tivermos uma primeira reunião de trabalho que classifico como muito positiva e que criou condições para pormos fim a um muro que persiste na esquerda portuguesa desde 1975”.

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