Mundo está construindo nova geopolítica, diz Lula

Presidente do Brasil afirma na Assembléia Geral que países em desenvolvimento passaram a assumir novos papéis através do diálogo direto.

Por Mônica Villela Grayley Da Rádio ONU em Nova York

UN Photo/Marco Castro

>> Presidente Lula discursa na Assembléia Geral da ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu os debates de líderes internacionais na Assembléia Geral da ONU, em Nova York, afirmando que o mundo está construindo uma nova geopolítica que aponta para os países em desenvolvimento.

"Está em curso a construção de uma nova geografia política, econômica e comercial no mundo. No passado, os navegantes miravam a estrela Polar para encontrar o Norte. Hoje, estamos procurando as soluções de nossos problemas contemplando as múltiplas dimensões de nosso planeta. Nosso Norte, às vezes, está no Sul.", declarou.

O presidente do Brasil, que discursou antes de seu colega americano, George W. Bush, comentou a crise financeira mundial e criticou a falta de regulação dos mercados.

Transparência "A economia é séria demais para ficar nas mãos dos especuladores. A ética deve valer também na economia. Uma crise de tais proporções não será superada com medidas paliativas. São necessários mecanismos de prevenção e controle e total transparência das atividades financeiras.", defendeu.

Lula citou ainda o economista Celso Furtado ao comentar os efeitos do que ele chamou de especulação no cenário internacional.

"Dizia o grande economista brasileiro Celso Furtado: que os lucros dos especuladores sejam sempre privatizados e suas perdas, invariavelmente, socializadas. O ônus da cobiça desenfreada de alguns não pode recair impunemente sobre os ombros de todos.", lembrou.

Rodada de Doha O presidente do Brasil encerrou o discurso na Assembléia Geral da ONU pedindo a conclusão da Rodada de Doha, que prevê a liberalização do comércio, e disse que tem se empenhado para que o sucesso das negociações tenha um bom impacto nos países em desenvolvimento.

Segundo Lula, o Brasil está vencendo a luta contra a fome e a pobreza. E lembrou o primeiro diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o brasileiro Josué de Castro.

"Não é mais possível deixar-se impunemente uma região sofrendo de fome. Tenho orgulho de dizer que o Brasil está vencendo a fome e a pobreza. Dispomos de sentimento, razão, vontade para vencer qualquer adversidade. Esse, é mais do que nunca, o espírito dos brasileiros.", reforçou.

Os debates da Assembléia Geral da ONU devem durar duas semanas e contarão com representantes dos 192 países-membros da organização.

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