Ministro português espera que Maduro “compreenda que o seu tempo acabou”

Da Redação
Com agencias

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou o seu pleno respeito “à vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou”.

“Apelamos para eleições livres, para que Maduro compreenda que o seu tempo acabou, porque não pode ignorar a vontade do povo e a Assembleia Nacional tem de ser respeitada”, disse o ministro à Lusa.

Santos Silva acrescentou “subscrever inteiramente” a declaração da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, “preparada entre Estados-membros”, que renova o “apelo para que não haja violência e que seja plenamente respeitada a vontade inequivocamente manifestada hoje pelo povo venezuelano para a realização de eleições livres e justas”.

Brasil não participa

O presidente brasileiro em exercício, Hamilton Mourão, afirmou que o Brasil não vai interferir na política interna da Venezuela. Após o líder da oposição Juan Guaidó se declarar presidente interino do país, o Brasil, os Estados Unidos e outros países reconheceram a legitimidade do ato.

“O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países”, disse à Agencia Brasil o vice Mourão sobre a situação no país vizinho.

A Justiça do país anulou todos os atos da Assembleia Nacional, que era presidida por Guaidó. Questionado sobre qual será a posição do Brasil em caso de uma prisão de Guaidó, Mourão afirmou que só poderá protestar.

“O Brasil só pode protestar, né? Não vai fazer mais nada além disso”, disse, ao deixar o Palácio do Planalto, no início da noite de quarta-feira, dia 23.

O presidente em exercício acrescentou que será preciso aguardar as consequências da decisão do Brasil e de outros países em rejeitar o governo de Nicolás Maduro. “O presidente [Jair Bolsonaro] tomou uma decisão em conjunto com os outros presidentes dos países americanos de não reconhecer o governo do Maduro pela questão da ilegitimidade da eleição. Vamos aguardar as consequências desse ato”.

Jair Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro acompanha com “muita atenção” os desdobramentos da crise na Venezuela. Ele admitiu que teme um processo de transição não pacífico entre o presidente venezuelano e o interino. Segundo ele, o Brasil “está no limite” do que pode fazer em relação ao país vizinho.

“A história tem mostrado que as ditaduras não passam o poder para a respectiva oposição de forma pacífica. Nós tememos as ações do governo ou melhor da ditadura do governo Maduro”, afirmou Bolsonaro em entrevista à TV Record no intervalo do Fórum Econômico Mundial (Davos, na Suíça).

Bolsonaro disse que a preocupação do Brasil é com a população venezuelana. “Desde há muito nós falamos que o bem maior de um homem e uma mulher é a sua liberdade e que [para o] povo venezuelano, nós queremos restabelecer sua liberdade.”

Restabelecer a democracia

Juan Guaidó afirmou nas redes sociais que está comprometido em restabelecer a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos. Em sua conta no Twitter, ele postou as manifestações de apoio do presidente Bolsonaro e líderes políticos mundiais ao processo de transição.

“Estamos agradecidos por seu reconhecimento e apoio à vontade do povo venezuelano na recuperação da democracia”, disse Guaidó referindo-se a Bolsonaro. Nas redes sociais, ele respondeu às declarações dos líderes e publicou fotos com imagens dos protestos de ontem em várias regiões da Venezuela.

A organização não governamental Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS) publicou, na conta no Twitter, informações sobre 14 mortos durante os protestos nas ruas de Caracas, do dia 23 e 22, inclusive de dois jovens de 16 e 18 anos.

De acordo com a organização, 13 vítimas eram do sexo masculino e uma do feminino. As idades variam entre 16 e 47 anos. Nas imagens postadas pela OVCS, há muitos agentes do Estado armados e fortemente equipados para proteção pessoal.

Segundo a entidade, além de Caracas registraram manifestações com episódios de violência as regiões de Amazonas, Barinas, Bolívar, Portuguesa e Táchira. Ontem houve protestos contra o governo de Nicolás Maduro e também a favor. Maduro discursou, informando que vai continuar no poder.

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