“Mais que um choque econômico, vivemos uma tragédia humana”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ministro português das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, considerou neste sábado que a atual crise provocada pela pandemia da covid-19 é uma tragédia humana e defendeu a necessidade de um “poderoso plano” para recuperar a Europa.

Num vídeo na rede social a propósito da comemoração do dia da Europa, Mário Centeno afirma que a atual crise é mais que um choque econômico.

“Mais que um choque econômico, vivemos uma tragédia humana e um desafio à nossa forma de vida”, diz Centeno, adiantando que se pode chamar Marshall ao referido plano de recuperação econômica, mas que desta vez este tem de ser financiado pela Europa e não por outros.

O plano Marshall foi um programa de ajuda econômica dos Estados Unidos aos países da Europa Ocidental com o objetivo de os reconstruir depois da II Guerra Mundial.

Como muitas vezes no passado, a resposta para os problemas da Europa está na Europa, refere o ministro, adiantando que a solução para a crise vai definir os europeus e formatar a Europa nos próximos anos.

Citando Epicteto, o ministro português, que no vídeo aparece com a Praça do Comércio em Lisboa como pano de fundo, defende que não é o acontece a uma pessoa o que interessa, mas sim a forma como reage ao acontecimento.

O dia da Europa comemora-se em 09 de maio para festejar a paz e a unidade do continente europeu, e outros políticos, como o primeiro-ministro de Portugal, também marcaram a data com mensagens.

2 anos para conjuntura econômica de 2019

O Governo de Portugal estimou que, em dois anos, seja possível regressar à conjuntura econômica de 2019, antes da recessão gerada pela pandemia.

“Neste momento, a incerteza é extremamente elevada e é muito difícil dizer quando é que as economias regressarão ao nível que tinham, por exemplo, no ano de 2019, mas […] penso que será possível em cerca de dois anos regressar” à conjuntura econômica do ano passado, disse o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.

Após uma reunião do Eurogrupo já realizada à luz das primeiras projeções de Bruxelas sobre o impacto da pandemia da covid-19 na economia europeia – divulgadas na quarta-feira e que antecipam para este ano uma contração sem precedentes na zona euro, de 7,7% do Produto Interno Bruto -, Ricardo Mourinho Félix declarou que a retoma econômica “dependerá de um conjunto de variáveis”.

Nestas previsões, a Comissão Europeia disse estimar que, após a recessão de 6,8% em Portugal este ano e de uma taxa de desemprego de 9,7%, se registre uma recuperação da economia portuguesa de 5,8% em 2021, bem como uma diminuição da taxa de desemprego para 7,4%.

“O entendimento que temos é que, dependendo obviamente daquilo que seja a dimensão da crise de saúde, será possível, se ela for suficientemente curta, recuperar as economias e regressar a uma nova normalidade num prazo relativamente breve”, referiu Ricardo Mourinho Félix, destacando o “crescimento muito significativo” previsto por Bruxelas para o país no próximo ano.

Está ainda por definir, nas mãos da Comissão Europeia e deverá ser apresentado nos próximos dias, o novo fundo de recuperação, a resposta comunitária ao pós-pandemia.

Num Conselho Europeu celebrado por videoconferência em final de abril passado, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia encarregaram a Comissão Europeia de apresentar “com caráter de urgência” uma proposta de fundo de recuperação da economia europeia para superar a crise provocada pela pandemia de covid-19, interligando-o de forma clara com uma proposta revista do orçamento plurianual para 2021-2027, que ainda não foi acordado entre os 27.

“A posição de Portugal é que esse fundo não pode afetar aquilo que são as prioridades do atual orçamento – no que toca às políticas de coesão, à política agrícola, às prioridades da transição digital e da ação climática”, sublinhou Ricardo Mourinho Félix.

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