Madeira acompanha com “atenção especial” três concelhos sem registo de infectados

Da Redação
Com Lusa

As autoridades de saúde do arquipélago da Madeira estão a acompanhar com “atenção especial” três concelhos da região, num total de 11, onde não foram registados casos de covid-19 – Santana, São Vicente e Porto Moniz -, na costa norte da ilha.

“O que posso dizer é que estes três concelhos têm sido acompanhados com alguma atenção especial, verificando qual a razão por que ainda não temos casos”, afirmou o secretário da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos.

O governante sublinhou, no entanto, que, apesar da “expectativa”, não é ainda possível garantir que não vão ocorrer casos de infecção na costa norte, a região menos povoada da ilha da Madeira, com os três municípios a somarem apenas 16.153 habitantes, no total de 267.785 do arquipélago (Censos de 2011).

O Instituto de Administração da Saúde (IASAÚDE) elevou no domingo para 51 o número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus na região autônoma, após três dias consecutivos sem registo de novos doentes, sendo que duas já recuperaram.

Os casos reportados distribuem-se pelos sete concelhos da costa sul da Madeira, com particular incidência no Funchal (28 casos positivos, incluindo quatro turistas dos Países Baixos), mas também Câmara de Lobos (7), Ponta do Sol (7), Santa Cruz (4) Machico (1), Calheta (1) e Ribeira Brava (1).

Na ilha e concelho do Porto Santo, há registo de dois casos de infecção.

O norte da Madeira permanece isolado e sem doentes com covid-19, embora tenham sido identificados 13 casos suspeitos em Santana e dez em São Vicente.

“Esta situação não tem nada de especial a não ser termos, infelizmente, pouca população”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Santana, Dinarte Fernandes, à agência Lusa.

O autarca, eleito pelo CDS-PP, referiu, por outro lado, que na região norte, onde prevalece a atividade agrícola, as pessoas tendem a ser “um pouco mais respeitadoras” das orientações das autoridades e das regras do isolamento social.

“Por aí também poderá haver alguma explicação”, disse.

A opinião é partilhada pelo presidente da Câmara de São Vicente, José António Garcês, que destaca a “consciência e maturidade” dos munícipes na luta contra a covid-19.

“No dia a dia, o movimento já não era muito, então agora é praticamente nenhum, porque as pessoas estão a acatar [as medidas de contenção]”, realçou o autarca, eleito pelo movimento de cidadãos Unidos Por São Vicente.

Santana, com 7.719 habitantes, São Vicente, com 5.723, e Porto Moniz, com 2.711, são concelhos marcados também pelo envelhecimento da população, o que motiva a intervenção diária de várias instituições de solidariedade social e grupos de voluntários, sobretudo auxiliando os idosos na compra e entrega no domicílio de medicamentos e bens essenciais.

Tal como em toda a região autônoma, a atividade econômica está paralisada nos três concelhos, que são também importantes pontos de interesse turístico no arquipélago, mas o setor agrícola continua operacional, dadas as características de subsistência.

“É curioso que, já na crise econômica de 2008, muitos dos terrenos que estavam incultos começaram a ser cultivados e agora notamos também que muitas pessoas que estão em casa, por razão de ‘lay-off’ ou em isolamento profilático, aproveitam e vão sozinhas para a fazenda e vão limpando os seus terrenos e vão plantando”, explicou Dinarte Fernandes.

O autarca de Santana assinala, no entanto, as dificuldades sentidas pelos agricultores em escoar os produtos, situação que ocorre por “efeito em cadeia”, uma vez que os grandes consumidores, como escolas, unidades hoteleiras e restaurantes, estão encerrados.

“Ao nível do turismo, hotelaria e restauração, e construção civil está tudo parado”, sublinha, por seu lado, o presidente da Câmara de São Vicente, indicando que, ao nível dos serviços municipais, apenas estão operacionais os departamentos de fornecimento de água e recolha de lixo.

“O setor agrícola está a funcionar, porque se trata de uma agricultura de subsistência, e as pessoas vão para os seus terrenos sozinhas ou com os familiares da própria casa”, explicou, realçando que, assim, é mais fácil conter a propagação da covid-19.

José António Garcês destacou, também, o facto de os jovens que estudam no continente e os emigrantes terem cumprido a quarentena obrigatória ao regressarem à região.

O arquipélago da Madeira é a região do país com menos casos de covid-19, quando a pandemia, que surgiu na China, em dezembro, já provocou mais de 114 mil mortos e infectou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Portugal regista 567 mortos associados à covid-19, mais 32 do que na segunda-feira, e 17.448 infectados (mais 514), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

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