Lula quer aprimorar relação com EUA sem deixar Mercosul

Mundo Lusíada com Agência Brasil

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Guarulhos – Presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visitam o terminal da Transpetro

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na segunda-feira, 12 de março, durante o programa de rádio Café com o Presidente, que quer manter e aprimorar a relação com os Estados Unidos, porém sem deixar de lado o fortalecimento do Mercosul.

“Temos de levar em conta que os Estados Unidos continuam sendo nosso principal parceiro individual, do ponto de vista do comércio, e é o maior investidor individual no Brasil. Portanto, nós temos uma relação histórica. Queremos mantê-la, queremos aprimorá-la, isso sem que nós abdiquemos do nosso compromisso maior que é todo o processo de fortalecimento do Mercosul, a constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações e o processo de integração que estamos fazendo”, afirmou.

Sobre a taxação do álcool brasileiro importado pelos Estados Unidos, discutido durante a visita do presidente norte-americano George W. Bush, o presidente Lula disse que “temos que brigar”. “Não espere que ninguém ceda em um primeiro apelo. Não existe negociação aqui. Isso será sempre uma coisa de muita disputa, muita argumentação. Vai chegar o momento que vamos conseguir. Precisamos continuar brigando, precisamos continuar insistindo. Em algum momento essa corda vai quebrar e a gente vai poder então ter um mercado de comércio definitivamente livre”, declarou.

Na visita ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos descartou uma redução nas taxas impostas pelos americanos sobre a importação do etanol brasileiro. “Isso não vai acontecer, essa lei sobre as tarifas vai se estender até 2009. E quando chegar no fim deste período, o Congresso vai fazer alguma coisa”, disse Bush. O presidente falou também sobre o fim dos subsídios agrícolas concedidos pelos europeus e norte-americanos, reivindicação dos países em desenvolvimento que não conseguem colocar seus produtos agrícolas nesses mercados.

Lula explicou, no entanto, que a União Européia e os Estados Unidos querem, em contrapartida, ter acesso ao mercado de produtos industriais e serviços dos países pobres. Para o presidente, o acordo só sairá se cada um cumprir sua parte. “Esse tripé, na verdade, esse triângulo que estamos montando, cada um faz um pouco de concessão, é que vai garantir o acordo que todos nós estamos torcendo para que aconteça, porque isso seria a salvação dos países mais pobres”. Parceria com EUA Segundo o presidente Lula, a parceria com os Estados Unidos na área de biocombustíveis pode mudar a matriz energética mundial. Na sexta 9 de março, os dois países firmaram memorando de cooperação no setor de combustíveis alternativos e limpos, durante a visita do presidente Bush ao Brasil. Os dois países são responsáveis por 70% do álcool combustível produzido no mundo.

 

Foto: Wilson Dias/ABr

São Paulo – Assinatura de memorando sobre cooperação em biocombustíveis entre a secretaria de Estado norte-americana Condoleezza Rice e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

“Eu estou convencido de que Estados Unidos e Brasil, se tiverem disposição de cumprir o protocolo que assinamos, nós estaremos dando uma virada na matriz energética mundial na área de combustível para os próximos 20 ou 30 anos”, afirmou no programa de rádio Café com o Presidente.

De acordo com o presidente, a visita de Bush é um marco importante para relação entre Brasil e EUA. “Eu estou convencido que nós demos um passo extraordinário para que o álcool se transforme em commodity e que a gente possa ocupar um espaço importante no mercado internacional”, afirmou.

Lula voltou a defender que a produção de biocombustíveis seja um mecanismo de ajuda aos países mais pobres. “Nós estamos convencidos de que essa parceria passa por investimentos dos países mais ricos em países mais pobres para que eles possam produzir também o álcool ou produzir o biocombustível, o biodiesel”, disse.

Lula mencionou ainda a criação do Fórum Internacional de Biocombustíveis, lançado no dia 2 deste mês por Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e União Européia, na Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo do fórum é aumentar a eficiência na produção, na distribuição e no consumo dos biocombustíveis em escala mundial.

Na sexta-feira, 09 de março, o presidente dos EUA, George W. Bush visitou as instalações da Petrobrás Distribuidora em Guarulhos, durante sua visita oficial de dois dias em São Paulo. Acompanhados do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, de diretores da empresa e dos presidentes da Transpetro e da Petrobras, a visita se deu por ser o biocombustível o tema principal da agenda dos chefes de Estado. O local, um terminal terrestre da Transpetro e um terminal da Petrobras Distribuidora, faz operações de carregamento de produtos como diesel, biodiesel, gasolina e álcool.  

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