Lula e Obama: é preciso retomar comércio entre países

"Precisamos dinamizar as economias internamente e garantir o crédito para o comércio. É preciso amadurecer uma proposta e apresentar soluções", disse Lula em Washington.

Da RedaçãoCom Agência Brasil

Ricardo Stuckert/PR

>> Washington (EUA) – Presidente Lula e presidente Barack Obama durante encontro na Casa Branca

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista concedida ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que “é preciso que o crédito volte a fluir para facilitar o fluxo comercial entre os países”. "Vamos trabalhar com uma proposta para discutir no G20. É importante que seja rápido, porque o desempregado de hoje é o problema social de amanhã", disse Lula.

A entrevista ocorreu no salão oval da Casa Branca, após o encontro reservado dos dois presidentes, que durou 20 minutos. Antes, houve uma reunião mais ampla, que incluiu ministros com Lula e auxiliares de Obama.

O presidente Lula voltou a criticar o protecionismo, porque segundo ele esse tipo de ação, agora, aumenta a crise. Em resposta, o presidente Barack Obama concordou com Lula e afirmou que aumentar o protecionismo na hora da crise pode dar um resultado contrário ao esperado. "É tendência natural na crise jogar o sacrifício para os outros. Mas é importante garantir a troca de bens, serviços e produtos. Vamos trabalhar junto com o Brasil nesse tema. O objetivo é, no mínimo, não andar para trás", disse Obama.

O presidente Lula defendeu o programa energético brasileiro a partir do etanol e disse que o Brasil "é abençoado por já defender o combustível limpo há 30 anos. Mas eu sei que uma mudança na matriz energética de um país não acontece de uma hora para outra. É um processo". Para Obama, o Brasil mostra extraordinária liderança no tema biocombustíveis. "A minha política é dobrar os esforços no mesmo sentido. A questão do etanol, entre Brasil e Estados Unidos, está tencionada, não vai mudar de um dia para o outro, mas ao longo do tempo isto pode ser resolvido", garantiu.

No clima de bom humor com que os dois presidentes concederam a dupla entrevista à imprensa brasileira e americana, o presidente Lula voltou a afirmar, desta vez diante de Obama, que reza mais pelo presidente americano do que por ele mesmo. "Desde a sua posse, há 40 dias, eu digo que eu rezo mais pelo Obama do que por mim. E digo que eu não queria estar no seu lugar", disse Lula. Bem humorado, Obama respondeu na hora: "É a mesma que coisa que me diz a minha mulher".

Convidado pelo presidente Lula, Barack Obama confirmou que fará uma visita ao Brasil, mas não disse a data. "Por ser havaiano, não posso deixar de ir às belas praias do Rio de Janeiro", disse. Perguntado se gostaria de visitar a Amazônia, Obama respondeu que sim e completou: "Eu acho que os opositores do Partido Republicano adorariam que eu me perdesse por lá".

Elo Brasil-EUAPara o ministro brasileiro Roberto Mangabeira Unger, que foi professor de Barack Obama na Universidade de Harvard, o Brasil é o país no mundo mais parecido com os Estados Unidos, defendendo uma grande volta nas relações bilaterais. "Este é o momento para o casamento da audácia com a imaginação", disse à Agência Lusa o ministro de Assuntos Estratégicos do governo Lula, que vê a oportunidade de duas grandes frentes inteiramente novas de colaboração com os Estados Unidos.

Essas frentes, segundo Unger, teriam o potencial de transformar radicalmente as relações não só do Brasil, como de toda a América do Sul com os EUA. A primeira delas seria engajar os Estados Unidos num conjunto de experiências institucionais e de políticas públicas ao serviço da inclusão social e da ampliação de oportunidades econômicas e educacionais. Três setores despontam neste projeto: os biocombustíveis e as energias renováveis, as pequenas e médias empresas, com acesso à tecnologias e a educação.

Unger destacou que, ao contrário de outras regiões do mundo, há uma agenda exclusivamente positiva no hemisfério ocidental, onde não entram guerras, conspiração ou terrorismo. "Estamos discutindo com os americanos uma série de alternativas possíveis. A nós interessa mudar o rumo da discussão mundial e trazer o foco para a economia real, para a produção e para a democratização do aparelho produtivo. E é melhor fazer isso junto com os Estados Unidos", acrescentou.

Para o presidente Lula da Silva, a reunião do G20 (grupo das 20 principais economias mundiais), em 2 de abril, em Londres, deve trazer uma decisão para solucionar a crise financeira mundial. “Vamos trabalhar mais do que vínhamos trabalhando, vamos viajar mais do que vínhamos viajando e vamos tentar ser mais criativos do que vínhamos sendo”, afirmou em entrevista, após discursar em um seminário para investidores estrangeiros em Nova Iorque.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: