Líder do CDS acusa extrema esquerda de vandalização de estátua em Lisboa

A estátua do Padre Antonio Vieira foi limpa pela equipe da Câmara de Lisboa.

Mundo Lusíada
Com Lusa

O líder do CDS-PP acusou nesta sexta-feira a extrema-esquerda de “vandalismo e terrorismo cultural” que motivou a vandalização da estátua do Padre António Vieira, em Lisboa.

“O CDS repudia veementemente a onda de vandalismo e terrorismo cultural que, infelizmente, parece ter chegado a Portugal pela mão de uma extrema-esquerda mimada, ignorante e que não dá a cara”, afirmou ao jornalistas.

Francisco Rodrigues dos Santos lamentou a vandalização da estátua do Padre António Vieira, que classificou como “o maior vulto da língua portuguesa do século XVII”.

O presidente dos centristas considerou que a ação foi motivada por uma “agressão perpetuada por estes grupos movidos pelo ódio, pelo radicalismo e pelo terrorismo cultural que pretendem julgar a história com base em ideologias recentes e reescrevê-la baseada em anacronismos”.

O líder centrista defendeu que o CDS estará sempre “na linha da frente na proteção da História e da memória coletiva” portuguesas, manifestando-se “contra julgamentos morais sobre o passado, contra o vandalismo e este tipo de manipulações”.

Terminou insistindo que “deve ser exercida a lei e a ordem” para que estes comportamentos “sejam censurados do ponto de vista público e não se voltam a repetir”.

Na quinta-feira o presidente do CDS-PP tinha anunciado que se a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não limpasse a estátua do Padre António Vieira, o próprio faria esse trabalho. Uma limpeza efetuada pela autarquia esta noite.

Instalada no Largo Trindade Coelho, próximo da zona do Bairro Alto, a instalação da estátua do Padre António Vieira resultou de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia, cuja sede se localiza naquele largo.

No dia da inauguração, a 22 de junho de 2017, o presidente da câmara, Fernando Medina, disse tratar-se de uma homenagem fundamental a “uma das maiores personalidades do pensamento” português até agora sem “a devida expressão de reconhecimento” na cidade.

No seguimento a morte do norte-americano George Floyd e das manifestações que se lhe seguiram, vários monumentos têm sido vandalizados e derrubados em cidades dos Estados Unidos, mas também na Europa, por serem associados ao racismo e a períodos da escravatura por alguns movimentos.

Chega

O deputado único do Chega perguntou ao Governo que medidas prevê para “reprimir e prevenir” atos de vandalismo a estátuas e monumentos, questionando se está disponível para criar uma “equipa policial especial” para lidar com este fenômeno.

Numa pergunta entregue no parlamento, e dirigida aos gabinetes do primeiro-ministro e do ministro da Administração Interna, André Ventura, que é também líder demissionário do Chega, refere que se sucedem “os casos de ameaças e efetivo vandalismo a estátuas, monumentos e locais de elevada simbologia histórica e cultural”, sem se referir em concreto à vandalização da estátua do padre António Vieira, em Lisboa, pintada com a palavra “coloniza”, em tinta vermelha.

“Inspirados em movimentos internacionais completamente alheios à realidade portuguesa, alguns grupos de ativismo fanático ou pura e simplesmente marginais, insistem num ataque sem precedentes à nossa memória coletiva, perpetrando ações vergonhosas contra a nossa história, para além dos avultados prejuízos materiais”, refere Ventura.

Esquerda

A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que a “pichagem” da estátua foi uma tentativa de “descredibilizar” o movimento anti-racista que saiu à rua no seguimento a morte do norte-americano George Floyd.

“Não faço a mínima ideia de quem é que achou boa ideia fazer uma pichagem na estátua. Quem o fez, tenta descredibilizar o movimento anti-racista, porque essa seria sempre a pior forma de lançar o debate”, apontou Catarina Martins.

“O Bloco de Esquerda revê-se, isso sim, nos milhares de jovens que saíram à rua pelos direitos humanos, para combater o racismo, pelos milhões que em todo o mundo querem que as pessoas sejam respeitadas, querem direitos humanos iguais. Esse é o grande combate anti-racista e este tipo de atos e discussões tenta descredibilizar esse movimento, que é um movimento muito sério, muito necessário, pela igualdade e pela dignidade”, disse ainda Catarina Martins.

Também o PCP condenou a vandalização da estátua em Lisboa, o ato em si e o que significa por “exacerbar sentimentos e conflitos” que “só servem objetivos reacionários”.

“Importa não permitir que este ato sirva para animar e inculcar na sociedade portuguesa um clima de conflitualidade racial sem sentido, iludindo o que o colonialismo representou do ponto de vista econômico e de classe em toda a sua dimensão”, lê-se num comunicado.

Para o PCP, “impõe-se hoje, como no passado, combater os fenômenos racistas e xenófobos e não alimentar atitudes que invocando combatê-los só contribuem para os promover” e “garantir os direitos econômicos e sociais para todos, independentemente da sua etnia ou nacionalidade.

“Esta é uma luta dos trabalhadores e do povo que exige unidade e convergência e não elementos de divisão e conflitualidade que só contribuem para a enfraquecer”, concluem os comunistas.

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