Julgamento: Ex-Primeiro-ministro afirma que acusações são falsas e vai defender-se

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ex-primeiro-ministro José Sócrates declarou nesta sexta-feira  que vai se defender dos crimes de lavagem de dinheiro pelos quais vai a julgamento no âmbito do processo Operação Marquês, afirmando que não são verdadeiros.

“O juiz decidiu levar-me a julgamento por três crimes de branqueamento e eu quero dizer em primeiro lugar que isso não é verdade e que me vou defender”, afirmou José Sócrates à saída do Campus da Justiça, no final da leitura da decisão instrutória.

O antigo chefe de Governo (entre 2005 e 2011) e o empresário Carlos Santos Silva vão a julgamento no processo Operação Marquês por “branqueamento de capitais” e outros crimes de falsificação de documentos.

“Prenderam e difamaram durante sete anos um inocente” declarou Sócrates à imprensa, reafirmando que todos os crimes de que foi acusado não existiram. “O que fizeram no dia 9 de setembro de 2014 foi uma manipulação no tribunal, foi escolhido um juiz que mais convinha ao Ministério Público” afirmou.

Processo

Dos 189 crimes que constavam na acusação da Operação Marquês, só 17 vão a julgamento, distribuídos por cinco dos 28 acusados, segundo a decisão instrutória da Operação Marquês, hoje conhecida.

Contudo no final da tarde decisão instrutória o procurador Rosário Teixeira anunciou que ia apresentar recurso da decisão para o tribunal da relação de Lisboa.

Dos 28 arguidos, dos quais 19 pessoas individuais e nove empresas, o juiz de instrução criminal Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex ministro Armando vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes econômicos e financeiros.

O ex motorista de Sócrates Joao Perna ficou pronunciado por detenção de arma proibida.

O juiz determinou ainda que Sócrates e Carlos Santos Silva sejam julgados em conjunto por um tribunal coletivo e que Salgado e Armando Vara sejam julgados em processos autônomos.

Em causa, estão verbas de 1,72 milhões de euros entregues pelo empresário e alegado testa-de-ferro a Sócrates, que, segundo a decisão instrutória hoje lida pelo juiz no Campus da Justiça, em Lisboa, não configuram o crime de corrupção, por estar prescrito, mas implicam três crimes de lavagem de dinheiro.

Além do branqueamento de capitais, Sócrates e Santos Silva estão pronunciados por três crimes de falsificação de documentos.

O juíz Ivo Rosa decidiu, no entanto, não pronunciar José Sócrates por crimes de fraude fiscal.

O ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES) Ricardo Salgado vai ser julgado por três crimes de abuso de confiança. A decisão iliba Salgado dos restantes crimes que lhe eram imputados: corrupção ativa de titular de cargo político (um), corrupção ativa (dois), lavagem de dinheiro (nove), falsificação de documento (três) e fraude fiscal qualificada (três).

Também Zeinal Bava, ex-presidente executivo da PT, foi ilibado de corrupção passiva e Armando Vara, ex-ministro socialista e antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos deixou de estar acusado de corrupção passiva de titular de cargo político.

Ivo Rosa ilibou igualmente Rui Horta e Costa, administrador não-executivo dos CTT, do crime de corrupção ativa de titular de cargo político e Henrique Granadeiro, ex-gestor da PT, do crime de corrupção passiva.

Seis anos após ter sido detido no aeroporto de Lisboa, o ex-primeiro-ministro José Sócrates e os outros 27 acusados da Operação Marquês sabem hoje sobre o julgamento e por quais crimes.

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