Iniciativa de Bush devia ter mais ambição, diz Durão Barroso

Iniciativa de Bush devia ter mais ambição, diz Durão Barroso Greenpeace e Amigos da Terra acusam Bush de “falta de seriedade” e querer fracassar as discussões internacionais sobre o aquecimento climático. Da Agencia Lusa O presidente da Comissão Européia da UE, José Manuel Durão Barroso, criticou a nova iniciativa do presidente norte-americano, George W. Bush, sobre o aquecimento global, e pediu mais "ambição", em uma entrevista divulgada na sexta-feira 01 de junho no Financial Times Deutschland. "É claro que temos necessidade de uma posição mais ambiciosa da parte dos Estados Unidos", declarou Durão Barroso, que participará da cúpula do G-8 (grupo dos sete países mais ricos – Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Japão – e a Rússia) em Heiligendamm, Alemanha entre 6 e 8 de junho, em que as alterações climáticas serão um dos principais temas. Durão Barroso afirmou não esperar da cúpula um acordo com obrigações concretas, mas adiantou esperar que "os Estados Unidos considerem este encontro como uma ocasião para uma contribuição para o sistema multilateral das Nações Unidas de proteção do clima". Bush propôs um novo ciclo de negociações com as grandes economias mundiais visando fixar um "objetivo mundial a longo prazo" de luta contra o aquecimento global. "Os Estados Unidos vão trabalhar com outros países para estabelecer um novo quadro para as emissões de gases com efeito de estufa quando expirar o protocolo de Kyoto, em 2012", disse Bush em Washington, adiantando que os norte-americanos terão uma série de reuniões com os principais países emissores de gases com efeito de estufa, "incluindo os países de crescimento econômico rápido, como a Índia e a China". O presidente norte-americano pretende que os 15 países que mais contaminam o ar no mundo se reúnam e determinem, até o final de 2008, uma meta de emissões de gases de efeito estufa. "Os EUA apostam muito nos mecanismos do mercado na luta contra as alterações climáticas e com razão", afirmou o presidente da Comissão Européia. "Mas os mecanismos do mercado só funcionam se existirem objetivos rigorosos", alertou, considerando que "enquanto grande emissor de gases tóxicos, os EUA têm naturalmente uma responsabilidade particular" Até agora, a administração Bush vem se recusando a aceitar os limites às emissões de gases definidos pelo protocolo de Kyoto, apontando a evolução tecnológica como solução para o problema. O plano apresentado nesta sexta por Bush incide nesse aspecto, propondo a eliminação das barreiras alfandegárias que dificultam a difusão de tecnologias "limpas". Para preparar o acordo, a Casa Branca convocará para uma reunião, no final do ano, em Washington, 14 países que, juntamente com os EUA, são responsáveis por 80% da contaminação no mundo. Afirmando que a atitude do governo Bush sobre o aquecimento global não tem futuro nos EUA, Durão Barroso assinalou que no Congresso norte-americano existe "um apoio muito visível a propostas mais ambiciosas". "Espero que se aconteçam avanços significativos em 2009 para o período após Kyoto", acrescentou o presidente da Comissão Européia. Progresso O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, também reconheceu que os EUA precisam fazer mais, ainda que assinalando que a iniciativa de Bush representa um progresso significativo. "Claro que quero que as coisas avancem verdadeiramente, mas é correto reconhecer o quão longe chegamos", disse Blair numa coletiva de imprensa na África do Sul, a última etapa de uma visita ao continente africano. "Pela primeira vez a América diz claramente que quer fazer parte do acordo. Pela primeira vez temos a possibilidade de um acordo global com a participação da América", salientou. Para o primeiro-ministro australiano, John Howard, "a iniciativa norte-americana é uma nova prova que um novo consenso internacional sobre o aquecimento climático está prestes a ser atingido". "Trata-se de uma verdadeira tentativa de sair do impasse político das negociações precedentes", considerou Howard. A Austrália é o único país industrializado, com os Estados Unidos, que não assinou o Protocolo de Kyoto. Retrocesso Por outro lado, as organizações de defesa do ambiente Greenpeace e Os Amigos da Terra acusaram na sexta, 01 de junho, o presidente George W. Bush de querer com a sua nova iniciativa fazer fracassar as discussões das instâncias internacionais sobre o aquecimento climático. "Esta tentativa do presidente (norte-americano) de apresentar sob uma outra forma a sua posição não funciona", disse um porta-voz da Greenpeace à agência AFP. "Tratando-se de destruição do ambiente, George Bush está numa divisão presidencial à parte. Querer agora se assumir como um dos principais guardiões do ambiente mostra bem como este homem tem falta de seriedade", adiantou. Segundo a Greenpeace, o presidente norte-americano devia "seguir um número crescente de Estados como a Califórnia que se comprometem com a comunidade internacional com reduções importantes das emissões de gases com efeito de estufa e não querer as diminuições voluntárias com um prazo indeterminado". Tony Juniper, diretor de Os Amigos da Terra, assinalou que a iniciativa de Bush só podia ser "considerada como uma tentativa transparente de fazer fracassar as discussões em curso no G-8 e nas Nações Unidas". "O que nos atrasa é a ausência de um acordo internacional e de políticas para o aplicar. O presidente Bush foi um obstáculo permanente à conclusão de um tal acordo e continua hoje a sê-lo", afirmou Juniper em um comunicado. Se quiser "ser levado a sério" em relação à questão, George W. Bush deve chegar à reunião do G-8 com vontade de negociar, disse Juniper. Leia mais >> Bush quer nova meta no combate ao aquecimento global

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: