Governo quer aproveitar presidência da UE para afirmar cultura portuguesa

Da Redação
Com Lusa

O Governo quer aproveitar o semestre em que assumirá a presidência da União Europeia em 2021 para afirmar a cultura portuguesa na Europa e no mundo, segundo a ministra da Cultura, Graça Fonseca.

A ministra, em Leiria, lembrou que Portugal assume a presidência da UE no primeiro semestre de 2021 e considerou que “este é um momento muito importante de afirmação cultural de Portugal na Europa, mas através da Europa, no mundo”.

“Procuraremos ao longo deste semestre ter aquilo que de melhor Portugal tem para apresentar ao mundo”, afirmou Graça Fonseca.

A ministra lançou o desafio a Leiria para garantir programação e atividades que possam depois ser aproveitadas na presidência da União Europeia, “para poder projetar a nível europeu”.

A par deste projeto de internacionalização da cultura portuguesa, Graça Freitas lembrou o trabalho da diplomacia cultural, que está a ser realizado num programa conjunto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

No domingo, foi inaugurada a Casa da Cidade Criativa da Música em Leiria, um espaço onde vai ser possível apresentar e potenciar projetos culturais, ter acesso a programas e residências artísticas no âmbito da Rede das Cidades Criativas da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), bem como encontrar parcerias e consultar documentação.

“A música é apenas um dos aspetos da criatividade ou da estratégia de uma cidade criativa, como Leiria se afirma. É uma dimensão muito importante, mas que entronca com muitas outras áreas da criatividade. As cidades e os países que colocam a criatividade no centro da sua estratégia de desenvolvimento social, econômico e de coesão territorial são sempre casos de sucesso”, sublinhou a ministra da Cultura.

A UNESCO designou Leiria como Cidade Criativa na área da Música em outubro.

“As redes internacionais, neste caso da UNESCO, são algo fundamental para a cultura, para os artistas e para o território. Portugal é um país com imenso talento, com artistas com muito talento, mas precisamos de projetar para além das nossas fronteiras”, reforçou Graça Fonseca.

Considerando que Portugal é um país com uma “dimensão média”, a governante entende que é preciso “colocar o talento naquilo que são as redes globais de talento e de criatividade” e a UNESCO é “uma ótima plataforma para o fazer”.

O Presidente da República não marcou presença, mas enviou um vídeo, onde considerou que “este é um momento grande para Leiria, porque arranca Leiria como uma cidade criativa da música no Dia Internacional da Música”.

“Não podia ser mais feliz a coincidência”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, que considerou Leiria “um exemplo de criatividade invetiva e imaginação, de espírito, de corpo, de participação cívica, de interação entre comunidades locais, sociedade civil e agentes culturais.”

“Aquilo que arranca hoje, arranca para perdurar no tempo, herda um passado cultural, herda uma tradição musical, mas visa, sobretudo, o futuro, as novas gerações. Por isso, tem o apoio entusiástico do Presidente da República Portuguesa”, disse.

O presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), afirmou que a Casa da Cidade Criativa da Música “é também uma casa que abre portas à ambição” da cidade ser Capital Europeia da Cultura em 2027.

O espaço, explicou, “junta as 11 bandas filarmônicas do concelho, os 13 coros, os 21 ranchos folclóricos, e ainda a multiplicidade de projetos inovadores que oferecem novas dimensões à música, seja no âmbito da educação, da saúde, do impacto social ou da arte pela arte”.

Setor na crise

Questionada sobre o impacto da crise da pandemia Covid-19 no setor da Cultura, a Ministra disse que o Governo está “a tentar fazer o melhor possível para responder com medidas concretas como aquelas que estão a ser debatidas no orçamento suplementar, para fazer face a esta situação de emergência, procurando ao mesmo tempo continuar a trabalhar e a construir medidas estruturantes para o futuro”.

O objetivo é preparar melhor o setor para situações como estas», avançando, por exemplo, com o estatuto do artista e a discussão das carreiras contributivas e condições laborais, segundo ela.

Antes de inaugurar a Casa Cidade Criativa da Música em Leiria, Graça Fonseca visitou a incubadora de indústrias criativas Serra, na Reixida, freguesia de Cortes, em Leiria, onde vários artistas trabalham em áreas desde a música às artes visuais ou ao audiovisual.

“Pareceu-me ser um bom exemplo. É uma parceria feliz entre uma associação privada, entre uma empresa muito importante aqui da região e, precisamente, ser algo que revela bem o que pode ser uma casa criativa e qual o impacto que uma casa, com diferentes projetos criativos, pode ter no território”, disse a Ministra.

Graça Fonseca elogiou ainda a forma como muitos dos criativos conseguiram reinventar-se e criar e trabalhar de forma diferente durante os «três meses difíceis que se viveram.

“Há o caso de um coletivo que até contratou mais uma pessoa durante este período. No fundo, o que procuraram fazer – e bem – foi pensar de forma muito rápida em como nos podemos adaptar a uma situação que ninguém estava à espera. Fizeram um trabalho extraordinário”, acrescentou.

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