Governo explica encerramento de postos na Alemanha, mas não convence comunidades

Da Redação
Com Lusa

O secretário de Estado das Comunidades deu “explicações sobre os critérios”, em 26 de janeiro, que conduziram ao encerramento de consulados na Alemanha, mas os argumentos “não convenceram” os conselheiros locais.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, reuniu-se em Düsseldorf, com quatro dos cinco conselheiros das comunidades portuguesas na Alemanha, para os “esclarecer” sobre a reestruturação consular, onde teve mais reuniões sobre a reestruturação consular e a reorganização do ensino do português no próximo ano letivo.
“Dei-lhes explicações sobre os critérios e as razões que justificaram o encerramento dos vice-consulados na Alemanha”, mais exatamente em Osnabrück e Frankfurt, referiu José Cesário.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou em 16 de novembro o encerramento de sete embaixadas e cinco postos consulares em França (Nantes, Clermont-Ferrand, Lille) e na Alemanha (Frankfurt e Osnabrück). Os postos consulares de Frankfurt e Osnabrück deixaram de fazer atendimento ao público em 13 de janeiro e deverão encerrar definitivamente até final de fevereiro.
Em declarações à Lusa, José Eduardo, conselheiro das comunidades em Frankfurt, insistiu nesse “descontentamento”, realçando que “os argumentos apresentados pelo secretário de Estado não convencem nenhum dos conselheiros, nem a comunidade portuguesa na Alemanha”. “São encerrados os dois consulados que custavam menos a Portugal e que prestavam mais serviços à comunidade”, criticou o conselheiro.
Segundo os dados relativos a 2010 que o Ministério dos Negócios Estrangeiros forneceu em resposta a uma pergunta do deputado socialista para a emigração, Paulo Pisco, a que a agência Lusa teve acesso, os vice-consulados de Osnabrück e Frankfurt registraram despesas de 251 mil e 455 mil euros e realizaram 5346 e 5301 atos consulares, respetivamente.
Por seu lado, os consulados de Estugarda e Hamburgo – que, juntamente com o de Düsseldorf, na Alemanha, e a seção consular de Berna, na Suíça, continuarão a servir os mais de 100 mil portugueses na Alemanha – apresentam despesas de 549 mil e 683 mil euros e tiveram um movimento de 4520 e 3326 atos consulares, respetivamente.
“Se o Governo queria pôr os consulados a fazer diplomacia económica, Frankfurt seria o último a fechar”, destacou José Eduardo, realçando que metade dos consulados que existem em Frankfurt são consulados-gerais, dada a “importância econômica” da cidade.
“Reconhecemos que há uma crise em Portugal mas não sentimos que somos responsáveis. As comunidades foram sempre utilizadas, durante as crises, para resolver os problemas de desemprego em Portugal e para ajudar, através das remessas”, recordou José Eduardo, salientando que, por isso, a comunidade não compreende “por que é que este Governo está a cortar nos aspetos mais importantes”, que são o “acompanhamento das comunidades através dos consulados e o ensino do português”.
Os conselheiros estão preocupados com o futuro do ensino do português, que consideram um “investimento”, mas que, “para o Governo, é um encargo”, disse José Eduardo.
O secretário de Estado José Cesário disse ainda que compreende a preocupação dos conselheiros com a “crise grande que o movimento associativo está a passar na Alemanha” e comprometeu-se a ajudar a mobilizar gente mais nova para a vida da comunidade e analisar projetos que reflitam sobre “o futuro desse mesmo movimento associativo”.

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