Governo dos Açores quer recuperar ligação com novas gerações de emigrantes

Da Redação com Lusa

O vice-presidente do Governo Regional dos Açores defendeu que a região tem de se dar a conhecer junto das segundas e terceiras gerações de emigrantes, destacando o papel dos órgãos de comunicação da diáspora.

“Os órgãos de comunicação social devem contribuir para que essa mensagem passe nos Estados Unidos. Para perceberem que os Açores, hoje em dia, não são os Açores do tempo dos seus avós. Têm investigação ao nível do espaço, do mar, das energias renováveis, e dão contributos importantes nestas áreas”, disse o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.

O governante falava, em declarações aos jornalistas, no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo, onde recebeu diretores de órgãos de comunicação social dos Estados Unidos da América e do Canadá.

O vice-presidente do executivo açoriano, que até ao mês passado tutelava as comunidades, considerou que é preciso recuperar a ligação das novas gerações de emigrantes aos Açores, que “está perdida”.

“As festas [tradicionais] já não lhes dizem nada. Diziam ao avô, diziam um bocadinho ao pai, mas já não dizem ao filho. Tenho a sensação de que muitos deles já perderam essa ligação e muitos deles, que vivem na América, preferem ir passar férias a Tampa e a Miami do que aos Açores”, explicou.

“É preciso dar-lhes a entender que os Açores já têm bons hotéis, têm boas condições de os receber e que não são os Açores que eles veem das fotografias e dos vídeos antigos que têm em casa dos avós”, acrescentou.

O governante defendeu ainda a criação de parcerias com universidades norte-americanas, para atrair cientistas lusodescendentes para os Açores.

“Temos grandes cientistas açorianos ou lusodescendentes. É preciso fazê-los perceber que têm aqui também possibilidades de investigação e colaboração, nomeadamente com a Universidade dos Açores, quer ao nível das ciências humanas, quer ao nível da sociologia, mas sobretudo do mar e do espaço”, frisou.

Para Diniz Borges, do jornal Tribuna Portuguesa, dos Estados Unidos da América, os órgãos de comunicação social da diáspora têm de repensar os seus conteúdos para chegar às novas gerações, mesmo que isso implique comunicar em inglês.

“Há que dar a conhecer os novos Açores à diáspora e os órgãos de comunicação social da diáspora também terão de se reinventar, com novas metodologias, novos formatos e novos conteúdos e também trazer a nova diáspora que muitas vezes é desconhecida dos Açores. A açorianidade não pode ficar apenas nas nove ilhas”, salientou.

O Tribuna Portuguesa é único jornal português na costa oeste dos Estados Unidos e tem “assinantes em 204 cidades da Califórnia e 25 estados”.

Em New Bedford, no estado de Massachusetts (EUA), a rádio WJFD está prestes a comemorar 50 anos e comunica 24 horas por dia em português, “para uma comunidade de meio milhão de portugueses”.

Paulina Arruda, proprietária da rádio, identifica problemas semelhantes aos encontrados na comunicação social regional: a adaptação às novas tecnologias e a falta de publicidade.

“O mercado português é uma nova geração. Alguns negócios portugueses já estão desaparecendo. Cada vez mais tempos de ir atrás dos mercados americanos”, avançou, acrescentando que a primeira geração “está reduzida” e é preciso “atrair” a segunda e terceira gerações.

Diretores e colaboradores de 13 órgãos de comunicação social dos Estados Unidos e Canadá iniciaram segunda-feira uma visita aos Açores, que se prolonga até sexta-feira.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: