Mundo Lusíada
Neste dia 19, aconteceu a primeira reunião ministerial do Grupo de Pesquisa e Inovação do G20, em Manaus, capital do Amazonas, após quatro ciclos de reuniões técnicas que ocorreram ao longo do ano tanto de forma virtual como em outros estados brasileiros. Após dois ciclos de encontro no modelo de Iniciativa do G20, nas presidências da Indonésia (2022) e da Índia (2023), esta é a primeira reunião ministerial em Pesquisa e Inovação no maior fórum de cooperação econômica internacional do mundo.
Por impossibilidade do Ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal se deslocar ao Brasil, o Embaixador Luis Faro Ramos assumiu a chefia da Delegação Portuguesa. “Aqui se discutem assuntos da maior importância, como a cooperação internacional na inovação aberta e na ciência aberta. Devemos caminhar para políticas mais inclusivas e abrangentes. E valorizar a dimensão da língua portuguesa, pois pela primeira vez estão presentes no G20 três países da CPLP – Angola, Brasil e Portugal” defendeu o embaixador de Portugal no Brasil.
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A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos, deu destaque a necessidade de uma maior simetria em acesso e produção de ciência e tecnologia no cenário internacional. “Nosso objetivo é avançar na construção de soluções para acesso e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento, reduzindo desigualdades e promovendo um movimento econômico inclusivo, justo e sustentável”, colocou Luciana Santos, do MCTI, aos inicio dos trabalhos.
Luciana Santos salientou que o “G20 é essencial para definir ações globais em pesquisa e para superar desigualdades e assimetrias mundiais no acesso e produção científica e tecnológica” e apresentou os impactos negativos destas desigualdades. A ministra explanou que as assimetrias levam a respostas ineficazes a problemas como os das mudanças climáticas e crises de saúde, citando exemplos emblemáticos no cenário nacional como de fabricação de respiradores durante a pandemia de Covid-19 e de serviços relacionados ao enfrentamento das enchentes no sul do país em maio deste ano e no momento a situação de seca crítica nos biomas Amazônia e Cerrado, decorrentes de eventos climáticos extremos.
Por fim, a ministra também tratou dos tópicos de inteligência artificial, como tecnologia emergente, e do acesso a mercados de baixo carbono, com informações de um relatório que indica que países da América Latina e da África Subsariana podem perder a oportunidades no mercado pela falta de regras comerciais favoráveis e dos entraves na reforma dos direitos de propriedade da intelectual, o que facilitaria a transferência de tecnologia para estas nações. “Estes países precisam de condições e capacidades tecnológicas equivalentes para reduzir os custos e tornarem suas matrizes energéticas mais limpas e renováveis, respondendo às múltiplas crises”, finalizou ela.
Já o governador Wilson Lima destacou os investimentos realizados pelo Governo do Amazonas em ciência e tecnologia voltados para cadeias produtivas sustentáveis, bioeconomia e defesa do meio ambiente. “Enquanto o mundo está discutindo metaverso, inteligência artificial, no interior da Amazônia nós estamos em busca das inovações do século 18, como água, comunicação, energia, tratamento de esgoto, destinação do lixo. Através da ciência é possível que a gente encontre soluções, dispositivos, ações para diminuir esse efeito das mudanças climáticas”, afirmou Wilson Lima.
Na reunião do G20, o governador pontuou ações produtivas como o manejo do pirarucu, jacaré e quelônios, projetos de manejo não madeireiro, turismo de base comunitária, entre outras medidas adotadas pelo Governo do Amazonas para garantir o desenvolvimento da região sem a pressão contra a floresta.
Lideranças da Índia, África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Indonésia, Itália, Japão, Coréia do Sul, Rússia, Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, México, Angola, Egito, Portugal, Singapura, Espanha, Suíça e Noruega também estiveram presentes na reunião.
Floresta Amazônica
Um programa científico do Ministério, o AmazonFACE, foi apresentado na quarta-feira (18) para os delegados que participam, em Manaus da reunião técnica e do encontro ministerial do G20. Representantes de 27 delegações estrangeiras participaram da atividade, que integra a programação oficial do encontro multilateral.
Os representantes das delegações visitaram o local do experimento, localizado a 80 km de Manaus na zona florestal de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica (Inpa). A visita incluiu um ‘sobrevoo’ no guindaste de 45 metros de altura, que permitiu avistar a floresta e toda a infraestrutura do experimento. A visita ao campo foi realizada no dia seguinte ao lançamento do Plano Científico do AmazonFACE, que estabelece as prioridades de pesquisa dos próximos cinco anos, período de 2025 a 2030 que engloba a fase II do experimento. O programa se iniciou em 2014. O governo brasileiro está investindo inicialmente R$ 32 milhões nesta nova fase.
O programa científico se dedica a compreender o que acontecerá com a maior floresta tropical no futuro diante da mudança ambiental global. O experimento de campo utiliza a tecnologia FACE (acrônimo em inglês para free air CO2 enrichment ou enriquecimento de CO2 ao ar livre) e consiste em simular o aumento de 50% na concentração de dióxido de carbono na atmosfera comparado ao atual (420 ppm).
A expectativa é de que o programa gere dados pelos próximos dez anos. A combinação da experimentação na floresta e dos modelos matemáticos tem o objetivo de trazer respostas-chave para entender o futuro da floresta amazônica diante da mudança do clima. Esta é a primeira vez que a tecnologia de enriquecimento de dióxido de carbono será aplicada em uma floresta tropical.