Em visita oficial, os reis da Holanda andam de elétrico por Lisboa

Foto Manuel De Almeida/lusa

Da Redação
Com Lusa

Os reis da Holanda, Guilherme Alexandre e Máxima, iniciaram esta terça-feira uma visita de Estado de três dias a Portugal com um programa de encontros institucionais, contatos empresariais e visitas culturais.

A visita de Estado iniciou-se com a tradicional cerimônia de boas-vindas na Praça do Império, com guarda de honra, salvas e os hinos nacionais dos dois países, seguida de um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

Os reis seguiram depois para a Assembleia da República e de lá para a Câmara Municipal de Lisboa. Seguiu-se um passeio pelo centro da capital, primeiro a pé, da Praça do Município à Praça do Comércio, depois de elétrico, até à Mouraria, e novamente a pé, com uma visita ao Arquivo Fotográfico Municipal, no Martim Moniz, e às residências artísticas do Largo do Intendente.

O primeiro dia terminou com um jantar oferecido pelo Presidente português no Palácio da Ajuda.

Na quarta-feira, Guilherme e Máxima visitam a Fundação Champalimaud, almoçam com empresários no Centro Cultural de Belém e visitam o Museu Nacional de Arte Antiga para inaugurar uma exposição de obras de artistas holandeses e de coleções de casas reais intitulada “Rembrandt — Elos perdidos”. Além de recepcionados pelo primeiro-ministro, António Costa, na residência oficial.

O último dia da visita é passado em Alverca, onde os reis da Holanda visitam a indústria aeronáutica OGMA e a Escola Nacional de Bombeiros, e na vila de Sintra.

Filho da rainha Beatriz, Guilherme Alexandre acedeu ao trono dos Países Baixos em 2013, quando a mãe abdicou, tornando-se o primeiro herdeiro masculino a aceder ao trono holandês desde 1890. Atualmente com 50 anos, Guilherme é segundo monarca mais jovem da Europa, depois de Filipe VI de Espanha, que tem 49.

Novo impulso

Numa declaração na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “a dimensão econômica” das relações entre Portugal e os Países Baixos, “apesar de ser já significativa, tem ainda espaço para crescer e para se diversificar”.

“A missão empresarial que se realiza em paralelo com esta visita de Estado vai permitir dar a conhecer um Portugal moderno, tecnologicamente avançado em áreas como o setor aeronáutico, a engenharia do ambiente, as energias renováveis. Eis o tom perfeito para uma visita de Estado que, tenho a certeza, contribuirá para dar um novo impulso às relações fraternais entre Portugal e o grande país que são os Países Baixos”, considerou.

Com o rei Willem-Alexander ao seu lado, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que, em termos políticos, os dois países convergem “em temas essenciais, como a agenda 2030, os oceanos, as alterações climáticas, as migrações, a segurança e a defesa, a pertença à União Europeia e à NATO, o multilateralismo, a cooperação, os direitos humanos”.

No plano social, sustentou que existe uma “crescente proximidade” entre o povo português e o povo neerlandês, “que hoje se entendem como nunca antes no passado, fruto da liberdade de circulação, do programa Erasmus, da vontade de conhecer o outro que sempre caracterizou portugueses e holandeses”.

Dirigindo-se aos reis dos Países Baixos, o Presidente da República acrescentou: “E que, no caso de suas majestades, tem também um fundamento histórico, fruto dos laços familiares que têm com Portugal e que vêm do começo da nossa nacionalidade, do nosso primeiro, do nosso segundo e do nosso quinto reis, todos da primeira dinastia”.

No início da sua declaração, Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que esta visita de Estado acontece 27 anos depois da visita da rainha Beatriz a Portugal e 28 anos depois da visita do Presidente Mário Soares aos Países Baixos. Marcelo Rebelo de Sousa ofereceu aos reis dos Países Baixos duas talhas da Vista Alegre e uns brincos em filigrana portuguesa, disse à Lusa fonte da Presidência da República.

Parceiro crucial

O rei Willem-Alexander elogiou a história de Portugal, como país “pioneiro” que tornou possível o comércio marítimo mundial, e também o presente, afirmando que “há muita coisa a aprender com os portugueses”. “Olhamos com admiração para o seu desempenho em energia renovável, em tecnologia ambiental e na construção de aeronaves”, acrescentou o monarca, defendendo que “uma maior cooperação fortalecerá os dois países” e poderá ser explorada “com as empresas e instituições de conhecimento” que o acompanham nesta visita de Estado a Portugal.

No entanto, o rei dos Países Baixos referiu também que “Portugal conheceu tempos difíceis, no passado e no presente”, numa alusão ao recente de período de assistência externa. No seu entender, “as reformas necessárias tiveram um grande impacto na vida dos portugueses” e “são medidas dolorosas, mas que ao mesmo tempo permitem inovar”.

O rei Willem-Alexander declarou que portugueses e neerlandeses são “aliados naturais, ligados por mar” e apontou Portugal como “um parceiro crucial na UE”. “Numa altura em que em muitos países se duvida do valor da cooperação internacional, Portugal está na vanguarda da abertura, da inclusão e da união de forças. Os Países Baixos estão ao seu lado na Europa, na NATO e nas Nações Unidas”.

No final da sua intervenção, feita em inglês, o rei dos Países Baixos considerou que “Portugal é conhecido como um país que possui a virtude da modéstia, mas tem todos os motivos para irradiar autoconfiança”.

“Portugal deu aos Países Baixos, à Europa e ao mundo muitas coisas bonitas e valiosas. A sua história também nos marcou, a sua competência também nos ajuda a continuar, a sua cultura também toca a nossa alma”, concluiu, agradecendo a Marcelo Rebelo de Sousa a forma “extremamente afável” como o recebeu e à rainha Máxima.

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