Em meio a protestos, Merkel visita Lisboa

Mundo Lusíada
Com Lusa

 Foto: ANTONIO COTRIM/LUSA

 

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse em 12 de novembro estar convencida de que Portugal vai conseguir cumprir o memorando de entendimento com a ‘troika’ e de que a sexta parcela do empréstimo internacional deverá ser desembolsada.

“Portugal vai conseguir cumprir o memorando de entendimento com a troika”, constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, afirmou Merkel à imprensa após um encontro com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, em Oeiras.

Merkel afirmou que as cinco avaliações feitas até agora “foram positivas” e que “o programa está a ser cumprido”, pelo que acredita que “a sexta parcela deve ser desembolsada”. “Tudo farei para que Portugal tenha um final feliz e para que nos entendamos na Europa”, disse Angela Merkel.

Merkel afirmou que a Alemanha não está interessada numa situação de recessão nos países mais atingidos pela crise na Europa. Questionada sobre os limites da austeridade nos países em dificuldades, Merkel admitiu que a Alemanha poderá ser atingida por essa situação, dado que 60% das suas exportações se fazem no mercado da União Europeia.

“Estamos interessados em que se reganhe a confiança”, disse a chanceler, que apontou a necessidade de “orçamentos sólidos” e de reformas para que isso aconteça. Ela afirmou também não haver motivos para Portugal renegociar com a ‘troika’ ou pedir novo resgate, elogiando a coragem com que o Governo faz o ajustamento financeiro.

 Foto: MARIO CRUZ/LUSA

Angela Merkel defendeu também que é preciso aumentar a competitividade na Europa e apontou diversas vezes o forte crescimento que se registra em países como a China e a Índia.

A chanceler cumpre um programa de cinco horas que inclui reuniões com o Presidente da República, no Palácio de Belém, com o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros, no Forte de S. Julião, e com empresários dos dois países, no Centro Cultural de Belém.

Protestos

A chanceler alemã, Angela Merkel, tem pelo menos duas manifestações de protesto contra a austeridade a recebê-la em Lisboa, somado a outras concentrações e iniciativas em diversas cidades do país.

Estão oficialmente autorizados duas manifestações em Lisboa, uma organizada pela CGTP e outra pelo movimento “Que se lixe a ‘troika’”, a que vão aderir outras estruturas que têm promovido protestos contra a austeridade nos últimos meses, como a Associação de Combate à Precariedade.

Os signatários do movimento “Que se lixe a ‘troika’” organizam uma manifestação sob o lema “A Merkel Não Manda Aqui”. A concentração acontece no Largo do Calvário, seguindo os manifestantes para os jardins de Belém, onde querem estar à chegada da chanceler alemã ao Palácio de Belém.

Os autores da iniciativa apelam também à mobilização da população em todo o país para que o dia fique marcado por protestos nos locais de trabalho, nas escolas, nas ruas e nos estabelecimentos comerciais, pedindo ao uso de “braçadeiras negras ou panos negros nas casas e nos carros”.

A central sindical CGTP promove também, em Lisboa, uma manifestação no Largo de Camões, seguindo para a residência oficial do primeiro-ministro, em S.Bento, que deverá contar com a presença do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

A CGTP promove também concentrações, durante a tarde de segunda-feira, em Braga, Porto, Faro e na Madeira.

Filme

O filme sobre Portugal que as autoridades alemãs recusaram apresentar em Berlim vai ser exibido nos painéis do Turismo de Lisboa, acompanhando a visita da chanceler alemã à capital portuguesa.

O filme, intitulado “Eu sou um berlinense” (“Ich bin ein Berliner”) pretendia apresentar aos alemães alguns dados sobre a realidade portuguesa das últimas quatro décadas, num resumo de quase cinco minutos.

Os autores tinham comprado espaço em locais na Alemanha para a exibição do filme durante este fim de semana, antes da visita de Merkel a Portugal, mas a sua difusão não foi autorizada porque as autoridades alemãs consideraram que a mensagem “era politizada”.

O ‘bloguer’ Rodrigo Moita de Deus, autor do filme, afirmou que a intenção não é ofender os alemães, mas fazê-los compreender um pouco mais a realidade em que vivem os portugueses.

A embaixada da Alemanha em Lisboa disse que apenas no domingo tomou conhecimento do filme sobre Portugal.

Rodrigo Moita de Deus manifestou o seu protesto numa carta ao embaixador alemão em Portugal, na qual salienta que “todos os dados referidos no filme são fatos históricos facilmente comprováveis e dados estatísticos.

“Nem antes nem após esta transmissão houve quaisquer contatos com o embaixador, nem com outros colaboradores competentes da embaixada, em que este vídeo tenha tido algum papel”, acrescenta Nota da Embaixada em resposta ao caso. “Assim sendo, a sua transmissão não pode ter sido ‘impedida’ pela embaixada. A embaixada, assim como todos os órgãos oficiais alemães, defende a liberdade de opinião e de informação”, conclui a nota.

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