Em homenagem em Pedrógão, presidente se diz orgulhoso dos que fazem “novas todas as coisas”

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (C), acompanhado pelo artista plástico autor do monumento “Fonte da Vida”, João Viola (2-D) e sua mulher e vice-presidente da AVIPG, Dina Duarte (D), durante inauguração do monumento em homenagem ás vitimas do incêndio de 17 junho de 2017, em Nodeirinho, Pedrógão Grande, 17 de junho de 2018. PAULO CUNHA/LUSA

Da Redação
Com Lusa

No dia 17, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se orgulhoso por ser o Presidente da República de pessoas como as da comunidade de Nodeirinho e de outras aldeias afetadas pelo fogo de Pedrógão Grande no último ano, por “fazerem novas todas as coisas”.

Na inauguração do memorial construído junto à fonte onde há um ano se salvaram várias pessoas em Nodeirinho, Marcelo Rebelo de Sousa vincou, por mais uma vez, a capacidade de superação das comunidades afetadas.

“Tenho muita honra em ser o Presidente de portugueses e portuguesas como vós sois. É um motivo de profundo orgulho saber da vossa coragem, da vossa determinação, da vossa vontade de fazer novas todas as coisas”, disse o chefe de Estado, dirigindo-se à população de Nodeirinho, pequena aldeia onde estavam muito mais pessoas do que os seus 35 habitantes.

Marcelo Rebelo de Sousa fazia referência ao verso bíblico “Eis que faço novas todas as coisas”, presente no memorial inaugurado e pensado pelo pintor local João Viola, que procurou criar um “monumento à vida”, onde não são esquecidas nem as 11 vítimas mortais da aldeia, nem as árvores e animais que também morreram há um ano, na sequência do incêndio.

“A frase diz tudo: eis que faço novas todas as coisas. Eis que transformo o luto, a morte, a dor em vida. É o que faz este monumento e é o que faz esta comunidade toda e que se alarga a outras comunidades à volta, e a um concelho e a vários concelhos e que infelizmente depois se alargou a muitos outros concelhos, em outubro”, frisou o Presidente da República.

Há um ano, quando Marcelo passou pelo tanque que ali salvou vidas, pôde verificar como aquela fonte “tinha sido essencial para salvar a vida de tanta gente” e como a solidariedade no dia 17 de junho foi fundamental para salvar outras pessoas.

“Infelizmente, houve casos em que nem a solidariedade nem o tanque foram suficientes e, portanto, estão na nossa memória aquelas e aqueles que não puderam concretizar esse sonho de vida”, notou.

Num dia de luto, mas também de “olhar para o futuro”, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o renascer no território afetado começou “praticamente logo” a seguir ao incêndio.

“As pessoas começaram a juntar-se, começaram a ver que era possível reconstruir, em termos de obras, mas sobretudo refazer, em termos de vida. Foram todos excecionais com todos. Foram resistentes, mas resistentes em conjunto. Quando sentiam que alguém ficara para trás ou para o lado – mais sozinho ou mais isolado – davam-lhe a mão”, salientou.

Nesse sentido, no dia em que se assinala um ano do grande incêndio de Pedrógão Grande, que provocou a morte de 66 pessoas, fez questão de passar em Nodeirinho, uma aldeia que considera um exemplo dessa vontade de renascer, “dia após dia, semana após semana, mês após mês, e que está viva e que está presente neste memorial”.

O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.

As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.

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