Em Cimeira, Costa elogia “multilateralismo” do Brasil e diz que Portugal fornecerá vacinas a Andorra

Mundo Lusíada
Com Lusa

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, elogiou o “compromisso pelo multilateralismo” assumido pelo Brasil na Cimeira Ibero-Americana e anunciou que Portugal vai juntar-se a Espanha e França no fornecimento de vacinas contra covid-19 a Andorra.

Estas posições foram transmitidas por António Costa no final da XXVII Cimeira Ibero-Americana, numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o seu ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Houve um apoio generalizado à proposta que o presidente do Conselho Europeu [Charles Michel] tem desenvolvido no sentido de haver um tratado internacional sobre as pandemias, de forma a que no futuro estejamos melhor preparados para evitar situações como a atual”, declarou o primeiro-ministro, numa alusão a um dos temas centrais do discurso que proferira horas antes.

Em relação à vacinação, o líder do executivo disse que Portugal, através do mecanismo Covax, tem contribuído para a sua distribuição, designadamente fazendo uma reserva de cinco por cento das vacinas para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.

“Tive hoje a oportunidade de transmitir ao Governo de Andorra, país que tem 10% da população de origem portuguesa, que iremos disponibilizar também vacinas, juntando-nos ao apoio que a França e Espanha já prestam” a este principado que não faz parte da União Europeia, referiu António Costa.

O primeiro-ministro considerou ainda que nesta cimeira foi “gratificante ouvir o Governo brasileiro”, através de um responsável do Ministério das Relações Exteriores, “agradecer expressamente o grande esforço que a indústria portuguesa está a fazer parte assegurar o abastecimento de anestésicos fundamentais para a entubação de doentes de covid-19 em unidades de cuidados intensivos”.

Mas António Costa foi ainda mais longe: “Quero aqui saudar o regresso do Brasil a uma posição ativa nestas cimeiras, designadamente a declaração muito claramente expressa do seu compromisso com o multilateralismo no quadro ibero-americano”.

“Para nós, isso é muito reconfortantes, porque assim não seremos os únicos a falar português”, comentou.

Na conferencia de imprensa, António Costa, assim como o ministro Augusto Santos Silva, destacaram o arranque do acordo subscrito por oito Estados ibero-americanos para a livre circulação de talentos, desde estudantes, licenciados ou quadros qualificados.

Em relação à presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o primeiro-ministro disse esperar avançar até junho com a conclusão de acordos com o México e Chile, mas também “dar um passo em frente para o acordo com o Mercosul”.

“Será o maior acordo econômico do mundo”, acrescentou Antonio Costa.

Brasil promete vacinas

O Brasil reiterou, diante da Cimeira Ibero-Americana e com uma representação que não era de alto nível, o seu compromisso de fornecer vacinas contra a covid-19 a “países irmãos num futuro não distante”.

O Brasil “está a trabalhar para um acesso equitativo de todos os países às vacinas”, disse o secretário brasileiro de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, na sua intervenção virtual.

O secretário representou, na Cimeira em Andorra, o Governo de Jair Bolsonaro, que assumiu o poder em janeiro de 2019. Na reunião anterior, em novembro de 2018, na Guatemala, o Brasil foi representado pelo então Presidente Michel Temer.

Na sua exposição, Nóbrega falou sobre a necessidade de reforçar a “diplomacia da saúde” para favorecer o acesso às vacinas contra a covid-19 aos países menos desenvolvidos, trabalho em que o Brasil pode somar os seus esforços.

A partir de meados deste ano, o Brasil será autossuficiente na vacina contra a covid-19, disse o diplomata, o que “abre a perspetiva de uma maior contribuição brasileira para o fornecimento de vacinas num futuro não distante”.

Nóbrega recordou que o Brasil está na “fase mais difícil” do combate à pandemia do novo coronavírus, que já fez 378 mil mortes e 14 milhões de infectados, e lembrou que para lutar contra esse mal “não há atalhos” fora da ciência.

O diplomata aproveitou para agradecer a Espanha o recente anúncio da doação de equipamentos e medicamentos de intubação para hospitais brasileiros e destacou as vantagens do programa nacional de imunização, responsável pela atual vacinação contra a doença no país sul-americano.

Nóbrega esclareceu, no início da sua apresentação, que a participação de seu país na Cimeira “não implica o reconhecimento do regime ilegítimo de Nicolás Maduro” na Venezuela, posição que vem mantendo o Governo de Jair Bolsonaro, líder de extrema-direita.

Já numa reunião ministerial ibero-americana realizada em 01 de dezembro de 2020, o então ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, protestou contra a presença de diplomatas do “regime ditatorial” da Venezuela junto a “representantes de nações livres”.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: