Em Brasília, Luís Amado pede diálogo político

Em Lisboa, na mesma data, o presidente português considera que Portugal e Brasil ainda têm "muito a fazer em defesa dos interesses comuns".

Mundo Lusíada Com Lusa

Gustavo Magalhães – AIG/MRE

>> Embaixador Celso Amorim recebe o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, em Brasília, 10 de Outubro.

Em visita oficial ao Brasil, o ministro português das Relações Exteriores, Luís Amado, defendeu o diálogo político e estratégico entre os governos de Portugal e Brasil, para enfrentarem a crise financeira mundial.

"Vamos dar uma grande importância às relações bilaterais entre Portugal e Brasil no contexto de uma situação internacional que está em mudança muito rápida e em que o diálogo político e estratégico entre os dois países é importante para enfrentarmos os problemas comuns", afirmou Amado, após um encontro com o chanceler Celso Amorim, no Palácio do Itamaraty.

Além de ter o intuito de preparar a 9ª cúpula Brasil-Portugal, que acontece em Salvador em 28 de outubro, a reunião dos dois ministros foi marcada pela preocupação com a crise internacional.

"É preciso um esforço global para enfrentar a crise, diálogo multilateral em todos os níveis, no âmbito regional e das organizações internacionais. Não há nenhum país isoladamente que possa fazer face a esta situação", destacou o ministro luso.

Celso Amorim disse que houve grande afinidade na conversa com Luís Amado sobre a necessidade de uma "reforma ampla da governança global". "Não só o Conselho de Segurança mas todas as instituições de Bretton Woods têm que ser reformadas de maneira profunda. Algumas, na sua composição ou na maneira de votação mas outras também na sua própria missão", o chanceler brasileiro.

Amorim disse que existe atualmente uma "desordem econômica" mundial e defendeu a criação de uma autoridade monetária "verdadeiramente internacional", além da retomada das negociações da rodada Doha.

Cavaco: Portugal e Brasil têm "muito a fazer" Na mesma sexta-feira, em Lisboa, o presidente português Aníbal Cavaco Silva, considerou que Portugal e o Brasil ainda têm "muito a fazer em defesa dos interesses comuns", defendendo o reforço das relações econômicas entre ambos.

Durante um encontro com o Grupo de Líderes Empresariais do Brasil – Lide, recebido no Palácio de Belém, o presidente congratulou-se com a realização do meeting internacional sobre telecomunicações e energia e que juntou empresários portugueses e brasileiros. Segundo ele, uma ocasião que não poderá deixar de dar o seu contributo para o reforço das já "excelentes" relações políticas entre Portugal e o Brasil.

"No campo das relações econômicas o caminho que tem sido percorrido tem uma tendência ascendente", salientou, recordando, contudo, que as relações econômicas entre Portugal e o Brasil já não se limitam ao setor do turismo.

Por outro lado, acrescentou, "os laços de afeto" que unem os dois países são evidentes, nomeadamente na "partilha de valores e interesses comuns". "No meio das dificuldades, há algo que nunca será tocado: a relação especial entre os dois países", afirmou, depois de falar das dificuldades que todos os países enfrentam em resultado da crise financeira.

Manifestando o seu "orgulho" na grande potência econômica e política em que o Brasil se transformou, Cavaco lembrou que no seu discurso na Assembléia-Geral das Nações Unidas, defendeu um assento permanente do Brasil no conselho de segurança da ONU.

Ainda antes da intervenção de Cavaco Silva, o presidente do Congresso brasileiro, Geribaldi Alves Filho, destacou o investimento que Portugal está neste momento a realizar no Brasil e a obrigação que também os brasileiros têm de investir lá. "Sentimos que há uma obrigação de, por mais que tenhamos investido em Portugal, investir ainda mais", salientou.

Falando perante uma delegação que integrava cinco senadores brasileiros, dois ministros e um grupo de empresários que, direta ou indiretamente, representam 40% do PIB do Brasil, Geribaldi Alves Filho sublinhou a importância dos investimentos entre Portugal e o Brasil "não arrefecerem, mesmo perante a crise que se atravessa".

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