Eleições: Suspeitas de irregularidades em Macau “sem substrato”

Da Redação
Com Lusa

Macau_ChinaO cabeça-de-lista do Nós, Cidadãos! pelo círculo fora Europa nas legislativas, José Pereira Coutinho, declarou que as suspeitas de irregularidades na votação em Macau “não têm substrato” e que “tudo está em ordem”.

“A entidade [Comissão Nacional de Eleições] é soberana, os votos foram contados e foram admitidos, portanto, tudo está em ordem. Não tenho nenhum comentário a fazer sobre essas questões que não têm substrato e acontecem em qualquer eleição”, afirmou à Lusa Pereira Coutinho, que reside em Macau.

Na quarta-feira, o deputado socialista reeleito Paulo Pisco defendeu que deve ser investigado o processo eleitoral dos emigrantes nas legislativas, com base na votação “atípica” em Macau, onde a coligação PSD/CDS e o PS obtiveram resultados significativamente baixos.

“Houve uma votação atípica na mesa 16 e algo não bate certo, pelo que deve ser investigado”, disse o deputado socialista, pouco depois de apurados os resultados provisórios da votação das eleições legislativas de dia 04 de outubro nos círculos da emigração.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) indicou porém que tais suspeitas são impossíveis de apreciar porque os escrutinadores não separaram os respectivos boletins.

“Houve uma situação em que, pela letra, pela tinta, pela forma de símbolos, que só nos chegou por falarem nisso, porque por escrito não apareceu nada, havia a suspeita de que tivesse havido manipulação dos boletins de voto, ou pelo menos que alguém tenha votado por uma série de pessoas”, explicou o porta-voz da CNE, João Almeida.

“O que é fato é que nos chegou um protesto mas, na mesa, quem protestou não garantiu, e a mesa não o fez, a separação desses boletins de voto. Mesmo que houvesse alguma razão para os apreciar era impossível destrinçá-los de todos os votos considerados válidos. O reclamante disse que esta situação «faz supor que», mas não há nada em nenhuma lei que nos permita declarar nulos alguns votos por supor alguma coisa”, acrescentou.

Afirmando-se “extremamente contente com o resultado final”, Pereira Coutinho pôs antes a tónica no “envio tardio das cartas com os votos”, motivo pelo qual o Nós, Cidadãos! já anunciou que vai pedir impugnação da votação.

“Não nos podemos esquecer da remessa que chegou no dia 30 [de setembro]. Como é que uma pessoa pode votar se recebe o boletim de voto no dia 30, tendo em conta os quatro feriados”, disse, referindo-se aos feriados do Dia Nacional da China.

“Nós vamos impugnar, vamos até ao fim. Não podemos deixar passar esta situação, é uma vergonha para Portugal. A imagem de Portugal está estragada na China. E a China é uma superpotência económica mundial. É uma pouca-vergonha e eu como português fico envergonhado com essa situação”, lamentou, acrescentando que presume que os envios tardios tenham sido propositados “para favorecer o partido vencedor”.

O Nós, Cidadãos! foi a segunda força política mais votada no círculo fora da Europa, com 2.631 votos, atrás da coligação Portugal à Frente. Na China, o Nós, Cidadãos! foi o partido favorito, com 2.532 votos, 81,39% do total.

Pereira Coutinho não afasta a ideia de se submeter novamente ao escrutínio, nem que seja por outros motivos: “Se o governo só durar uns meses, cá estaremos novamente para novas eleições”.

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