Eleições na Madeira: PSD considera vitória uma “nova oportunidade” para mudanças

Mundo Lusíada
Com Lusa

João Jardim celebra vitória. Foto: HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

 

O líder do PSD/Madeira, Alberto João Jardim, congratulou-se com a conquista de uma nova maioria absoluta, e garantiu que nos próximos quatro anos governará sozinho. “O PSD atingiu a maioria absoluta pelo que governará nos próximos quatro anos sem qualquer ligação”, disse Alberto João Jardim, no início da sua declaração aos jornalistas.

Em 09 de outubro, o PSD conquistou a 10ª maioria absoluta em legislativas regionais da Madeira, mas com o pior resultado de sempre, cabendo ao outro partido de centro-direita, o CDS, fazer a festa, com a passagem a maior partido da oposição.

Até agora, o pior resultado do partido liderado por Alberto João Jardim em eleições legislativas regionais tinha sido registado em 2004, com 53,71% dos votos. Desta vez, os sociais-democratas madeirenses conseguiram apenas 48,56% e 25 deputados, apenas dois acima do limiar da maioria absoluta, e perderam perto de vinte mil votos em relação ao sufrágio de há quatro anos.

Dos cerca de 147 mil votantes, foram pouco mais de 70 mil os que votaram no PSD-Madeira, um fato destacado pelos partidos da oposição, que sublinharam que os sociais-democratas perderam a maioria absoluta dos madeirenses que foram às urnas (contando com os votos brancos e nulos).

Na sua declaração de vitória, Jardim sublinhou a conquista do objetivo da maioria absoluta, e diz que recusará “medidas discricionárias” contra os madeirenses.

A nível nacional, a reação do PSD coube ao secretário-geral, Matos Rosa, que considerou a vitória deste domingo uma “nova oportunidade” para uma mudança de atitude na região em termos de gestão financeira, mas alertou que o resultado menos folgado do PSD-Madeira deve ser encarado com humildade.

O CDS festejou a passagem a segunda força política (eram a quarta desde 2007) e o grande crescimento do seu grupo parlamentar, de dois para nove deputados, com a garantia de que a oposição na Madeira irá mudar.

“Qualquer coisa está a mudar significativamente no sistema partidário em Portugal e ainda bem”, sublinhou Paulo Portas, presidente do CDS, uma afirmação corroborada pelo líder regional do partido, José Manuel Rodrigues, que garantiu que “nada ficará igual” no arquipélago.

O PS foi um dos derrotados da noite: perdeu cerca de 5.000 votos, um deputado (tem agora apenas seis) e o lugar de maior partido da oposição.

O secretário-geral, António José Seguro, fez a última declaração da noite, solidarizando-se com os resultados negativos na Madeira, mas avisando que o PS-M terá de iniciar um novo ciclo político.

Com reunião da comissão política regional marcada para terça-feira, o cabeça de lista do partido na Madeira, Maximiano Martins, reconheceu o mau resultado do partido, mas atribuiu parte da penalização do eleitorado ao eco das legislativas nacionais.

Derrotados foram igualmente a CDU e o BE. Enquanto a coligação entre PCP e Verdes passou de dois para um deputado e caiu de terceira para quinta força política, o Bloco foi o menos votado dos nove partidos concorrentes e o único que não conseguiu eleger representação parlamentar, perdendo o único deputado que tinha.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reconheceu o resultado negativo do partido – que atribuiu a um “sentimento de desânimo” dos seus militantes e a dispersão de votos por “candidaturas inconsequentes” que beneficiaram de “generosa mediatização” – mas destacou a “expressiva penalização imposta ao PSD-Madeira”.

Também o líder do BE, Francisco Louçã, assumiu o “resultado muito negativo” do partido na Madeira mas prometeu ir “à luta” no ciclo político que representará o “fim do jardinismo”.

O PTP, um dos estreantes em legislativas regionais, foi um dos vitoriosos da noite, conseguindo eleger três deputados e sendo o quarto partido mais votado. José Manuel Coelho já prometeu que o seu lema será a oposição ao plano de austeridade que terá de ser negociado com o próximo Governo Regional, garantindo que irá apelar à “desobediência civil” e ao não pagamento de impostos.

O outro estreante, o PAN, também conseguiu um representante na Assembleia Legislativa Regional e garantiu que irá ser um “fiel defensor” dos princípios que defendeu na campanha. PND e MPT confessaram-se desiludidos com os resultados obtidos – mantiveram um deputado cada um no Parlamento regional – e o cabeça de lista do Partido da Terra, João Isidoro, anunciou que irá renunciar ao mandato.

A abstenção ficou nos 42,55%, ligeiramente acima dos 40% registrados há quatro anos.

Passos Coelho

No dia 10, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que a Madeira “está sufocada pelo peso da dívida”, que “vai demorar muito tempo a ser corrigida”, realçando que o esforço de ajustamento terá que ser feito pelos madeirenses e pelo futuro Governo.

Pedro Passos Coelho escusou-se a falar sobre os resultados eleitorais, sustentando não estar “na qualidade de líder do PSD”. “Como líder do Governo, como primeiro-ministro, quero apenas cumprimentar o povo da Madeira, atendendo às circunstâncias difíceis que rodearam a eleição, dizendo a todos que o grande esforço de ajustamento terá que ser assegurado pelos próprios madeirenses”, declarou.

Aos jornalistas, o primeiro-ministro afirmou que “a situação que se vive no arquipélago obrigará seguramente a um grande empenhamento não só dos madeirenses, mas do futuro governo para resolver uma situação de desequilíbrio muito forte que aconteceu”. “Creio que vai demorar muito tempo a ser corrigida”, acrescentou.

A instalação da “nova” Assembleia Legislativa da Madeira resultante das eleições de domingo e a tomada de posse do próximo Governo Regional deverão ocorrer até meados de novembro, tendo em conta a lei e o histórico dos últimos sufrágios.

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