Eleições: Bolsonaro nega que represente ameaça à democracia, Haddad critica adversário

Manifestantes em Brasília. Foto Arquivo

Da Redação
Com EBC

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, negou que represente ameaça à democracia. Durante entrevista para a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Bolsonaro minimizou a repercussão do vídeo em que seu filho aparece sugerindo que é fácil fechar o STF, bastando levar um cabo e um soldado. O candidato disse que houve um “superdimensionamento do caso”.

“Nós não somos ameaça à democracia, é exatamente o contrário, nós somos a garantia da democracia. E outra, o que meu filho falou foi há quatro meses atrás, existia um outro clima no Brasil.”

O candidato também rebateu as denúncias, publicadas pela Folha de S.Paulo, sobre a existência de um grupo de empresários que financiou o envio em massa de mensagens anti-PT na plataforma do WhatsApp. Reduzindo a importância das acusações publicadas sem provas, Bolsonaro classificou-as como “mentira” e “bala de festim” – aquelas que só fazem barulho.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a criticar o PT, que, segundo ele, nasceu da clandestinidade na década de 1980 e reuniu “tudo que era gente ruim de terrorismo daquela época”. Bolsonaro também criticou o PSDB, que em sua opinião “defende a mesma coisa” e tem ideias idênticas ao PT.

“Agora apareceu uma pessoa que realmente é oposição e a população simpatizou conosco e temos muita esperança de, no domingo (28), colocar alguém na Presidência da República completamente diferente da cúpula do PT ou do PSDB.”

O candidato do PSL disse que, em 2010, ele “descobriu” a existência do chamado “kit gay”, que reuniria material didático para ensinar crianças sobre sexo e diversidade de gênero. Segundo ele, é um pacote que está “disfarçado” sob o nome de “ideologia de gênero”. “Escola não é lugar para criancinhas aprenderem sobre sexo.”

Bolsonaro foi entrevistado pelo âncora do programa Bom dia, Rogério Mendelski, que, ao final da entrevista, justificou o “silêncio” de jornalistas presentes no estúdio. “Foi uma condição do candidato, que queria conversar só com o apresentador”, disse Mendelski.

Em seguida, o jornalista e historiador Juremir Machado questionou a decisão, afirmando “nós podemos dizer que o candidato nos censurou?”. Segundos depois, ele emendou, “eu achei humilhante e por isso estou deixando o programa. Foi um prazer trabalhar aqui por 10 anos”.

Nesta quarta, Bolsonaro também afirmou que é importante transformar a políticas de cotas, estabelecida hoje no país, em “cota social”, com base na renda. Sem detalhar a proposta, ele disse que da forma como ocorre atualmente há incentivo à divisão da sociedade. “A política de cotas no Brasil está completamente equivocada”, disse. “Isso tudo é maneira de dividir. Somos todos iguais perante à lei. Somos um povo debaixo de uma só bandeira, verde e amarela.”

Segundo o candidato, as diferenças por orientação sexual ou etnia não devem prevalecer na definição das políticas de cotas. “Quem se dedicar pelo mérito, logicamente terá vida mais tranquila do que aquele que não se dedicou no seu tempo de jovem.”

Bolsonaro afirmou que não fará distinção entre governadores que o apoiaram na campanha eleitoral e os que pertencem à oposição. Ele citou nominalmente os governadores eleitos, no primeiro turno, do Piauí, Wellington Dias (PT), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Segundo ele, sua gestão vai adotar uma política com os estados diferente da executada pelos últimos governos federais. “Menos Brasília, mais Brasil. Tudo que pudermos mandar de mais recursos para os estados e municípios nós vamos mandar. Vamos tratar todos os estados de forma republicana. Estamos prontos para conversar.”

Haddad critica

Às vésperas do segundo turno, o candidato do PT, Fernando Haddad, criticou mais contundentemente o adversário, chamando Bolsonaro de “covarde” e “motivo de piada no exterior”. Ele voltou a cobrar a participação do adversário em debates e disse que Haddad não tem coragem de enfrentá-lo.

“Ele [Bolsonaro] não está aqui para dizer na minha cara, para dizer as mentiras que ele fala no WhatsApp”, afirmou. “Ele [Bolsonaro] não dá medo em ninguém, mas o que está por trás dele dá.”

Em entrevista à CBN do Rio de Janeiro, Haddad comentou o fato de “colegas” dele, do PT, terem sido condenados pela Justiça. “Não eram colegas.” Perguntado especificamente sobre o ex-ministro José Dirceu, condenado a 30 anos e 9 meses de prisão na Operação Lava Jato e que cumpre pena em liberdade, respondeu: “Não era meu colega”.

Em seguida, o candidato afirmou que se houve erros por parte de integrantes do seu partido, eles devem ser punidos. “Se teve gente do PT que errou, eu vou ficar passando a mão na cabeça?”, reagiu. “Cada um que se defenda. Em anos de vida pública, nunca teve um que dissesse que deu dinheiro para o Haddad.”

Haddad disse ainda que pretende inovar no combate à violência. Segundo ele, é necessário reforçar o contingente da Polícia Federal para assim reagir contra os grupos organizados que atuam no Brasil, com ramificações no exterior. “Vamos dividir tarefas”, disse o candidato, reiterando a importância das policiais Militar e Civil nos estados.

Para o petista, reduzir a maioridade penal não resolve o problema do envolvimento de crianças e adolescentes no crime. “Reduzir a maioridade penal não resolverá nada, as crianças vão começar a ser aliciadas pelo tráfico mais cedo ainda. O Bolsonaro não entende nada de segurança.”

Haddad comentou que pretende desburocratizar o sistema bancário, facilitando a criação de novos bancos, cooperativas de crédito e fintechs (startups que trazem grandes inovações para o mercado de serviços financeiros). Acrescentou que vai sobretaxar os bancos que cobram juros abusivos no cartão de crédito, cheque especial e capital de giro.

À saída da entrevista, Fernando Haddad disse que recebeu com entusiasmo o resultado da última pesquisa eleitoral do Ibope, divulgada na noite de ontem. Na estimativa das intenções de voto, o instituto de pesquisa captou uma variação negativa de 2 pontos percentuais para Jair Bolsonaro (PSL), de 59% para 57%, e um movimento inverso para Haddad, de 41% para 43%. Ele comemorou a manifestação de novos apoiadores, como Marina Silva (Rede), Alberto Goldman (PSDB) e Cristovam Buarque (PPS).

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