Doadores assumem compromissos de quase 253 milhões de euros ao Líbano

Da redação
Com Lusa

Os doadores internacionais assumiram, durante a conferência organizada pela França e pelas Nações Unidas, compromissos de cerca de 300 milhões de dólares (cerca de 253 milhões de euros) de ajuda de emergência ao Líbano.

De acordo com a Presidência francesa, este montante inclui 30 milhões de euros da França.

Os doadores prometeram prestar ajuda de emergência, centrando-se no apoio médico e aos hospitais, escolas, alimentação e habitação.

Os países reunidos neste dia 09 em videoconferência para discutir uma ajuda de emergência ao Líbano após a explosão que devastou Beirute anunciaram que o apoio será dado “diretamente” à população e com “transparência”.

“Os participantes concordaram que a sua assistência deve (…) ser coordenada sob a égide das Nações Unidas e fornecida diretamente à população libanesa, com o máximo de eficácia e transparência”, declararam os representantes de perto de 30 países, bem como da União Europeia, da Liga Árabe, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, num comunicado divulgado no final da reunião.

Os participantes, entre os quais se encontravam os presidentes francês, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiram na necessidade de uma “investigação imparcial, credível e independente” sobre as circunstâncias da catástrofe, que causou 158 mortos, mais de 6.000 feridos e até 300.000 desalojados.

O Presidente libanês, Michel Aoun, excluiu na sexta-feira um inquérito internacional ao sucedido, que admitiu poder dever-se a negligência ou a um míssil.

As autoridades libanesas têm atribuído a catástrofe a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância química perigosa, “sem medidas de precaução”.

Além da ajuda de emergência, que segundo a Presidência francesa é oferecida sem condições, os participantes na conferência declararam-se preparados para apoiar a posterior recuperação econômica e financeira do país, que insistiram exige que as autoridades do Líbano se comprometam a realizar as reformas solicitadas pela sua população.

A explosão alimentou a raiva de uma população já mobilizada desde o outono de 2019 contra os líderes libaneses, acusados de corrupção e ineficácia, e levou às ruas milhares de pessoas, que pediram explicações aos seus dirigentes.

Brasil participa

Durante a videoconferência, ao detalhar as ações do governo brasileiro, Bolsonaro disse que convidou o ex-presidente Michel Temer, que tem ascendência libanesa, para coordenar a missão.

“Nos próximos dias, partirá do Brasil, rumo ao Líbano, uma aeronave da Força Aérea Brasileira com medicamentos e insumos básicos de saúde, reunidos pela comunidade libanesa radicada no Brasil. Também estamos preparando o envio, por via marítima, de 4 mil toneladas de arroz, para atenuar as consequências da perda dos estoques de cereais destruídos na explosão. Estamos acertando, com o governo libanês, o envio de uma equipe técnica, multidisciplinar, para colaborar na realização da perícia da explosão. Convidei, como o meu enviado especial e chefe dessa missão, o senhor Michel Temer, filho de libaneses e ex-presidente do Brasil”, afirmou Bolsonaro.

Em nota, a assessoria de Temer informou que o ex-presidente “está honrado” com o convite. “Quando o ato for publicado no Diário Oficial serão tomadas as medidas necessárias para viabilizar a tarefa”, diz a nota.

Em seu breve pronunciamento aos líderes participantes, Bolsonaro classificou a reunião como necessária e urgente, reafirmou suas condolências às famílias das vítimas da tragédia e destacou a relação histórica entre Líbano e Brasil.

“O Brasil é lar da maior diáspora libanesa no mundo, 10 milhões de brasileiros de ascendência libanesa formam uma comunidade trabalhadora, dinâmica e participativa, que contribui de forma inestimável com o nosso país. Por essa razão, tudo que afeta o Líbano nos afeta como se fosse o nosso próprio lar e a nossa própria pátria”, disse.

Protesto

Um grupo de manifestantes e a polícia envolveram-se esta noite em novos confrontos no centro de Beirute, no segundo dia consecutivo de protestos após as violentas explosões no porto da capital libanesa.

Os manifestantes lançaram pedras e fogo de artifício em direção à polícia numa avenida que conduz ao parlamento, com a polícia a responder com gás lacrimogêneo para tentar dispersá-los, indicou a agência noticiosa AFP, e um dia após confrontos similares que provocaram dezenas de feridos.

Neste domingo, na emblemática praça dos Mártires, centenas de manifestantes voltaram a concentrar-se, agitando bandeiras libaneses e entoando cantos patrióticos, tendo sido instaladas duas tendas para distribuir pão, água e refeições quentes.

Mas foi ao início da noite de hoje que decorreram os confrontos junto ao parlamento. Os manifestantes responderam às forças policiais aos gritos de “Revolução, revolução!” e alguns tentaram escalar as barreiras de ferro colocadas pela polícia para proteger a rua que conduz ao hemiciclo.

No sábado, milhares de manifestantes tomaram brevemente de assalto os ministérios dos Negócios Estrangeiros, Economia e Energia, e ainda a Associação de bancos.

No sábado cerca de 250 pessoas ficaram feridas nos confrontos, com 65 hospitalizadas, segundo a Cruz Vermelha libanesa. Foram detidas 20 pessoas, indicou um comité de advogados para a defesa dos manifestantes, e que denunciou a “violência excessiva” das forças policiais.

Um polícia morreu de uma queda mortal após ser agredido pelos “agitadores”, segundo os responsáveis da corporação.

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