Com prejuízos de 10 ME após fogos, Primeiro-Ministro visita Monchique

O primeiro-ministro, António Costa (C), acompanhado pelo presidente da câmara de Monchique, Rui André (2E), fala aos jornalistas durante a visita a Monchique, 10 de agosto de 2018. LUIS FORRA/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

Em 10 de agosto, o primeiro-ministro, António Costa, esteve em visita a região castigada pelo fogo durante a última semana, e reconheceu que pode ter havido excessos das autoridades a evacuar zonas afetadas pelo incêndio de Monchique, mas reiterou a importância de o fogo ter sido dominado sem vítimas mortais.

“Pode ter havido aqui ou ali algum exagero, poderá ter havido, se houver haverá com certeza meios para atuar, mas agora, globalmente, aquilo que é absolutamente essencial sublinhar é que, perante a gravidade do incêndio – e em que todos os jornalistas estiveram aqui a testemunhar e através de vós todos os portugueses puderam ver, com ‘n’ aldeias, povoações e casas ameaçadas – não ter havido perdas de qualquer vida humana é um bem que é absolutamente essencial”, afirmou António Costa à chegada à Câmara de Monchique.

O chefe do executivo se reuniu com autarcas dos concelhos afetados pelo incêndio, que começou nesse concelho algarvio e alastrou depois a Silves e, em menor proporção, a Portimão.

Também o Presidente da República vai visitar no sábado as zonas afetadas pelos incêndios, informou a Presidência. Na terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não se iria já deslocar a Monchique, recordando as críticas que a Comissão Técnica Independente aos incêndios de Pedrógão Grande fez à sua ida ao terreno e de outros responsáveis políticos em junho de 2017, quando estavam ainda ativos os fogos na região.

Em Monchique, o primeiro-ministro insistiu que a “prioridade das prioridades obviamente é a salvaguarda de um bem irreparável e inestimável que é a vida humana” e considerou que o fato de se ter “garantido que ninguém tenha morrido é absolutamente extraordinário e um resultado positivo”.

Questionado se o uso do termo “sucesso” pode ser empregado nesta situação de incêndio, quando arderam mais de 25.000 hectares e houve povoações ameaçadas e casas de primeira habitação destruídas, António Costa disse não querer “utilizar adjetivos” e afirmou que “na altura própria os balanços se farão e tudo será apurado no devido tempo”.

“Houve uma primeira fase que era essencial, que era conter e dominar o incêndio, agora assegurar que não há novos reacendimentos e não temos novos episódios nesta zona que já está devidamente dominada, e a prioridade é reconstruir, é isso que estamos a fazer”, acrescentou.

António Costa destacou o trabalho da GNR, considerando que “desempenhou uma missão que lhe estava confiada” e que era “muito delicada e difícil” e mostrou-se compreensivo com quem quis defender as suas propriedades, mas insistiu na necessidade de priorizar as vidas humanas.

“Todos nós, se tivermos fogo na nossa casa, naturalmente o primeiro apego que temos é mantermo-nos onde estamos e proteger aquilo que temos a proteger. Agora, há uma coisa segura, é que uma casa é sempre reparável, com seguro ou sem seguro, uma vida humana é irreparável. E a primeira missão que nós temos é salvar as vidas humanas e essa foi uma missão desempenhada”, acrescentou.

Sobre os mecanismos de apoio que vão ser definidos, o chefe de Governo disse que já existem vários que “estão estruturados”, tanto de “âmbito agrícola” como de “âmbito da habitação, quer outros que venham a ser necessários”, mas frisou que “antes de saber os apoios” que vão ser dados em concreto “é necessário fazer o balanço objetivo dos danos e em função disso definir o plano de ação”.

O incêndio provocou prejuízos em habitações e infraestruturas municipais de cerca de 10 milhões de euros, segundo o presidente da Câmara.

“Neste momento ainda é prematuro avançar com um levantamento rigoroso. Temos algumas casas afetadas, a maioria delas não na totalidade, mas com prejuízos para as pessoas, e temos também a nível de infraestruturas municipais um valor considerável […]. Estimo que nestas duas questões o valor ronde os 10 milhões de euros”, afirmou Rui André.

Para chegar a este valor, o autarca fez uma “extrapolação” dos prejuízos provocados pelo incêndio de 2016 no concelho e considerou também a área ardida.

O presidente da Câmara de Monchique acrescentou que há ainda “um prejuízo muito grande a apurar”, relacionado com o restabelecimento da vida profissional das pessoas afetadas: “muitas perderam as suas casas, mas também a sua atividade”.

“E isso implica a aquisição de maquinaria e de outros coisas, cujos valores não temos estimados neste momento”, afirmou, antes do início da reunião com o primeiro-ministro.

O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado nesta manhã, deflagrou no dia 03 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).

A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram cerca de 27 mil hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

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