Cavaco avança com referendo sobre aborto

Da Lusa

Questionado na apresentação da sua candidatura presidencial, em outubro do ano passado, sobre uma nova consulta popular acerca da despenalização do aborto, Cavaco Silva considerou que, “em circunstâncias normais”, o Presidente da República deve convocar um referendo que lhe seja proposto pelo Parlamento. “Tenho uma posição de princípio: um Presidente da República, em circunstâncias normais, deve dar seguimento às propostas de referendo que lhe chegam da Assembléia da República”, afirmou Cavaco Silva no Centro Cultural de Belém. O PS vai entregar esta sexta-feira (15), pela terceira vez, uma proposta de referendo, enquanto o PCP vai aproveitar o início da nova sessão legislativa parlamentar para reapresentar o seu projeto de despenalização do aborto, insistindo na alteração da lei sem que os cidadãos sejam consultados. Em maio do ano passado, o então Presidente da República Jorge Sampaio rejeitou uma primeira proposta de referendo apresentada pelo PS e Bloco de Esquerda, para evitar que o referendo se realizasse no Verão, com uma previsível fraca afluência. Depois das férias parlamentares, o PS voltou a apresentar a proposta, chegando a alterar três leis para que a consulta fosse possível antes das presidenciais, mas o Tribunal Constitucional inviabilizou-a, dando razão à oposição na interpretação de que uma nova sessão legislativa só começa em setembro de 2006. Como a Constituição impede a reapresentação de projetos idênticos na mesma sessão, só agora o PS poderá trazer de volta o tema do aborto para a agenda política, tendo recusado abdicar do compromisso eleitoral do referendo e mudar a lei no Parlamento, como pretendiam os partidos à esquerda do PS.

 

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