Bush tenta solucionar crise financeira que preocupa o mundo

Europa quer propostas concretas para proteger as economias dos Estados-membros, após registrar pior clima econômico desde 11/9. No Brasil, Lula garante que reserva de US$ 207 bilhões protege o país.

Mundo Lusíada Com agencias

Marco Castro – 23.set.08/UN Photo

TIM-TIM >> George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, ao lado do Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, durante a Assembléia Geral, em Nova York, 23 de setembro 2008.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que seu governo está trabalhando intensamente para conter a crise financeira, que ameaça a economia mundial. Em seu último discurso na Assembléia Geral da ONU como chefe do governo americano, em que abordou mais o terrorismo do que a crise americana, Bush havia dito que confiava na aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos de um plano econômico de resgate, no combater à crise provocada pela inadimplência no setor imobiliário. Segundo ele, o seu governo promoveu a estabilidade dos mercados evitando falências desordenadas de empresas importantes do país.

Mas o Congresso americano derrubou o plano emergencial, e o montante de US$ 700 bilhões não foi aprovado. Lideres do país não sabiam como agir diante da crise, que derrubou bolsas de valores em vários países. Dois dias depois, em 01 de outubro, o Senado dos EUA aprovou o pacote, por 74 votos a favor e 25 contra, e as principais bolsas da Europa reagiram com otimismo, apesar de ainda seguir apreensivo. Na seqüência, o plano seguiu novamente à Câmara dos Representantes, com o peso de um pedido do presidente. “O povo americano espera, e nossa economia precisa, que a Câmara de Representantes aprove este bom texto esta semana e o envie ao meu gabinete” disse Bush, defendendo que o texto é “essencial para a segurança financeira de cada americano”. Finalmente, a Câmara aprovou, dia 3, o plano de ajuda para socorrer os bancos norte-americanos em crise, com alterações. O placar foi de 263 votos a favor da medida e de 171 contrários. Agora, com as modificações, o custo total do plano subiu para US$ 850 bilhões.

Na ONU, o presidente do Brasil, que discursou antes de Bush, comentou a crise financeira mundial e criticou a falta de regulação dos mercados. “Uma crise de tais proporções não será superada com medidas paliativas. São necessários mecanismos de prevenção e controle e total transparência das atividades financeiras”. Lula citou ainda o economista Celso Furtado ao comentar os efeitos do que ele chamou de especulação no cenário internacional. “O ônus da cobiça desenfreada de alguns não pode recair impunemente sobre os ombros de todos”.

O presidente português Cavaco Silva, em entrevista à Rádio ONU, também falou sobre a atual crise. “Eu espero que se aprenda, se tirem as lições desta crise para que não se repita no futuro, com os custos sobre contribuintes norte-americanos, mas também sobre todos aqueles que têm que pagar uma taxa de juros pelos empréstimos que contraem para casa ou para as atividades comerciais” afirmou, defendendo que a crise deverá ser ultrapassada. Parlamento Europeu quer proteção econômica Antes da Assembléia da ONU, o Parlamento Europeu exigiu da Comissão Européia (braço executivo do bloco europeu) a apresentação rápida de propostas concretas para proteger as economias dos 27 Estados-membros contra crises no sistema financeiro mundial. Os deputados têm recomendado à Comissão Européia apresentar, até 30 de novembro, uma ou mais propostas legislativas abrangendo todos os agentes pertinentes e os operadores no mercado financeiro, incluindo os fundos e as participações privadas.

Nas semanas anteriores à sessão da ONU, diversos bancos, companhias de seguro e mutuantes hipotecários, principalmente nos Estados Unidos, abriram falência, recorreram a apoios estatais ou foram nacionalizados a uma velocidade alarmante. Segundo divulgou a Lusa, na Europa os deputados discutiram e mediram em qual nível estão as poupanças, as hipotecas e os investimentos dos europeus.

No Brasil, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu que o crescimento econômico de médio e longo prazos não será afetado. “Talvez a economia possa desacelerar, mas não afetará os conjuntos de investimentos que refletem planos para após 2014”. Já o ministro Guido Mantega, após balanço feito em reunião de governo, afirmou que o setor exportador está funcionando normalmente apesar de haver uma falta de crédito em dólar. “O Banco Central está fazendo leilões para dar crédito em dólar” afirmou.

No último 28 de setembro, o presidente Lula afirmou que as reservas do Brasil em dólares vão ajudar o país a suportar a crise financeira. “Durante 20 anos nós ficamos discutindo a nossa dívida. A gente trabalhava de manhã para comer de tarde. O Brasil está altamente controlado, temos US$ 207 bilhões de reservas para evitar que a crise americana ou qualquer outra crise nos atinja”, afirmou.

Nos EUA, na tarde seguida a aprovação do pacote, o presidente Bush fez um discurso à Nação sobre o plano de resgate financeiro, segundo informou a Casa Branca.

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