Brasil quer parceria com Portugal para inovação tecnológica

Mundo Lusíada
Com agencias

O ministro português dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, e seu homólogo brasileiro, Antonio Patriota, durante a conferência de imprensa em Lisboa, 11 de abril. MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
O ministro português dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, e seu homólogo brasileiro, Antonio Patriota, durante a conferência de imprensa em Lisboa, 11 de abril. MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

O Brasil e Portugal vão desenvolver projetos de cooperação para inovação entre pequenas e médias empresas, para o funcionamento de parques tecnológicos e para áreas de engenharia industrial. Na última semana, uma missão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) esteve em Lisboa para a discutir um programa de trabalho bilateral.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio de Aguiar Patriota, esteve em Lisboa, nos dias 10 e 11 de abril, onde se encontrou com o primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, além do secretário-executivo da CPLP, Murade Isaac Miguigy Murargy.

Segundo Paulo Sá e Cunha, presidente da Agência de Inovação – entidade pública portuguesa semelhante à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – a ideia é que as propostas estejam elaboradas para a próxima cúpula dos dois países. “As propostas serão trabalhadas até junho deste ano, de forma que quando a presidenta Dilma Rousseff vier a Portugal, elas possam ser levadas à reunião”, disse Cunha. A data da cúpula, prevista inicialmente para setembro do ano passado, ainda não foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores.

De acordo com o coordenador de Serviços Tecnológicos do MCTI, Jorge Campagnolo, o Brasil tem interesse em projeto de racionalização e controle inteligente de recursos (smart grid e smart cities) e Portugal, além da experiência acumulada, “tem grupos [empresariais] associados à Comunidade Europeia com tecnologias importantes”.

Também há interesse em projetos como de carro elétrico, coleta de lixo, produção de energia alternativa e distribuição, assim como nas iniciativas de fomento de microempresas entre estudantes no último ano de graduação. Portugal já é o principal destino dos alunos de graduação do Programa Ciência sem Fronteiras.

Conforme Campagnolo, do lado de Portugal interessam projetos brasileiros ligados à produção agrícola, a biocombustíveis e à exploração de petróleo. “Há setores em que vocês estão muito mais avançados do que nós”, reconheceu Paulo Sá e Cunha, citando a exploração de energia fóssil. Portugal inaugurou neste mês uma refinaria que permitirá a autossuficiência na produção de combustível (gasolina).

Além de exploração de petróleo para uso combustível, Portugal tem interesse em que o Brasil abra mais o mercado para micro e pequenas empresas de tecnologia, sem exigir que suas microempresas cumpram todas as obrigações de registros pedidos a investidores estrangeiros. “Para uma empresa que fabrica automóveis, estão certas essas exigências, mas para uma pequena empresa na área do conhecimento é um entrave. Muitas vezes, a vida da empresa é a vida do software [que criou]. Propus que, no interesse do Brasil e sob a condição de haver transferência de conhecimento, houvesse facilidades”.

Jorge Campagnolo avaliou que, nos últimos anos, “Portugal tem investido muito no desenvolvimento da ciência e tecnologia” e o momento atual, de forte contenção orçamentária, não afetará a parceria. “São projetos de cooperação futura nos quais os recursos não serão afetados”. Sá e Cunha é mais pessimista e reconhece que os cortes, “com certeza, afetam”. Segundo determinação do Ministério das Finanças, expedida nesta semana, nenhum órgão de governo pode fazer nova despesa sem prévia autorização.

Patriota e Portas conversaram ainda sobre oportunidades de intensificar a relação econômica e aumentar a cooperação em educação, ciência, além de tecnologia e inovação. A visita de Patriota a Lisboa ocorre durante o Ano do Brasil em Portugal e do Ano de Portugal no Brasil – que começou em 7 de setembro de 2012 e vai até 10 de junho. O objetivo é atualizar a opinião pública sobre a diversidade e o dinamismo da produção cultural contemporânea nos dois países.

O Brasil é o sétimo maior investidor em Portugal, tendo registrado no ano passado US$ 128 milhões. É também é o quarto principal destino de investimentos diretos portugueses no exterior, tendo recebido US$ 547 milhões no mesmo período.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: