Brasil e Rússia serão prioridades lusas na UE, diz chanceler

Durante a presidência lusa da União Européia (UE), no segundo semestre deste ano, o ministro português das Relações Exteriores, Luís Amado, afirmou que uma das prioridades será a redefinição da relação estratégica com os emergentes Brasil e Rússia. Na quinta-feira, 22 de fevereiro, Amado discursou sobre a agenda portuguesa em uma conferência em Lisboa, organizada por um grupo de reflexão política de centro-esquerda.

O reforço das relações entre a UE e o Brasil, "grande país emergente" na opinião de Amado, também será um ponto a ser explorado durante o mandato de Portugal à frente do bloco comunitário.

 

André Koster/Lusa

O vice primeiro ministro Serguei Narichkin e o ministro da economia Manuel Pinho cumprimentam-se depois de assinatura de acordos de cooperação na área da economia.

Para o ministro, é preciso atualizar "rapidamente" a agenda externa da UE. Em defesa desse objetivo, Amado propôs uma organização da relação transatlântica, a consolidação do processo de estabilização das fronteiras do Leste da UE, uma "agenda para o Mediterrâneo" e colocar de novo a Europa no centro do sistema internacional.

Amado defendeu que há um trabalho "importante" a ser feito com os países aliados para essa relação transatlântica. "Mas há, sobretudo, que encontrar motivação política dos dois lados do Atlântico para manter uma adequada e ajustada relação transatlântica" que responda aos desafios enormes que se apresentam aos europeus e para os quais nem a Europa nem os Estados Unidos têm condições de responder de forma isolada", ressaltou. Rússia Amado lembrou, a propósito, que durante a presidência portuguesa da UE haverá uma cúpula com a Rússia, além das previstas com China e Índia. "Vamos dar particular atenção ao relacionamento com a Rússia", reforçou o chanceler luso, reconhecendo, no entanto, que há dificuldades na renegociação de uma parceria estratégica com Moscou.

"Estará na nossa agenda específica a redefinição da relação estratégica com a Rússia. Sou favorável ao avanço das negociações, à elevação do patamar da relação com a Rússia para um plano mais estratégico capaz de gerar mais intimidade e confiança, trazendo mais a Rússia para objetivos de estabilização de um sistema internacional", disse o ministro. Mediterrâneo Já a respeito das fronteiras sul e leste da Europa, Amado considerou "indispensável" que o continente "olhe para uma nova dinâmica de conflito, sobretudo na área que vai da Mauritânia ao Afeganistão", com ondas de violência interligadas e que se alimentam de radicalismo de expressão diferenciada.

Este radicalismo é o que sustenta atualmente uma interdependência entre os conflitos, seja no Afeganistão, no Irã, no Iraque, no Líbano, na Somália e em Darfur [Sudão], insistiu o chefe da diplomacia lusa, advertindo que "amanhã [os conflitos] poderão ocorrer na costa ocidental da África". Luís Amado defendeu a "necessidade" da Europa olhar para o outro lado do Mediterrâneo, por onde passa atualmente uma linha de ruptura "muito preocupante". Islã e Turquia

O ministro quer mais "ambição" nas relações da Europa com o mundo árabe e islâmico, reconhecendo que o Islã é mal interpretado no Ocidente, e em particular na Europa. "A Europa deve se concentrar na contenção da expansão dos radicalismos que se manifestam não apenas nas sociedades árabes e islâmicas, como também nas nossas". Amado destacou o papel importante da Europa no processo de paz do Oriente Médio, e citou os problemas envolvendo a ampliação da UE à Turquia como exemplo.

A primeira presidência de Portugal do bloco comunitário foi exercida em 1992, quando Aníbal Cavaco Silva, atual presidente do país, era primeiro-ministro, e a segunda em 2000, quando era chefe de Governo o socialista Antônio Guterres, que atualmente é Alto Comissário da ONU para os Refugiados.

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