Boris Johnson “triste por abandonar o melhor emprego do mundo”

Da Redação com agencias

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, confirmou nesta tarde que vai mesmo deixar o cargo. Condenando o que descreveu como “instinto de manada” muito forte, ele afirmou que pretende sair de cena quando o Partido Conservador designar novo líder.

“Concordei que o processo de escolha de um novo líder [do Partido Conservador] deve começar de imediato”, disse Johnson à porta do número 10 de Downing Street, a residência e gabinete oficial do primeiro-ministro.

A demissão do líder conservador ocorre após a saída de mais de meia centena de membros do Executivo nas últimas 48 horas.

“É claramente a vontade do grupo parlamentar conservador que haja novo líder do partido e, portanto, um novo primeiro-ministro”, anunciou.

O premiê demissionário adiantou que o processo de eleição do novo líder do Partido Conservador já está em curso, e o calendário do escrutínio interno vai ser anunciado na próxima semana.

Boris Johnson informou ainda que nomeou nesta quinta-feira um novo governo que desempenhará as funções até a eleição do novo líder. Ele afastou o cenário de novas eleições gerais, lembrando os resultados do Partido Conservador na votação de 2019.

Em seu discurso, ao anunciar a saída, o premiê destacou os “feitos” alcançados pelo seu governo, principalmente a resolução do Brexit, o combate à pandemia e a resposta do Reino Unido à guerra na Ucrânia.

Para Johnson, o Reino Unido deve continuar a “nivelar por cima” e, dessa forma, poderá ser “o país mais próspero” da Europa.

Sem pedir desculpa pelos escândalos e polêmicas que levaram à demissão, ele disse que tentou convencer os colegas, ao longo dos últimos dias, de que seria “excêntrico” mudar de governo perante os “bons resultados” dos últimos três anos, mas também perante um cenário econômico difícil.

“Na política ninguém é indispensável para sempre”, afirmou Johnson. “Estou muito triste por abandonar o melhor emprego do mundo, mas é assim que as coisas são”, completou, segundo divulgou a RTP.

O premiê agradeceu ao povo britânico “o privilégio de ser primeiro-ministro”. “Ser primeiro-ministro é uma educação em si mesma – viajei por todo o Reino Unido e descobri muitas pessoas que têm uma originalidade britânica sem limites, tão dispostas a enfrentar os velhos problemas de novas formas”.

“Mesmo que as coisas por vezes pareçam sombrias neste momento, o nosso futuro juntos será dourado”, afirmou, ao final do discurso.

“Lamento não ter tido sucesso em convencer os colegas. Mas o instinto de manada é muito poderoso, quando a manada se mexe todos se mexem”, acrescentou o primeiro-ministro em referência às dezenas de demissões dos últimos dias.

Sucessor

O primeiro-ministro britânico defendeu, em reunião do Governo, que as “grandes decisões orçamentais” devem ser deixadas ao sucessor, revelou o seu gabinete horas depois de Boris Johnson ter anunciado a demissão.

Segundo o comunicado do conselho de ministros, divulgada por Downing Street, Johnson disse que não pretende adotar novas políticas importantes ou mudanças de rumo antes de deixar a chefia do executivo.

“Ele disse que as grandes decisões orçamentais devem ser deixadas ao próximo primeiro-ministro”, de acordo com o comunicado, citado pela agência francesa AFP, divulgada pela agencia Lusa.

O executivo “irá agora concentrar-se na agenda” que levou à sua eleição, em 2019.

Também terá como prioridade “certificar-se de que o Governo está do lado do povo, dos custos energéticos, dos transportes e da habitação e de todas as questões que lhe dizem respeito”.

O sucessor de Johnson herdará questões econômicas como a inflação a níveis recorde, o risco de recessão e as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

A nível interno, terá também de lidar com pedidos de elementos do próprio partido para reduzir impostos cobrados a indivíduos e a empresas, após um recente aumento das contribuições para a segurança social e um aumento planeado do imposto sobre as empresas no próximo ano.

O novo primeiro-ministro terá ainda de lidar com as consequências econômicas da guerra na Ucrânia e a relação com a Rússia, que iniciou o conflito ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro.

Boris Johnson, 58 anos, anunciou hoje a demissão da liderança do Partido Conservador, mas disse que permanecerá como primeiro-ministro até ser substituído na chefia do partido.

A demissão do líder conservador ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo nas últimas 48 horas.

No comunicado divulgado hoje à tarde, também citado pela agência espanhola EFE, o gabinete do primeiro-ministro disse que Johnson abriu a reunião dando as boas-vindas “aos que regressavam e aos que se juntavam a ele pela primeira vez”.

Trata-se de uma referência aos ministros que Johnson nomeou hoje, antes mesmo de anunciar a demissão da liderança do Partido Conservador.

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