Argentina pede a Portugal que considere Malvinas como “zona de litígio”

Os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Argentina, Augusto Santos Silva (E), e Felipe Solá (2D), durante uma reunião por videoconferência onde a Argentina pediu que Portugal, na Presidência da União Europeia, considere as Malvinas como “zona de litígio” nas negociações com o Reino Unido, Buenos Aires, Argentina, 18 de dezembro de 2020. As ilhas Malvinas, sob domínio britânico desde a ocupação em 1833, têm a sua soberania reivindicada pela Argentina. MÁRCIO RESENDE/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Argentina mantiveram nesta sexta-feira uma reunião durante a qual a Argentina pediu que Portugal, na Presidência da União Europeia, considere as Malvinas como “zona de litígio” nas negociações com o Reino Unido.

“[O ministro argentino Felipe Solá pediu que] nas negociações da União Europeia com o Reino Unido, depois do Brexit, as Malvinas sejam consideradas como zona de litígio e não como território ultramar do Reino Unido”, diz a nota do Ministérios das Relações Exteriores da Argentina, esclarecendo que o pedido argentino tem sido elevado também aos demais chanceleres europeus.

As ilhas Malvinas, sob domínio britânico desde a ocupação em 1833, têm a sua soberania reivindicada pela Argentina.

A reunião de trabalho por videoconferência entre o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva e o argentino das Relações Exteriores, Felipe Solá, aconteceu no contexto das Presidências que os dois países vão exercer dos seus respectivos blocos.

A Argentina assumiu na quarta-feira (16) a Presidência semestral do Mercosul, bloco formado ainda por Brasil, Paraguai e Uruguai e que tem a Venezuela suspendida por “rotura da ordem democrática” desde 2016.

No ano passado, o Mercosul e União Europeia fecharam um acordo de comércio livre depois de 20 anos de negociações. O atual governo argentino do Presidente Alberto Fernández assumiu, há um ano, sob a promessa de “rever” o entendimento e alterar os termos do acordo, mas a postura foi amenizada e a decisão de aprovar ou não o texto ficou para os legisladores.

“Com respeito ao acordo Mercosul-União Europeia, temos um olhar favorável, apesar dos riscos, apontando para o futuro com a perspectiva de melhorar a economia”, indicou o ministro Felipe Solá, acrescentando que “a Argentina deseja a incorporação da Bolívia” ao Mercosul.

Como representantes dos seus blocos até junho de 2021, os ministros acertaram “manter um diálogo fluído e um contato permanente para acompanharem de perto o desenvolvimento dos dois blocos e os desafios de Portugal e Argentina no exercício dessas respectivas lideranças”.

No âmbito bilateral, Portugal e Argentina “coincidiram com a necessidade de aumentar e de diversificar o comércio”.

200 anos de relação

“Os ministros passaram em revista as relações bilaterais que, em 2021, celebram 200 anos de existência, constituindo a efeméride oportunidade para o reforço da cooperação em vários setores”, lê-se na nota divulgada, após a videoconferência.

Também a Argentina, num comunicado emitido previamente, frisou que é necessário “aumentar e diversificar o comércio” no 200.º aniversário das relações bilaterais, estabelecidas em 28 de julho de 1821.

A publicação do Ministério refere ainda que o encontro diplomático serviu para abordar a presidência lusa da União Europeia (EU), no primeiro semestre de 2021, bem como a presidência argentina já em curso no Mercosul, tendo-se avaliado as vantagens mútuas do acordo de comércio livre firmado em 2019, aos 20 anos de negociações.

O Ministério das Relações Exteriores argentino disse ter um “olhar favorável” sobre a relação entre UE e Mercosul, organização de países da América do Sul, que tem ainda como membros o Brasil, o Uruguai, o Paraguai, e a Venezuela, suspensa desde 2016 por “rotura da ordem democrática”, e espera “incorporar” a Bolívia.

Em 2021, será comemorado o bicentenário de uma decisão estratégica entre os dois países. Portugal foi o primeiro país em reconhecer a independência da Argentina. Aconteceu em 28 de julho de 1821, quando o português João Manuel de Figueiredo, primeiro representante diplomático de Portugal em Buenos Aires, entregou as suas cartas credenciais como agente de relações comerciais, reconhecendo, imediatamente, a Independência argentina por parte de Portugal.

“Em 2021, se a situação epidemiológica permitir, estão previstas celebrações nos dois países”, conclui a nota do MNE argentino.

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