Turistas de vários países à descoberta de cogumelos na Serra da Lousã

Da Redação
Com Lusa

Turistas de diversas nacionalidades rumam no outono à Serra da Lousã e participam na colheita de cogumelos comestíveis, podendo ainda desfrutar da gastronomia e da paisagem que resistiu aos incêndios.

Desta vez, indiferentes à chuva, os visitantes concentram-se na coletividade de Pera, concelho da Castanheira de Pera.

Nas encostas deste município do distrito de Leiria, outrora um dos mais industrializados da região, com um setor têxtil pujante até ao último quartel do século XX, a neblina confunde-se com a chuva.

Ambientalistas e apreciadores da comida à base das frutificações suculentas dos fungos, os cogumelos, tentam imaginar como vai ser a colheita, debaixo de pinheiros, carvalhos e castanheiros.

Pouco passa das 09:30 e já saboreiam uma compota de cogumelo com o café da manhã.

Na salamandra de ferro que aquece a sala do Grêmio Recreativo União Perense, ouve-se o crepitar da lenha a arder.

São 20 pessoas, incluindo duas crianças, maioritariamente oriundas de países europeus, a que se juntam os dois guias portugueses, promotores da iniciativa, e os jornalistas da agência Lusa.

Estão quase a sair para os bosques, junto à estrada nacional 236, que liga Lousã e Castanheira de Pera, em lados opostos da Serra da Lousã.

Atarefada, Paula Oliveira, dona de uma unidade de turismo rural, perto de Penela, verifica as inscrições.

“Isto acaba por ser tudo muito natural para mim”, conta à Lusa, indicando que a sua formação “veio exatamente de uma licenciatura em comunicação”.

A empresária gosta de “trazer pessoas” ao interior “e mostrar-lhes sítios agradáveis que levem na memória” para as terras de origem.

“E que sintam também alguma responsabilidade”, quando “tanto se fala das questões ambientais”.

Paula Oliveira aposta numa gastronomia “orientada para os produtos silvestres”, que tire partido “das ervas que se colhem aí nos quintais e nos montes”, como leitugas, almeirões, urtigas, violetas e azedas.

“Talvez esteja na altura de voltarmos a trazê-las para a mesa”, afirma, após ter feito um “chá fantástico” de folhas de pseudotsuga, conífera também conhecida por pinheiro-do-Oregon.

Coadjuvado nos preparativos por Peter Wilton-Davies, um britânico radicado em Pera, José Pais dá as boas-vindas e presta informações. Ele vai orientar o passeio micológico com Paula Oliveira.

Concede aos presentes umas luzes sobre os cogumelos da Serra da Lousã, os comestíveis e os tóxicos.

Vai começar uma viagem divertida ao “reino fungi”, grupo de organismos que inclui leveduras e bolores.

“Precisamos de estar cada vez mais ligados com o campo e a natureza e querer saber”, também para evitar acidentes mortais com o consumo, percorrendo “um caminho consciente e de responsabilidade”, esclarece José Pais.

Como “regra essencial”, o micologista explica à Lusa que “quem os conhecer na floresta tem também de os conhecer na mesa da cozinha”.

Natural da Rússia, Ilya Borin viveu depois em Israel, mas em 2016 veio com a família para Portugal: “Aqui é mais calmo e mais bonito”.

Na cidade de Nijni Novgorod, até 1990 conhecida por Gorky, evocando o escritor Máximo Gorki, as pessoas colhem “muitos cogumelos”.

Com saudades desse tempo, o homem quis “dar também esta experiência” aos filhos.

“Gosto muito de os comer e apanhar. A floresta para mim é uma coisa maravilhosa”, declara.

Entre outubro e janeiro, os cogumelos dominam dezenas de atividades na Serra da Lousã, com destaque para as caminhadas, a formação e a gastronomia, sendo os participantes incentivados a valorizar os ecossistemas.

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