SESC celebra “História da Alimentação no Brasil” com influência portuguesa, indígena e africana

Da Redação

Entre 14 de outubro e 1º de dezembro, o SESC Carmo realiza o evento “Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil”, que celebra a obra “História da Alimentação no Brasil”, de Luís Câmara Cascudo (1898-1986).

A programação busca evidenciar as características da formação da cozinha nacional com base nesse livro – considerado essencial para o entendimento da cultura alimentícia do país a partir das influências portuguesa, indígena e africana.

Em oito encontros, tutelados por chefs renomados e profissionais gabaritados, o público será convidado a conhecer os aspectos históricos, culturais e sociais encontrados por Cascudo durante o desenvolvimento de “História da Alimentação no Brasil”.

Serão bate-papos, degustações e apresentações com ênfase nos gostos, cheiros, toques, estéticas e sonoridades ligadas às particularidades do universo da alimentação brasileira.

Na abertura, sexta-feira, dia 14 de outubro, às 19h, a chef Carla Pernambuco, proprietária do restaurante Carlota, conduz “Juntando a Fome Com a Vontade de  Comer”. Ela criará um prato baseado em “História da Alimentação no Brasil”, com ingredientes das culinárias indígena, portuguesa e africana. Antes, o especialista Pedro Vicente Costa Sobrinho, membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, aborda as peculiaridades da obra de Cascudo.

Na semana seguinte, quinta-feira, dia 20, às 19h, é a vez de “Banquete dos Orixás”. A proposta é evidenciar a contribuição africana na formação da cozinha brasileira,  tanto na utilização de ingredientes e modos de preparo quanto na criação de mitos e crendices.

A chef Tereza Paim, proprietária do restaurante Terreiro da Bahia, apresentará um prato elaborado com azeite de dendê e outros elementos africanos. Reginaldo Prandi contextualizará as influências africanas na alimentação brasileira.

Na quinta-feira, dia 27, às 19h, ocorre “Caciques do Brasil”. O professor de História da Gastronomia na Universidade Anhembi-Morumbi e Doutor em História, Ricardo Maranhão, aborda as influências indígenas na alimentação brasileira.

Um prato típico será elaborado e oferecido para degustação pelo Chef Ofir Oliveira, organizador do Festival Gastronômico Sabor Selvagem da Amazônia, que atua há mais de duas décadas na divulgação, valorização e resgate da culinária da Amazônia, a qual tem origem indígena com forte influência africana.

Em novembro, a programação tem início no dia 03, às 19h, com “Ora Pois!”. A historiadora Wanessa Asfora fala sobre a influência de alimentos portugueses no país. O nome do chef ainda não está confirmado.

Na quinta-feira, dia 10 de novembro, às 19h, é a vez de “Baião-de-Todos”. Paula Pinto e Silva, mestre e doutora em antropologia social pela USP e autora de “Farinha, Feijão e Carne Seca – Um Tripé Culinário no Brasil Colonial, fala sobre esses alimentos populares.

Já o chef Rodrigo Oliveira, do aclamado restaurante de comida nordestina Cozinha do Mocotó, criará um prato com farinha, feijão e carne seca.

Em “Rapadura é Doce, Mas Não é Mole Não”, André Boccato, jornalista especializado em gastronomia, professor de Antropologia da Alimentação na Universidade Estácio de Sá em São Paulo, falará sobre a alimentação no Brasil colônia, quando o país sofreu profundas transformações com a chegada do açúcar.

Morena Leite, formada pela Le Cordon Bleu em Paris e proprietária do restaurante Capim Santo em São Paulo, fará um prato com ênfase no ingrediente açúcar. Dia 17, às 19h.

Na quinta-feira, dia 24 de novembro, às 18h, Daniela Narciso e Adriana Lucena participam do encontro “Pimenta na Panela dos Outros é Tempero”.

A primeira é especialista em Administração Hoteleira pelo Senac e sommelier profissional formada pela ABS-SP. Ela abordará a presença constante da pimenta na dieta nacional, que já estava na preferência dos antepassados indígenas, negros e portugueses.

A segunda, membro da Comissão Brasileira da Arca do Gosto, é especialista em pimentas. Seu trabalho está baseado na harmonização de pimentas, desenvolvendo geleias e molhos. Ela criará um prato baseado nesse condimento.

A programação acaba no dia 01 de dezembro, quinta, às 18h, com “Por Cima do Leite Não Há Fruta que Deleite”. Douglas Bello, que há 11 anos criou o Projeto Sítio do Bello, realiza bate-papo sobre as frutas preferidas pelos brasileiros.

Depois, Flávio Federico, conhecido pelo uso de técnicas de alta confeitaria na criação de doces com ingredientes brasileiros, conduz degustação de jenipapo, uvaia, cambuci, umbu, goiaba, araçá e buriti.

O evento contará também com outras atividades, como a exposição “Viagens de Câmara Cascudo – Um Cardápio do Brasil” com a ideia de propor ao público uma viagem imaginária, com fotos de  locais e elementos que fizeram parte de suas pesquisas.

A Mostra Fotográfica “Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil” traz pratos típicos da culinária nacional, com influências indígena, africana e portuguesa, além da diversidade de frutas, legumes, verduras e especiarias do solo brasileiro, destacando várias sensibilidades presentes na alimentação do Brasil.

Os ingressos custam de R$ 5,00 a R$ 20,00, incluem a degustação e começam a ser vendidos no dia 01/10, com 200 lugares disponíveis. O endereço do SESC Carmo é Rua do Carmo, 147. Mais informações pelo telefone 3111-7000 ou pelo portal www.sescsp.org.br.

Sobre Câmara Cascudo

Câmara Cascudo nasceu em 30 de Dezembro do ano de 1898, em Natal, e morreu nessa mesma cidade no ano de 1986. Nunca deixou a capital do Rio Grande do Norte, tendo incorporado essa circunstância biográfica como um ícone de sua identidade existencial e intelectual.

Ao contrário do que muitos pensam, Cascudo foi muito mais do que um folclorista. Foi etnólogo, historiador, antropólogo, jornalista, advogado e escritor. Conhecedor de sete idiomas, publicou mais de 160 livros e três mil artigos.

A “História da Alimentação no Brasil” teve o patrocínio do jornalista Assis Chateaubriand, responsável pelo financiamento das viagens de Cascudo a África, continente onde o autor estudou as raízes de uma parte fundamental da culinária brasileira. O livro tem uma importância tão impactante que o sociólogo Gilberto Vasconcellos afirmou que História da Alimentação no Brasil “supera teoricamente o rigor de “O Capital”, de Karl Marx.

Seus biógrafos têm sublinhado o fato de que Cascudo sempre se definiu a si mesmo como um “provinciano”. Desde o início dos anos 1990, a obra de Cascudo vem se tornando o foco de um renovado interesse por parte dos intelectuais e dos meios de comunicação.

Serviço:
“Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil – Homenagem a Câmara Cascudo”
SESC Carmo – Rua do Carmo, 147 –  Metrô Sé
Quando: Entre 14 de outubro e 1º de dezembro
Quanto:  De R$ 5,00 a R$ 20,00
Fone: 3111-7000

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